Ontem, foi notícia o facto do ditador argentino, Jorge Videla, ter assumido os crimes contra a Humanidade de que é acusado, protagonizados por acções militares da sua responsabilidade entre 1976 e 1983, período durante o qual se estima o desaparecimento de cerca de 30.000 argentinos (ler Aqui). Notícia de ontem foi também o resultado da pressão de Barack Obama, Presidente dos EUA, sobre Israel, no sentido de serem retomadas até Setembro as negociações para o processo de paz com a Palestina e de se pôr fim ao bloqueio que ameaça a sobrevivência dos palestinianos (ler Aqui). Hoje, uma das notícias refere-se ao assinalar dos 150 anos do nascimento de Gustav Mahler, compositor judeu, nascido na Boémia que viu perseguida e censurada a sua obra, post-mortem, pelo regime nazi. "Urlicht", excerto da sua 2ª Sinfonia, ilustra bem, na voz da médio-soprano checa Eva Randova, a nostalgia despertada pela consciência dos tortuosos caminhos com que se vai fazendo o mundo.
Cara Ana Paula Fitas
ResponderEliminarObrigada pelos seus registos do dia. Agarro a palavra "nostalgia" para deixar um breve comentário: o tempo pretérito é embelezado, as carências que foram nele sentidas são esquecidas ou recalcadas. Também se recorda com melancolia uma época em que se podia confiar numa autoridade que proporcionava segurança, em que havia poucas decisões responsáveis a assumir, em que era possível concentrar-se em exclusivo nos seus sentimentos e não era necessário defrontar as contrariedades motivadas pela realidade. A nostalgia de uma época em que estávamos submetidos a uma autoridade persiste muitas vezes através dessa espécie de "amor" que sentimos por interdições que continuamos a respeitar e que nos impedem de gozar certas satisfações desde que a nossa consciência as entenda como formas de rebelião ou de "pecado".
"Nostalgia" atravessa o conjunto de notícias que publica e faz cruzar, no meu pensamento, uma série de ideias que têm a ver com a perturbação do nosso tempo, do nosso bem-estar, da nossa produtividade, da nossa sociabilidade e conduz a pensar que as coacções impostas e as renúncias exigidas apresentam-se tão vastas e diversas que nem sempre é possível corresponder-lhes. Os conflitos que daí resultam suscitam mau humor, nervosismo e causam danos psicológicos ante o dilema entre a pulsão e a civilização. A norma só é suportável se comportar excepções e por ela é regido o comportamento, não de cada um em particular, mas de todos os membros de uma dada sociedade, de uma camada social, de um grupo...
Um abraço amigo
Ana Brio
Tenho uma gravação ao vivo da 2ª de Mahler em Masada (logo em Masada), que ouço... quando é preciso. Mahler é preciso, e viver também é preciso.
ResponderEliminarCara Ana Brito,
ResponderEliminarObrigado pela sua reflexão :)
Um abraço amigo.
Olá Flávio :)
ResponderEliminarFico feliz por teres gostado tanto mas, na verdade, não me surpreende... tu tinhas que gostar muito de Mahler... eu também!
Darei, finalmente!, notícias este fim-de-semana.
Um grande abraço.