sexta-feira, 9 de julho de 2010

Sakineh Mohammadi Ashtiani, Iraniana, Condenada à Morte por Lapidação...


O crime contra as mulheres foi, de novo, notícia de destaque pelas piores razões: no Irão, uma mulher, de seu nome Sakineh Mohammadi Ashtiani, considerada adúltera, foi condenada à morte por lapidação (morte por apedrejamento) pelo colectivo de 3 juízes que, no Irão, afirmam a sua "convicção"(???!!!) relativamente ao que, barbaramente, consideram crime e apesar dos próprios filhos de Sakineh negarem a acusação, arriscando a sua vida e a sua liberdade, em nome da defesa da vida e da inocência da sua mãe. O Irão encontra-se, por mais esta decisão absolutamente absurda, cruel e intolerável, no banco dos réus da comunidade internacional a quem os filhos e os iranianos da oposição ao regime fundamentalista do seu país, apelam, um pouco por todo o mundo onde a liberdade de expressão é possível. É urgente agir no sentido de eliminar a própria legitimidade jurídica que qualquer ordem nacional determine no sentido de atentar contra a vida humana por razões morais de alegados "bons costumes" assentes na obsessiva necessidade de controle da vida dos cidadãos. É urgente combater o crime contra os indefesos. É urgente combater o crime contra as mulheres... neste sentido vale a pena ler a mensagem da Amnistia Internacional.
(Como poderão ler abaixo o Carlos Barbosa de Oliveira -a quem agradeço!- chamou a atenção para o facto de Ferreira Fernandes na sua crónica no DN ter anunciado que, afinal, Sakineh será condenada à morte já não por lapidação mas, provavelmente, pela forca... enfim! correcções que não retiram sentido à nossa mais veemente condenação a todas as lapidações passadas para prevenir as futuras... apesar de, compreendendo-o, não conseguir partilhar o sentido do humor negro de Ferreira Fernandes por me transcender o sentimento que a ideia da lapidação me suscita, a sua crónica pode ser lida aqui).

35 comentários:

  1. Para ser o mais curto possível: somos a espécie animal mais estúpida que conheço...

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  2. A Voz a O DB disse. Está dito... e eu assino em baixo.
    Abraço.

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  3. É chocante ver este primitivismo. Soube hoje, pela crónica do Ferreira Fernandes no DN que afinal não será morta por lapidação, mas não será or isso que este episódio é menos revoltante.
    Abraço

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  4. Que coisa mais triste e absurda!
    Parece mesmo um ato de animal! Cultura é cultura, mas liberdade é liberdade sempre!

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  5. Carlos,
    Obrigado por referir a crónica do FF... vou ler! ... apesar desta história de condenação à morte ter passado por este ignóbil processo que, além do mais, é público e tem a família a assistir... ficamos quase sem palavras, não é?
    Abraço.

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  6. Cara Ana Paula Fitas
    Mais um caso gritante da afronta aos Direitos Humanos: a angústia da morte por lapidação é bárbara e medievalesca e contém em si a débil esperança de que alguém possa ajudar in extremis.
    "Homo homini lupus", a tão célebre sentença de Plauto fixou desde sempre a carga agressiva do homem e da humanidade. O espírito e o corpo são vividos em termos conflituais de tal modo que para dar espaço a um parece dever-se mortificar o outro ou liquidar os dois. A tortura tem uma longa história no exercício da violência humana: praticada com objectivos intimidantes, de coação e de controlo, em regimes autoritários e/ou fundamentalistas, actualmente cai sob as sansões exigidas pela afirmação dos direitos civis e, felizmente, é denunciada em todo o mundo por organismos como a Amnistia Internacional.
    Não podemos ficar colocados no tempo da indiferença e da ausência de sensibilidade...daí o meu respeito e a minha solidariedade pelo caso que a Ana Paula publica.
    Um abraço amigo
    Ana Brito

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  7. Flor Baez
    Obrigado pela límpida clareza das suas palavras!
    Tem absolutamente toda mas, mesmo toda a razão... porque, em pleno século XXI, não podemos admitir que a cultura justifique o direito de dispôr da vida de outrem, como o fez e ainda faz a Humanidade com a escravatura, o feudalismo, a servidão, a tortura... nunca seremos demais os que erguermos a voz contra esse assassinato da dignidade humana...
    Obrigado, Flor Baez.
    Um abraço solidário.

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  8. Ana Paula

    Contra esta barbárie, é preciso tolerância zero. É triste que aconteçam crueldades assim neste século, ainda por cima por ordem de "tribunais" que só podem desconhecer o significado das palavras ireitos humanos.

    Isto indignifica a espécie humana, e quase me leva a concordar com o que diz o Voz a 0 db, ali em cima.

