Não são motivos de regozijo, naturalmente... mas são, isso sim, indicadores de uma aproximação à realidade de um Estado democrático onde, no final da 1ª década do século XXI, não seria admissível, a pura especulação demagógica e o marketing ilusionista da sociedade de consumo, designadamente, dadas as conquistas cívicas do século XX no designado mundo ocidental que integra já, além da velha Europa e dos EUA, a Rússia e todos os que fizeram parte da antiga Europa de Leste. Refiro-me a três acontecimentos que hoje foram notícia no nosso país e que resultaram de atitudes públicas assumidas por personalidades que simbolizam sectores institucionais: a) o comunicado emitido pelo PGR que, sublinhando a constitucionalidade da ordem democrática, emite sinais claros de não disponibilidade para pactuar com "golpes de secretaria" eventualmente voluntariosos mas com implicações graves no que se refere à reedição do papel centralizador e dominador de determinados orgãos de soberania que poderiam ser tentados a ultrapassar o reconhecimento constitucional relativo à definição das competências diferenciadas no plano hierárquico institucional; b) a afirmação do Bispo de Viseu sobre o direito ao divórcio e ao reconhecimento do fim do casamento religioso em caso de violência doméstica, feita após outra afirmação que mereceu já a análise do Vaticano, relativamente ao uso do preservativo como "obrigação moral" dos portadores de HIV/Sida; c) a afirmação do Ministro das Finanças sobre a possibilidade de Portugal vir a enfrentar, na sequência da crise económico-financeira internacional, uma complexa "crise social"... Se nada disto nos surpreende, pelo menos, temos uns instantes para respirar fundo, numa atmosfera que se tornava quase irrespirável de tão amargamente poluente...
Não nos surpreende porque infelizmente este “Estado” só se preocupa depois das coisas acontecerem…Veja-se o exemplo da “Saúde” (em Portugal)esqueceu-se rapidamente o “Paradoxo de Rose” (em que devia entender-se que um grande número de pessoas com risco pequeno podem causar mais casos da doença do que um número pequeno de pessoas em risco elevado). Exemplo de perigos: 1- só haverá preocupação se o H5N1 matar milhões de pessoas (é possível); 2- ultrapassamos uma crise de casos portadores de “tuberculose” (mycobacterium tuberculosis) e vários dos casos são resistentes, mas os juízes (entre outros) relativamente ao internamento compulsivo pouco ajudam a melhorar a situação; 3- cada vez mais jovens com “fibroadenoma”, mas não se estuda o porquê de estar a acontecer… que Desespero! Quanto à "crise social" o Senhor Ministro das Finanças deveria saber que não é pós- crise económico-financeira, está competamente implementada...
ResponderEliminarCompletamente de acordo, Jeune Dame de Jazz!... é por tudo isso que, quando hoje alegam agir por manterem politicamente viva a dimensão do Estado Social sabemos que apenas dissertam sobre a sua nominalidade assinalada simbolicamente em intervenções de ínfimo e quase rídiculo impacto social... e é também por isso que quando falam da redução do papel do Estado na vida das sociedades percebemos que nem sabem do que falam e para quem falam quando pensam falar para as populações... porque não falam para pessoas reais mas, exclusivamente, para uma representação de cidadãos que reduz os indivíduos aos grupos a que pertencem ou a potenciais eleitores... Sim, Jeune Dame de Jazz, a crise está completamente implementada mas só depois "da casa arrombada" pensarão em colocar "trancas na porta"...
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