Foi através do A Carta a Garcia que tomei conhecimento de um facto inaudito até ao momento na sociedade portuguesa: as operárias de uma fábrica de calçado sediada em Arouca que decidiu encerrar portas, foram informadas do seu despedimento, à revelia da ética, do respeito pelos mais elementares direitos dos trabalhadores e das mais básicas regras de educação, por telemóvel, via sms (ler toda a notícia aqui no DN)... tornou-se assim realidade aquilo que, há uns meses atrás, surgia nos ecrãs de cinema, como metáfora e ficção, sobre a desumanidade dos despedimentos sem rosto que a tecnologia viabiliza e que, no filme "Up in the Air", traduzido em português por "Nas Nuvens", George Clooney bem protagonizou... O método é de uma crueldade atroz já que não permite qualquer tipo de diálogo sobre a situação e elimina a possibilidade de esclarecimento a que as vítimas têm direito... contudo, no mundo do mercado da concorrência e da precariedade, recorre-se de facto, já!, a este tipo de procedimentos que caracterizam o que se designa por liberalização laboral e se dissimula com a sua pretensa relativização sustentada manipulatoriamente pelo recurso ao argumento da polivalência e da flexibilidade... o mundo está, de facto, perigoso e a sobrevivência de todos realmente ameaçada... contra este tipo de práticas, a sociedade tem o dever e o direito de exigir: Tolerância Zero!
Cara Ana Paula Fitas
ResponderEliminarPlenamente de acordo com as suas justas palavras...
Tomei conhecimento pela imprensa diária e nem tenho palavras para esta situação. Imagino o sentimento destas trabalhadoras ao serem informadas por SMS sobre a sua vida laboral, através de um processo sem-cara, tremendamente ameaçador e que não lhes resguarda qualquer direito desde o mais básico.
Anseio pelo desenrolar da situação que deve ser, juridicamente, acautelada...
No seio de mais um sobressalto...Um Grande Abraço Amigo.
Ana Brito
E a justiça? Onde para a Justiça?
ResponderEliminarO Ministério Público?
Impressiona!
ResponderEliminarA reacção justa
a um despedimento
arbitrário, pode
bem ser um tiro
de pistola
ao patrão.
(Tipo filho do Champalimaud,
alvejado a tiro pelo caseiro despedido.)
Já um despedimento
por falência de vendas
ou fraude patronal,
requer uma política
adequada de justiça
fiscal e aptidão
colectiva de produção
e comercialização.
Cara Ana Brito,
ResponderEliminar... é, se me permite, também minha a sua indignação e os seus votos de que a situação seja juridicamente acautelada.
Obrigado.
Um abraço e um beijinho amigo :)
Caro Está Quieto,
ResponderEliminarAs suas perguntas são muito pertinentes...
... esperemos que a Justiça acautele os direitos das trabalhadoras.
Obrigado pelo seu contributo.
Volte sempre.
Caro VBM,
ResponderEliminarTem toda a razão: é este o perigo, é este o risco e é isto que não podemos deixar que aconteça porque na sociedade em que vivemos, ainda é juridicamente possível agir de forma a prevenir que o drama adquira contornos irreversíveis e a apoiar os problemas com que se debatem, hoje, trabalhadores/as e entidades patronais.
Um grande abraço - já por aqui se sentia falta dos seus contributos :)
Cara Ana Paula,
ResponderEliminarOuvi agora ao jantar essa notícia, todos nós ficamos indignados. De facto já tudo pode acontecer e sem qualquer receio! Nada funciona, nada se teme!
Beijinhos,
Manuela
É para este fim que servem, afinal, as tecnologias?!
ResponderEliminarNão dar a cara para isto e para outras coisas, tem muito que se lhe diga...
Cara Ana Paula Fitas,
ResponderEliminarClaro que fico sempre honrado com os seus links...e este é mesmo apropriado.
Creio que se dúvidas havia do sentido e do entendimento a propósito de "razões atendíveis" em matéria de despedimentos, aí está um empresário a interpretá-lo na máxima largueza do seu sentido...
