domingo, 5 de dezembro de 2010

A Natureza do Paradigma - Conhecimento, Ciência, Cultura e... Poder Político

Ontem, no Centro Unesco do Porto, decorreu, sob a organização do arqueólogo e justamente reconhecido académico, Vitor Oliveira Jorge, uma sessão científica e cultural que merece a melhor atenção (como quase tudo o que este Professor cria, organiza e proporciona) de todos os que têm tempo e interesse para dedicar ao conhecimento e ao seu papel na vida das sociedades contemporâneas. Nesta sessão, além da apresentação do volume 50 da melhor revista da especialidade em Portugal, "Trabalhos de Antropologia e Etnologia", publicada pela SPAE-Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia (em que tive a honra de participar como autora do trabalho: "Paisagens Etno-Arqueológicas e Culturas Regionais - do Endovélico a Mérida e aos Almendres"), teve lugar uma Conferência de Ana Vale, doutoranda em Arqueologia, que, a propósito do sítio de Castanheira do Vento, problematizou o conceito de paradigma recorrendo à reflexão de Giorgio Agamben e desenvolveu uma reflexão sobre a utilidade de recurso ao método analógico em Arqueologia. O debate que, em seguida, teve lugar, abordou grande parte das questões epistemológicas que enquadram os problemas contemporâneos e de que destaco os que se referem à metodologia científica, à complexidade do conhecimento e à natureza da democracia. Por isso, quando hoje me deparei com a entrevista do Ministro Mariano Gago (ler aqui) considerei que seria, no mínimo!, injusto, não trazer até aqui a referência a uma vertente do trabalho científico muito mais próxima do que consideramos investigação fundamental do que da sua vertente pragmática que nos surge, pelo menos aparentemente!, como a única reconhecida pelo poder político... afinal, a tecnologia científica de fins utilitários e a proclamada aproximação das universidades às empresas não tem garantido, nos moldes em que está a ser desenvolvida, a promoção efectiva de uma cultura científica e de uma valorização do Conhecimento, capazes de permitirem às sociedades a sustentabilidade e a resiliência necessárias à coexistência com a mudança que os tempos, presente e futuro, nos colocam de forma incontornável e a que, malgré tout (refiro-me em particular à propaganda e à produção real recorrente e decorrente desse "desafio" europeu que ficou conhecido por "Processo de Bolonha"), continuamos sem dar respostas consistentes, comprometendo, para além de tudo o mais, a tão desejada "coesão social"... Será talvez!, um problema de adequação dos referenciais de pensamento e acção à realidade objectiva do mundo em que vivemos... mas, também por isso, vale a pena ouvir Giorgio Agamben sobre o que entendemos por Paradigma, no vídeo a que acedemos através da página do Facebook de Vitor Oliveira Jorge e cujo texto podemos ler Aqui:

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