    Um beijo

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  9. Cara Ana Brito,
    Acabei de acrescentar uma nota à notícia que, apesar de tudo, não consegue apagar o horror da realidade em si e menos ainda o olhar que podemos imaginar nas mulheres imóveis e impotentes perante o espectáculo da raiva masculina -que tantas mulheres, apesar de tudo, aplaudirão!- do exercício prático de um ódio colectivo que transcende tudo o que nos habituámos a pensar e cultivar como humano...
    Obrigado pelas suas boas e reconfortantes palavras.
    Receba, por favor, o meu abraço solidário e amigo.

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  10. Carlos,
    Acrescentei a informação que aqui nos transmitiu e, de novo: obrigado!
    Abraço.

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  11. Cara Ana Paula Fitas
    Desculpe, mas ainda regresso ao assunto.
    Pegando nas suas palavras, na devolução que me fez e que muito agradeço, é bom não esquecer que o ódio é a expressão mais arcaica e definida de um sentimento negativo e quando se odeia alguém, rejeita-se, não se tolera a presença, deseja-se o mal. As expressões de ódio colectivo, que se manifestam nos fanatismos religiosos, na intolerância racial, nas guerras, fundam-se na admissão acrítica de ideologias até se alcançarem formas de verdadeiro delírio de massa: no clima emocional do fanatismo toda a violência é justificada e a pessoa individual é desresponsabilizada de qualquer e toda a acção agressiva, até a mais atroz. Freud bem acentuou a polaridade amor-ódio.
    Senti necessidade de acrescentar motivada pela sua resposta.
    Abraço amigo e solidário.
    Ana Brito

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  12. Uma pratica Judaica,que ainda não foi extraida desta circunstância legalista. É preciso consciência que estamos livres, e isto é ato doentio, sem defesa coerente em um contexto atual,condenado por Cristo; mas muitos estão mortos em sua religiosidade.
    www.vivendoteologia.blogspot.com

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  13. Caríssima amiga Ana Paula Fitas,

    Esta condenação à morte é completamente bárbara, quer seja por aprejamento ou por via da forca, é um regresso da Humanidade ao passado, porque como a Ana nos diz a comunidade internacional tem a obrigação de defender os Direitos Humanos e repugna-nos abosolutamente estas atrocidades deste Estado teocrático e fundamentalista que discrimina a mulher, reprime a liberdade de expressão e viola o direito básico à vida.

    Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
    www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

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  14. Olá Benjamina :)
    Sim... tolerância zero, é urgente para tanta crueldade!... ontem, talvez porque há dias em que estamos mais susceptíveis, a notícia revoltou-me desmedidamente como se a realidade pudesse ter mudado tanto na realidade cultural de um país, por força da pressão internacional em relação a casos similares anteriores... tardou-me a reacção e a capacidade de reconhecimento da barbárie e a incapacidade de corrigir erros que são crime, impedindo, de vez, a sua repetição!... eu sei, querida amiga Benjamina! ... eu sei que não podemos alterar a percepção, a representação e a prática cultural tão depressa quanto o exige o nosso sentido ético e a nossa racionalidade mas... é insuportável pensar o sofrimento das vítimas silenciadas e humilhadas publicamente quando, na condição humana, nada o legitima... e este facto, minha querida amiga, que denota o que podemos designar por (ir)racionalidade da cultura deveria ser, se as preocupações com os Direitos Humanos fosse uma efectiva prioridades política, uma questão a trabalhar científica, jurídica, económica e pedagógicamente.
    Um grande abraço e um beijo.

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  15. Cara Ana Brito,
    Sou eu quem agradece a continuidade do raciocínio e da análise a que, se me permite, acrescento as considerações que teci na resposta anterior à amiga Benjamina, sobre a dimensão cultural e política de realidades complexas como são as representações e expressões emotivas colectivas. Além disso, chamo ainda a sua atenção para o olhar do comentar Danilo que, de uma forma que designarei por endógena, abre ainda uma outra dimensão de análise.
    Grata e solidária, envio-lhe aquele abraço amigo.

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  16. Caro Danilo Sergio Pallar Lemos,
    Sinceramente, muito obrigado pelo seu contributo lúcido e sentido de que destaco não só a referência fundante desta prática ao judaismo mas, também, a feliz e significativa expressão "É preciso consciência que estamos livres" - cujo sentido mereceria a nossa melhor reflexão no contexto a que aludo na última parte da resposta ao comentário da amiga Benjamina. Finalmente mas, de modo algum em último lugar, destaco ainda a sua referência ao facto de que, independentemente da visibilidade das religiões e da dimensão das suas expressões colectivas, "muitos estão mortos em sua religiosidade".
    Mais uma vez, obrigado. Volte sempre e aceite o abraço fraterno que, com a maior consideração, lhe envio.

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  17. Carissimo amigo Nuno Sotto Mayor Ferrão,
    Obrigado pelas suas palavras cuja clareza subscrevo na íntegra.
    As minhas melhores saudações amigáveis.

