Depois das recentes dogmáticas e perigosas declarações de Bento XVI a propósito do uso de preservativos no continente africano onde a Sida é uma ameaça gravissima para a saúde pública, pondo em risco a própria sobrevivência populacional, são hoje notícia, em Portugal, as declarações do Bispo de Viseu que, afirmando "a obrigação moral" de não transmissão da doença, defende, para o efeito, o uso do preservativo por pessoas infectadas com HIV... reabilitando a imagem da Igreja seriamente afectada com o teor das palavras do Papa, o Bispo de Viseu assume o que todos reconhecem como uma verdade de senso-comum, contando já com o apoio de diversas personalidades e entidades católicas portuguesas. Rebate de sinos da consciência cívica ou estratégia de marketing para a diminuição do impacto social da condenação do preservativo, importa destacar o significado simbólico da afirmação pública do Bispo de Viseu... designadamente, para que os crentes não sejam obrigados a esconder do meio católico, opiniões e posturas pessoais que, conformes à razoabilidade mínima, não podem explicar ou sequer compreender como é que um princípio radical se sobrepõe, no contexto da doutrina cristã, ao reconhecimento do valor da vida e do direito à saúde... no dia em que, em Portugal, é lançada a campanha do Preservativo Feminino, será que ainda vamos ouvir declarações sobre o direito das mulheres à sua protecção face a doenças sexualmente transmissíveis?
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