A ecologia foi, durante um curto período de tempo, uma moda de que restam, um pouco por todo o lado, os partidos verdes que permanecem na periferia do poder... muito por culpa própria, diga-se em abono da verdade, já que, por opção e estratégia de fixação de um eleitorado que quiseram transversal, se demitiram de uma construção ideológica consistente, global e integradora, reduzindo-se a uma participação política de natureza temático-sectorial que não resulta, para a opinião pública, na clara identificação de modelos sociais coerentes e sustentados, amputados que se apresentam, no que respeita à sua potencial dimensão alternativa, do enfoque político a que a discussão cívica atribui sentido. Contudo, os recursos naturais, particularmente a Água e a Florestação, são problemas políticos prioritários para todos, apesar de, para além das políticas energéticas que pretendem a produção de "energia alternativa" mais por razões de (in)dependência política e despesismo do que por consciência equitativa do que, nesta problemática, diz respeito aos Direitos Humanos e à salvaguarda indispensável da qualidade de vida, quase só o combate às emissões de CO2 ser objecto da negociação internacional e das questões da salubridade ou acessibilidade da água se resumirem a uma preocupação regional denotável em pontos críticos do planeta... Da gravidade do problema temos uma ideia que remete para uma espécie de consciência longínqua e ocasional relativamente a África ou, por exemplo, ao Médio Oriente mas, o drama assume hoje dimensões muitissimo mais vastas como o afirmou o Vice-Presidente do Conselho Mundial da Água que, apesar de optimista, relativamente às possibilidades científico-tecnológicas, não deixa de ter, na vontade política, um poderoso protagonista capaz de atrasar o tempo próprio para uma intervenção pública e global capaz de salvaguardar a diversidade da vida planetária, como se demonstra num dos acontecimentos que hoje, 21 de Março, Dia da Árvore, marcou o Forum Mundial da Água onde se não obteve consenso político para a consideração dos recursos hídricos como um Direito Humano. Conquistámos o direito à discussão pública e à visibilidade das questões ecológicas, bem como a sua consagração e celebração simbólicas... está contudo, tudo por fazer, até que estas dimensões da existência sejam parte integrante da agenda política e eixos estruturais da sua intervenção.
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