sábado, 28 de agosto de 2010

Contra a Pena de Morte - Manifestação Contra a Lapidação em Lisboa

Foi hoje, entre as 18 e as 19h, no Largo Camões, em Lisboa, que cerca de uma centena de pessoas se juntou para tornar pública a sua condenação ao regime penal que autoriza a pena de morte por lapidação. O pretexto foi a condenação que um tribunal iraniano ditou a Sakineh Ashdanti, mulher de 43 anos, mãe de 2 filhos e que, alegadamente, terá tido um envolvimento afectivo exterior ao casamento... primeiro alegaram que tal envolvimento acontecera quando já se encontrava viúva, depois que, afinal!, tinha sido enquanto casada... de qualquer modo, condenada a 99 chicotadas, Sakineh foi forçada a uma confissão pública na televisão que seria, mais tarde, desmentida... agora, dizem que a pena será, já não a lapidação!, mas, o enforcamento!!!... e a comunidade internacional organizou para hoje, num total de 111 a 130 cidades, manifestações de condenação a este tipo de execuções praticado, entre outros países, no Irão onde os números de execuções por apedrejamento são assustadores, ultrapassando, por ano, mais de 300, maioritariamente contra mulheres. Entre outros pequenos textos, foram lidos, durante este período de concentração solidária, vários artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

10 comentários:

  1. Estamos perante a barbárie mais repelente, mais indigna, mais vil, que se apresenta sob a forma de aplicação de preceitos religiosos e, no fundo, apenas esconde uma percepção da realidade baseada na desigualdade em relação à mulher, atavismo do mais primitivo. Preconceito que se arrasta desde os primórdios dos humanos, onde prevalecia a força física para sobreviver. De intelecto castrado, exibindo perante o mundo a bestialidade dos seus preceitos, pretende a todo o custo apresentá-los como se de elevação moral se tratasse. Todo o amor será proibido, toda a sensualidade condenada. E ainda vem reclamar de «assuntos internos do estado iraniano». A ser assim, ainda havia provavelmente escravatura.
    Não, ninguém pode ficar indiferente!
    Repugnante!

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  2. Olá Ana Paula
    Parabéns às pessoas que participaram nesse acto de contestação contra uma prática tão cruel.
    Foi pena serem apenas cerca de uma centena (se eu morasse perto de Lisboa, era mais uma). Mas junto com as outras manifestações pelo mundo, espero que tenha impacto. Há que acabar com essa barbárie.
    Um abraço

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  3. Caro Bettencourt de Lima :)
    ... obrigado!... é isso mesmo: com tanto pretexto, ainda viveriamos em plena escravatura e a pena de morte nunca teria sido proibida em - felizmente!- tantos países!
    Obrigado pelas suas boas e justas palavras.
    Um abraço fraterno e solidário.

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  4. Olá Benjamina :)
    ... eu sei, querida amiga, eu sei que teria sido mais uma... e fazia muita falta, como bem percebeu :)
    ... o facto é que vivemos num país muito mais afastado da realidade da blogosfera e da democracia participativa do que seria desejável... mas, pelo menos, podemos "ir para a rua gritar" - como diz a eterna canção do Zeca Afonso :)
    Um grande beijinho e aquele abraço amigo e solidário :))

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  5. Cara Ana Paula Fitas
    Vamos acreditar, pelo menos querer acreditar, que a forte pressão internacional que se gerou, incluindo Lisboa, venha a contribuir e a constituir um pomo de revisão da forma como se faz justiça nestes casos e que a mobilização da opinião pública, tão acentuada na Europa, ajude à reprovação colectiva da delapidação em direcção à defesa dos Direitos Humanos, da luta contra o conservadorismo, da agressividade, do castigo cruel, degradante e desumano. Há realidades que não podem ser aceites por quadrantes geográficos, matrizes culturais ou crenças religiosas e a delapidação é inaceitável.
    Que continuemos a erguer as nossas vozes contra as mais brutais agressões dos Direitos Humanos.
    Muito indignada e chocada...que posso dizer mais?
    Um Abraço Amigo e Solidário.
    Ana Brito

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  6. Cara Ana Brito,
    Tem toda a razão... é difícil aceitar, em pleno século XXI, tanta agressão e tanta crueldade... ficamos, como bem diz, indignadas, chocadas e incapazes de não reagir... felizmente!
    Um abraço amigo e solidário.

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  7. Estimada Professora Ana Paula Fitas,

    Creio que reconhece a soberania dos Estados do Oriente. Ou apenas do pseudo-estado palestiniano? É que repare, esta campanha toda a que adere é pouco coerente com a sua defesa de igualdade de tratamentos. Não fora o Irão não ser o país árabe, estaria igualmente indignada? É que não me lembro de se insurgir contra a barbárie criminosa do Hammas ou do Hezzbollah, assim por exemplo....

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  8. Estimado Anónimo,
    Este post ou qualquer outro aqui colocado não questiona de modo algum o reconhecimento dos Estados do Oriente... a única questão que aqui se coloca é a da pena de morte (contra a qual me insurgo de igual modo em qualuqer país onde se pratique designadamente nos EUA)em particular a pena de morte por apedrejamento (lapidação), cuja crueldade e legitimação é inconcebível à luz dos Direitos Humanos e do simples bom-senso... quanto às referências que aqui traz sobre o Hezbollah e o Hamas, relembro que toda a actuação violenta e em particular a que, tal como também acontece com a praticada pelo Estado de Israel (e repare que se não fala em pseudo-estado como se poderia falar se nessa perspectiva encararmos também o Estado da Palestina), se manifesta no que se reconhece como "terrorismo de estado" ou "terrorismo político" é absolutamente condenável... porque as vidas humanas não podem ser moeda de troca para a afirmação do poder ou para os jogos de guerra dos que o pretendem alcançar ou manter. Em pleno século XXI quem não tiver a capacidade para se impor pelo diálogo não deve poder impor-se pela força e é essa a luta comum que deveria ser travada pela paz e pela eliminação do ódio, da violência e dos fundamentalismos... por uma Humanidade e um mundo melhor para todos.

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  9. Cara Professora Ana Paula Fitas,

    É curioso que coloque a questão em termos de direitos do homem. O nº 4 dessa declaração, como sabe é violado pelo Estado português! Refiro-me à lei do aborto naturalmente. Merece-lhe igual repúdio que a pena de morte nos EUA?

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  10. Caro Anónimo,
    Evidentemente!... repudio toda a pena de morte!
    Quanto à relação entre o teor do artigo 4º da Declaração dos Direitos Humanos e a lei do aborto em Portugal não creio que possa ser legitimamente interpretada no termos em que presumo que o faz.

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