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  18. Um caso absolutamente revoltante, inerente a uma Justiça que obedece a um Guia Supremo, um Ayatollah e a crenças fundamentalistas. Outras penas preconizadas também são violentas e desumanas. Claro que são sociedades completamente diferentes, onde de pouco pode valer a nossa indignação, perante este caso, quando tudo teria que ser mudado! Não será o abuso do poder, aceite por todos, porque na mentalidade das pessoas é o além que assim quer? Não é uma coisa ou outra que está mal, todo o sistema perante os nossos Direitos Humanos está mal!
    Beijos,
    Manuela

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  19. Olá Manuela,
    Que bom ler as suas palavras, catárticas, para a revolta e a indignação que esta realidade em nós suscita, cientes do quão afastados estamos ainda de um vigência política e cívica efectiva e inerentemente respeitadora dos Direitos Humanos. Obrigado!
    Beijos.

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  20. …com toda a minha admiração e respeito pelo mundo dos invisuais…apetece-me dizer…em terra de cegos quem tem olho é duplamente cego e zarolho… :(

    Um grande abraço

    Saravah

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  21. Saravah!
    ... repito contigo: "em terra de cegos quem tem um olho é duplamente cego e zarolho" - condição duplamente cruel que duplamente castiga, numa escalada exponencial de bárbara insensatez...
    Um grande abraço.

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  22. Cutura? Isso não é cultura!É primitivo e medieval! É um ato covarde e criminoso, além de ser extremamente machista. Toda religião ou costume tem que ter limite.

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  23. Vanessa :)
    Obrigado pela clareza com que esclarece o essencial do problema... o limite são os Direitos Humanos!... o resto são pretextos e reflexos de estratégias de gestão e manutenção do autoritarismo ditatorial que recusam o respeito pela dignidade da existência, anulando a identidade das mulheres e exercendo o poder de lhes extinguir a vida.
    Grande abraço.

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  24. Aquele que não tem pecado que atire a primeira pedra.....

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  25. Pois é... a fidelidade é vista como um nada, quem é fiel é taxado de babaca, ou cachorrinho preso a uma única pessoa. Eles têm as regras deles, relações pessoais, amorosas, o que for, também se tornam judiciais. Pode ser de mais, mas para um país regido pela religião são, totalmente, compreensíveis essas leis.
    Mas, bem... para os brasileiros, que vivem no país do Carnaval, da orgia, é um absurdo aceitar a idéia de ser fiel.

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  26. Caro "Eu mesmo",
    Não se trata de fidelidade; trata-se de matar uma pessoa por se desconfiar (sabe que por lá não precisam de certezas, nem de provas e que basta um boato, uma suspeição ou uma impressão para se condenarem as mulheres à morte?) que ela desobedeceu ao que pensam ser o correcto. Além disso, a fidelidade não se impõe nem se decreta, caro amigo... a fidelidade cumpre-se por afecto e por vontade das pessoas... finalmente, deixe que lhe chame a atenção para o facto de, se o problema fosse o da fidelidade, também os homens serem condenados pela mesma razão que consideram "crime" e a lapidação (morte por apedrejamento!) é sentenciada a mulheres... Como pode perceber e provavelmente já sabia, está a analisar incorrectamente o problema... e eu lamento muito que nós que não somos obrigados a viver num país onde o Direito e a Justiça dependem da opinião de 3 homens (os tribunais por lá são assim), só por considerarmos que os procedimentos do mundo em que vivemos não são perfeitos, desculpemos a crueldade com a desculpa de que são as suas tradições... as tradições mudam e humanizam-se e nem por isso se perde a cultura porque essa, como tudo na natureza, não se cria nem se perde... transforma-se - como bem o compreendeu Lavoisier...

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  27. Caro Museu do Dodge,
    É, de facto, absurdo e indigno da cultura e da civilização... uma verdadeira barbárie, cruel e desnecessária... triste e assustadora!
    Um abraço amigo.

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  28. Anexo à resposta ao "Eu Mesmo",
    Esclareço que os homens também podem ser executados por apedrejamento, no Irão; aliás, neste momento, há 25 presos a aguardar essa pena - contudo são presos por razões que não meras desconfianças de adultério ou infidelidade...

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  29. caro eu mesmo, vá viver lá para ver se é tão bom! você vai precisar de muitas vidas para sentir compaixão pelos seres vivos!

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  30. CARO "EU MESMO" VÁ VIVER LÁ PARA VER SE É BOM!!! VOCÊ VAI PRECISAR DE MUITAS "VIDAS" PARA APRENDE A SENTIR COMPAIXÃO PELOS SERES VIVOS!

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  31. será que quando os homens traem lá eles também recebem punição? ou são só as mulheres? se fazem isso com as mulheres deviam fazer com os homens também!!!!! tudo igual para todos!!!!

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  32. Caro Anónimo,
    Muito agradeço a sua boa evocação :)
    Bem-haja!
    Volte sempre!

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  33. Carol,
    Obrigado por ter vindo até aqui e ter registado o seu pensamento de forma a permitir alguma aprendizagem a quem se deixa iludir com a demagogia de quem anda "de mal" com a vida e traz os olhos enevoados de sombras e medos.
    Volte sempre!

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