sábado, 14 de março de 2009

A dimensão dos sinais - entre as armas e as Escolas


A violência nas escolas foi tema de discussão pública em Portugal até se tornar objecto de preocupação do PGR... entretanto, apesar da problemática polémica de que se reveste o sistema educativo, pensar os conteúdos educativos e as relações sociais e pedagógicas não tem sido uma das prioridades da discussão, apesar de todos sabermos que são os alunos a própria razão de ser da instituição escolar... talvez esse pudesse ser um dos ângulos para se pensar uma outra realidade que, verdadeiramente, ameaça e ensombra a sociedade contemporânea: a violência contra as Escolas... Os factos, dada, por um lado, a sua dimensão mediática e, por outro lado, o envolvimento de um factor individual de natureza psicológica são perspectivados apenas como criminalidade e é nessa dimensão que permanece a sua representação... contudo, o massacre ocorrido na Alemanha demonstra, no contexto cada vez mais frequente deste tipo de acontecimentos, que outros casos recentes (este crime de crime aumentou exponencialmente a partir da década de 90), não foram incidentes de excepção mas, isso sim, sérios indicadores de uma tendência paradigmática de transmissão de uma mensagem que é urgente interpretar e prevenir. Na verdade, a quantidade de ameaças detectadas em vários países europeus e norte-americanos, não nos permite já continuar a ignorar o problema que transcende a necessidade de "chamar a atenção" ou os acessos individuais de "loucura temporária"... o facto é triplamente confirmado a priori: pelo número de suicídios que se seguem a estas manifestações, pela sua organização premeditada e pela gratuitidade dos seus objectivos... Estamos perante atitudes não abertas ao diálogo e à negociação, cujos protagonistas, maioritariamente jovens, esgotam no próprio acto todas as intenções, sem a revelação de expectativas que lhe confiram sentido... contudo, o significado está à vista: destruir e promover o sofrimento de outrem... ou seja, castigar!... mesmo que o castigo tenha como preço a própria vida! Assustador e aparentemente absurdo, o fenómeno é expressão de um isolamento e de uma desintegração social silenciosa de dimensões imprevisíveis... para o prevenir, todos os cidadãos, entidades e instituições serão indispensáveis... por uma cultura e uma organização social e económica que garanta a todos o exercício dos mesmos direitos... por uma sociedade que tenha como prioridade indiscutível, as Pessoas... pela Cidadania que passa, também, pelo controle do acesso às armas!

5 comentários:

  1. ... desintegração social silenciosa de dimensões imprevisíveis

    Aí está Ana, o resultado do que se tem feito ao negligenciar e virar costas ao problema, assim a Escola tem-se vindo a tornar numa espécie de prisão (guardada, policiada, murada, controlada com cartões magnéticos..., um armazém da defesa de indefesos) mas com o nome de «escola» e a espelhar fortemente essa mesma desintegração social...

    Um abraço

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  2. Não poderia estar mais de acordo cara Ana P. R.. Permita-me de novo a “intrusão”, mas lembra a cada momento problemas que não são só a realidade de uma Alemanha... Está a acontecer, aqui, ao nosso lado, a nossa frente, entre nós… Se tentar analisar ainda enquanto jovem pergunto-me quantos paradigmas há dentro de um contexto...é como se neste momento fosse preciso uma “medicina preventiva”, no sentido em que se pensou (apenas um exemplo) uma atenção primária - Saúde Para Todos no Ano 2000 (Alma-Ata, 1978) – educação, promoção de alimentos, nutrição; saneamento básico; atenção materno-infantil; imunização; tratamento à doenças e acidentes e distribuição medicamentos (saúde x condições de vida). Onde está esta destribuição equitativa?

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  3. O exemplo é muito bom, cara JDJ... obrigado!

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  4. Corrigindo a gaf.: Ana P. F. e não Ana P. R. (pequenas grandes diferenças…). Um bem haja ao seu blog.

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