terça-feira, 13 de outubro de 2009

Esboço... de uma tranquilidade inquietante















Arte nobre, a Pintura é um ex-libris ao longo da História enquanto marca, pelo seu carácter visual e portanto, perceptivelmente inequívoco, da introdução de rupturas e mudanças nos padrões regulares das vivências... de outro modo dito, lava os olhos, descansa ou inquieta a alma mas atira-nos sempre para o outro lado, o do passado ou do futuro, dando a pensar... Hoje, senti uma imensa vontade de revisitar Kandinsky... talvez porque, depois deste interregno das pequenas/grandes coisas ("las pequeñas cosas" como dizia Mercedes Sosa evocando o poeta) ocupado com a dimensão eleitoral da política, o sentir me assinale a urgência de participar numa mudança da realidade que nos transcenda a previsibilidade das lógicas... também ou, talvez, mais que tudo, na forma política de coexistirmos num país sempre à beira de qualquer-coisa... sempre à beira de si próprio... um país que estava, por certo, dentro de Mário Sá-Carneiro quando escreveu o "Quase": "Um pouco mais de sol - eu fora brasa, / Um pouco mais de azul - eu fora além. / Para atingir, faltou-me um golpe de asa... / Se ao menos eu permanecesse aquém... /... /... Se me vagueio, encontro só indícios... / Ogivas para o sol - vejo-as cerradas; / E mãos de herói, sem fé, acobardadas, / Puseram grades sobre os precipícios..."

8 comentários:

  1. Ana Paula,
    Bom começo para a almejada desintoxicação.
    E começa bem, com pintura e logo com Kandinsky.
    Se juntarmos a isto boa leitura e boa música, (para já não falar de alguns prazeres considerados preversos como o café , o charuto e o álcool), um cidadão, ao fim de uma semana, começa a ficar como novo.
    Boa malha !
    O abraço de sempre.

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  2. T.Mike,
    Obrigado... adorei estas palavras!
    "Boa malha!" :)
    Aquele Abraço... Sempre!

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  3. Muito interessante Kandinsky após as autárquicas: diagonais dramáticas na direcção de Manuela Ferreira Leite e diagonais líricas no movimento da CDU. A textura interna transcendente dos equilíbrios Kandiskianos reserve-os para as próximas sessões da AR. É irresistível não acabar de escrever este post e ir, a correr, à secção de arte da estante e procurar as infinitas camadas da obra. Abraço

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  4. Kandinsky,hoje e amanhã, muito para além da arte abstracta ou não fosse ele "influenciado" por Wagner.. Feliz de quem "assinale a urgência de participar numa mudança da realidade que nos transcenda a previsibilidade das lógicas...". Abraço

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  5. A arte é salvadora. Na pintura tenho o antidoto para uma morte que ás vezes me parece lenta.Renasço.
    Com Kandinsky, renasci há meses em Paris... e, hoje pela casa...vou modelando as páginas dos livros onde o posso olhar, de preferencia com um copo de um razoável tinto...umas vezes com musica outras com o silencio...
    Abraço
    Mar à Vistablogspot..., há um cheirinho de arte

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  6. Fernando,

    Adorei :) a leitura "temporal" destas evocações de Kandinsky... Obrigado!
    Abraço :)
    Ana

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  7. Jeune Dame,

    Sinto algum imobilismo nesta saudação de "feliz quem"...?!... felizes somos Nós, nesta permanente disposição para resgatar a essência à aparência :)
    Abraço amigo :)

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  8. Cara Anamar

    Obrigado pela sua visita e pelas suas palavras... já acedi ao Mar à Vista e aproveito para lhe agradecer o "cheirinho a arte" que tanta falta nos faz... tantas vezes!
    Volte sempre!
    Ana Paula

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