Quero agradecer a Carlos Santos, autor do livro "E agora, Obama?" e do blog O Valor das Ideias que recomendo vivamente pela qualidade e pertinência actualizada da análise político-económica a que aí podemos aceder, a referência, gratificante e honrosa, a título de recomendação, de A Nossa Candeia (ler aqui). Quero ainda, agradecer-lhe, não só as suas palavras generosas mas, também, o útil e importante contributo que integra para a reflexão sobre a correlação entre empreendorismo e exclusão, ao referir o micro-crédito cujo reforço, em Portugal, deveria ser um dos grandes eixos da política social. Bem-haja, Carlos! Bem-haja pelo saber, a interacção e o exemplo que deixa ao valorizar a relação que é urgente consolidar entre Economia e Ciências Sociais!
Cara Ana Paula,
ResponderEliminarFico sinceramente agradeci pelo que diz do blogue e do meu livro, embora atribua isso à sua simpatia e generosidade mais do que as meus méritos. E como lhe disse: peço desculpa pelo atraso - este espaço merecia ter sido destacado mais cedo (e merece com certeza destaques noutros blogues melhores que o meu).
A Ana Paula consegue mesmo num post elogioso como este produzir reflexões interessantes:
- o micro crédito é um tema que se cruzou comigo pela mão do Professor Américo Mendes, a partir de um estudo da Assoc. Nac. Direito ao Crédito. Trabalhamos nisso há dois anos e as conclusões foram públicas embora pouco publicitadas: os inquiridos tinham uma melhoria mensal média de rendimento que eu estimei em cerca de 300 e tal euros. Se quiser envio-lhe o estudo. O facto é que me convenceu na altura que o micro crédito podia resultar porque com certeza este dinheiro serviu tirar da exclusão social algumas pessoas que andavam por lá.
- esse estudo motivou outro encomendado a título privado à mesma equipa e por isso, como compreende não o posso revelar. Só lhe sei dizer que as conclusões reforçaram a convicção interesse dos grupos alvo no micro crédito.
- finalmente, orientei uma tese de mestrado sobre a sobrevivência de empresas microfinanciadas ao fim dos 3 anos do crédito e os factores determinantes. E concluiu a aluna que mais do que condições pessoais de partida, as condições do crédito eram relevantes.
Desculpe o testamento, mas de facto deste escasso contacto, e estando eu longe de ser um especialista no tema, aprendi muito sobre o seu potencial. O que confesso que não sei é que efeitos a crise do crédito teve sobre esses programas...e seria interessante saber.
- em relação ao que diz sobre a Economia e as ciências sociais, é curioso que eu ainda ontem dizia na apresentaçao do livro no Porto, que me perturbava alguém me ter dito depois das eleições americanas que eu tinha que decidir se era um académico ou um analista. Juro que me senti mal. Porque acho que a Economia é uma ciência social e por isso, se não olhar o mundo e o tentar perceber (na interacção com a sociologia, a psicologia, a política, a geopolítica, etc.), só produzirá modelos inúteis. São giros para quem como eu até goste muito de matemática, mas não se tira dali nada de valor em termos de conhecimento e potencial intervenção na sociedade. Uma das coisas que tentei fazer no livro foi não escrever para economistas. Têm-me dito que consegui. Mas são opiniões de amigos:) Em todo o caso, ganhei a percepção que os problemas que separei em capítulos (pol. internacional, crise económica, energia e ambiente, educação e saúde), estão no fundo muito interligados entre si, e o pacote de estímulos do Barack Obama, ao fazer da energia e do ambiente uma prioridade mostra bem isso.
Desculpe o tratado. Um abraço,
Carlos Santos
Estimado Carlos:
ResponderEliminarAntes de mais, saiba que, mais que simpatia, é expressão real do meu pensamento a opinião que enunciei sobre a sua produção a que tenho tido acesso pelas vias que refiro. Muito agradeço a informação que me transmite sobre a questão do micro-crédito e terei o maior gosto em conhecer o seu estudo se tiver a gentileza de o enviar para que o possa ler atentamente, certa que estou que será um importante contributo para a interessante reflexão que o tema sugere. Fico, por isso, a aguardar o seu envio. Quanto ao "tratado" cumpre-me dizer-lhe que dos Tratados nasce a reflexão, o aprofundamento da análise e o precioso debate que, cada vez mais, é preciso reforçar na comunidade cívicas, política e científica. Dito de modo mais curial, "da discussão nasce a luz" e A Nossa Candeia agradece a sua partilha nesta senda que torna mais claros os caminhos do presente e do futuro. Quanto à referência da pretensa dicotomia entre o ser "académico" ou "analista, relativize, por favor... e lembre-se que ainda há muita gente marcada pelo raciocínio dicotómico do cartesianismo que há muito ficou como um passo da história do pensamento na sua tomada de consciência da dimensão da complexidade.
Um abraço,
Ana Paula Fitas.