Saca-se do telemóvel do bolso e escreve-se:"Do Pedro Patrão...Manel, pá,por razões atendíveis, estás despedido, depois vem cá buscar o papel para o subsídio de desemprego e fazer o resto das contas!"
A minha Ilustre Amiga entendeu bem o que pode estar em causa e usou o seu blog para entrar no combate pelos direitos destes trabalhadores...Obrigado!
Abraço Amigo,
Osvaldo Castro
Justiça? Num pais de injustiçados ? Um governo que se diz defensor dos trabalhadores, está a ficar pior que um governo de direita. A esperança de quem trabalha, de quem dá tudo o que tem, que vai buscar forças, por vezes onde já não há, que acreditou num programa eleitoral que criava 150.000 postos de trabalho, já sei, cara Ana Paula Fitas, que me vai dizer que o governo no seu programa eleitoral dizia que ia criar 150.000 postos de trabalho, está lá perto.....e que nunca falou que criava postos de trabalho sem perda de outros. Infelizmente perdem-se mais do que aqueles que foram criados e não se pode atribuir a culpa à crise, a crise não pode ser a culpada de tudo. Por exemplo será a culpada da permissão do despedimento por telemovel? Claro que isto não passa de desabafos que nunca chegarão aos pensantes do nosso ......governo (?).
ResponderEliminarCara Ana Paula Fitas,
ResponderEliminarNão apetece brincar com isto. Mas creo que já conhece o meu estilo mordaz (avinagrado). Em minha análise estamos em presença de uma exemplo de boas práticas enquadráveis no âmbito do Programa Choque tecnológico/SIMPLEX, dois em um, com resultados surpreendentes a merecer prémio do IAPMEI= ZERO TEMPO DE ESPERA+ZERO PAPEIS+ZERO ORDENADOS...
Lamentável, mas vai fazer pensar muito "empresário": "Boa, vou-me ver livre dos gajos, com comando à distância"
Caríssima amiga Ana Paula Fitas,
ResponderEliminarSubscrevo inteiramente a sua indignação perante esta situação inumana denunciada pelo blogue "Carta a Garcia" de Osvaldo Castro. Realmente o mercado de trabalho, escudado na crise, está a revelar cada vez mais comportamentos vergonhosos num desrespeito clamoroso pelos Direitos dos Trabalhadores e pela dignidade pessoal destes. A Ética de muitas empresas ( ou melhor, a falta dela ), condicionada pelo sistema e pelo paradigma dominantes, tem estado pelas ruas da amargura...É um dever cívico denunciar estes abusos, como o fizeram a Ana e o distintíssimo Dr. Osvaldo de Castro.
Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt
Cara Ana
ResponderEliminarHá dias, a propósito de "ÉTICA" em português, alguém disse que o que nos regia era a ganância. Se calhar temos de dar a mão à palmatória o que rege a grande maioria é a ganância, depois com as armas obtidas nas alterações ao código de trabalho e a inércia da nossa justiça temos todos os pressupostos para que aconteçam situações destas.
Para aguardarmos o que vai acontecer, é melhor estarmos bem sentados e com mantimentos que assegurem a nossa subsistência, para não morrermos cansados e/ou há míngua.
Ficámos todos chocados, concordo, mas "on-line". Este é o grande drama da sociedade actual, o conhecimento quase imediato de todos os horrores que ocorrem no planeta, ainda que isso não signifique a consciencialização dos dramas que as pessoas estão vivendo.
Um abraço
Gia
Caros/as Amigos/as
ResponderEliminarManuela Freitas, Relogio de Corda, Osvaldo Castro, ZéParafuso, Rogério Pereira, Nuno Sotto Mayor Ferrão e Gia Santos
Muito, muito obrigado pelas vossas palavras e pelos bons contributos solidários e críticos que aqui partilham... a reflexão é urgente e precisa de todos; por isso me honra e me alegra tanto contar com a nossa interacção que é, de facto, muito importante podermos partilhar :)
Bem-hajam!
Saudações solidárias e fraternas, abraços e beijinhos :))