A polémica suscitada pela hipotética venda da participação na Vivo pela Portugal Telecom que decorreria da fácil sedução com que o montante oferecido pela espanhola Telefónica conquistaria os accionistas da portuguesa PT, tem merecido apreciações críticas, técnicas e políticas, cujo tom se agudizou com o veto que o Estado português apresentou ao negócio, através do recurso às competências da respectiva golden share. Tendo lido a entrevista que Zeinal Bava concedeu ao jornal El País na passada semana e considerando evidente o interesse estratégico que a Vivo representa para a PT, bem como a importância económica que a própria PT detém no mercado bolsista europeu e internacional, aguardei, com curiosidade e expectativa, a decisão da Assembleia Geral da empresa e do Estado enquanto seu accionista, sobre esta matéria de efectiva relevância no quadro económico-financeiro nacional - designadamente num tempo em que as agências de rating fazem eco de uma especulação liberal sem escrúpulos que mais lembra o lançamento de uma OPA hostil à economia europeia, protagonizada a pretexto das suas economias nacionais mais frágeis. E se me merece consideração a tomada de posição de alguns sectores políticos nacionais que, de forma transversal, registam a defesa da decisão governamental, não deixa de ser assinalável o esforço dos grandes defensores da total liberalização dos mercados que insistem no significado do veto português como instrumento de intervenção na política de mercado do grande capital. Vale a pena ler algumas referências à questão (por exemplo, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui) mas, acima de tudo, tomar em atenção o desenvolvimento que se aguarda para breve por parte de Bruxelas (ler Aqui) e que vai requer nova e sustentada resposta portuguesa... porque independentemente da apreciação sistémica que se pode ler aqui e do aviso que se pode ler aqui, a verdade é que a arquitectura económica europeia contemporânea não foi criada tendo em conta a conjuntura de crise em que nos encontramos, sendo um facto que, hoje, os próprios Estados-membros da UE reconhecem já, face à crise social e financeira, a necessidade de reformular regras e procedimentos capazes de salvaguardar interesses nacionais estratégicos... longe dessa reformulação de conteúdos, a Europa comunitária tem perante casos como este que agora vivemos em Portugal, o paradigmático desafio do seu futuro; entretanto, indesmentível é o frequente uso do direito de veto que, entre outros, a Espanha tem utilizado para defender o que considera prioritário para o seu país pelo que se não coloca a questão de Portugal ter optado por um acto isolado e sem precedentes. O que de facto aconteceu, foi o assumir de uma decisão corajosa por parte do Governo do nosso país... por isso, neste momento, na minha perspectiva, os textos mais pertinentes publicados na blogosfera sobre esta questão podem ser lidos não só aqui e aqui mas, também, muito especialmente, aqui.
Grato, Ana Paula, pela referência. Abraço.
ResponderEliminarConcodo em absoluto com o que escreves e considero lamentável a posição do PSD, mas por outro lado, é bom que vão mostrando a massa de que são feitos e o que nos espera quando chegarem ao poder.
ResponderEliminarEntretanto, a posição de alguns bloguistas apoiantes de Passos Coelho é muito sintomática.
Abraço, Francisco :)
ResponderEliminarCarlos,
ResponderEliminarÉ de facto muito, muito importante que "vão mostrando a massa de que são feitos e o que nos espera quando chegarem ao poder"... e que permaneçamos atentos :)
Um grande abraço.