Enquanto a crise se avoluma sob o olhar banalizante e mediático dos meios de comunicação social, os receios dos Governos e a desconfiança de investidores e consumidores, a sociedade globalizada de hoje vai emitindo sinais, aparentemente paradoxais... e digo paradoxais por revelarem, simultaneamente, a expressão da vontade de mudança e a persistência do exercício de lógicas de continuidade enquanto factores da dinâmica que configura, desde sempre, o presente e o futuro, por força de uma tensão dialéctica omnipresente que se revela, mais visivelmente, na praxis cívica e política. A exemplificar esta correlação de forças contraditória de que dependem tantos impasses, duplamente gravosos em tempos de crise, ocorre-me destacar dois desses sinais: um, referente à preparação da cimeira de Abril do G20 e ao entendimento económico entre EUA e China em que se assume e reconhece a dependência da parceria chinesa, ao ponto de se negligenciar a proibição do acesso ao YouTube e à internet no vastissimo território chinês com o objectivo de reduzir o impacto social dos testemunhos do genocídio tibetano e de outras violações de Direitos Humanos como o número que ontem foi notícia, a propósito das quase 3.000 execuções sentenciadas por determinação da pena de morte, 70% das quais levadas à prática pela China... Outro dos sinais a destacar é o esforço que Barack Obama tem desenvolvido no que respeita à política do desarmamento nuclear, de que é simbólica e politicamente relevante o seu encontro na Casa Branca com Mikhail Gorbatchov, no âmbito do reforço da cooperação entre os EUA e a Rússia e da sensibilização dos restantes parceiros políticos de modo a demonstrar, designadamente ao Irão, que esta é uma questão que, para além do que representa para a segurança planetária, implica riscos e custos, que ainda ontem ficaram, mais uma vez, exemplificados na indemnização francesa às vítimas dos testes nucleares realizados no Sahara entre 1960 e 1996... A interacção e a complexidade dos processos multidimensionais em curso na sociedade contemporânea permitem que o nosso tempo seja, potencialmente, uma oportunidade única para a emergência de uma mudança promotora da equidade e do equilíbrio ao nível global ou, pelo contrário, um passo no sentido de um tal agravamento socio-económico e político-ambiental que, muito dificilmente, poderemos anular...
apenas para a congratular pelo post e para dizer que este comentario foi escrito a partir das novas tecnologias...
ResponderEliminarAbraço.
A Nossa Candeia agradece a lembrança, Sokinus. Abraço.
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