A violência nas escolas foi tema de discussão pública em Portugal até se tornar objecto de preocupação do PGR... entretanto, apesar da problemática polémica de que se reveste o sistema educativo, pensar os conteúdos educativos e as relações sociais e pedagógicas não tem sido uma das prioridades da discussão, apesar de todos sabermos que são os alunos a própria razão de ser da instituição escolar... talvez esse pudesse ser um dos ângulos para se pensar uma outra realidade que, verdadeiramente, ameaça e ensombra a sociedade contemporânea: a violência contra as Escolas... Os factos, dada, por um lado, a sua dimensão mediática e, por outro lado, o envolvimento de um factor individual de natureza psicológica são perspectivados apenas como criminalidade e é nessa dimensão que permanece a sua representação... contudo, o massacre ocorrido na Alemanha demonstra, no contexto cada vez mais frequente deste tipo de acontecimentos, que outros casos recentes (este crime de crime aumentou exponencialmente a partir da década de 90), não foram incidentes de excepção mas, isso sim, sérios indicadores de uma tendência paradigmática de transmissão de uma mensagem que é urgente interpretar e prevenir. Na verdade, a quantidade de ameaças detectadas em vários países europeus e norte-americanos, não nos permite já continuar a ignorar o problema que transcende a necessidade de "chamar a atenção" ou os acessos individuais de "loucura temporária"... o facto é triplamente confirmado a priori: pelo número de suicídios que se seguem a estas manifestações, pela sua organização premeditada e pela gratuitidade dos seus objectivos... Estamos perante atitudes não abertas ao diálogo e à negociação, cujos protagonistas, maioritariamente jovens, esgotam no próprio acto todas as intenções, sem a revelação de expectativas que lhe confiram sentido... contudo, o significado está à vista: destruir e promover o sofrimento de outrem... ou seja, castigar!... mesmo que o castigo tenha como preço a própria vida! Assustador e aparentemente absurdo, o fenómeno é expressão de um isolamento e de uma desintegração social silenciosa de dimensões imprevisíveis... para o prevenir, todos os cidadãos, entidades e instituições serão indispensáveis... por uma cultura e uma organização social e económica que garanta a todos o exercício dos mesmos direitos... por uma sociedade que tenha como prioridade indiscutível, as Pessoas... pela Cidadania que passa, também, pelo controle do acesso às armas!
... desintegração social silenciosa de dimensões imprevisíveis
ResponderEliminarAí está Ana, o resultado do que se tem feito ao negligenciar e virar costas ao problema, assim a Escola tem-se vindo a tornar numa espécie de prisão (guardada, policiada, murada, controlada com cartões magnéticos..., um armazém da defesa de indefesos) mas com o nome de «escola» e a espelhar fortemente essa mesma desintegração social...
Um abraço
É isso, Alice... obrigado!
ResponderEliminarUm abraço.
Não poderia estar mais de acordo cara Ana P. R.. Permita-me de novo a “intrusão”, mas lembra a cada momento problemas que não são só a realidade de uma Alemanha... Está a acontecer, aqui, ao nosso lado, a nossa frente, entre nós… Se tentar analisar ainda enquanto jovem pergunto-me quantos paradigmas há dentro de um contexto...é como se neste momento fosse preciso uma “medicina preventiva”, no sentido em que se pensou (apenas um exemplo) uma atenção primária - Saúde Para Todos no Ano 2000 (Alma-Ata, 1978) – educação, promoção de alimentos, nutrição; saneamento básico; atenção materno-infantil; imunização; tratamento à doenças e acidentes e distribuição medicamentos (saúde x condições de vida). Onde está esta destribuição equitativa?
ResponderEliminarO exemplo é muito bom, cara JDJ... obrigado!
ResponderEliminarCorrigindo a gaf.: Ana P. F. e não Ana P. R. (pequenas grandes diferenças…). Um bem haja ao seu blog.
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