Nos últimos dias foi divulgada a existência de uma nova bactéria caracterizada por uma assinalável capacidade multiresistente à generalidade dos antibióticos conhecidos. Designada por NDM-1 e já localizada na Austrália, na Europa (designadamente na Inglaterra e na Holanda), nos EUA e no Canadá, a sua origem tem sido atribuída à mobilidade de cidadãos que terão sido objecto de intervenções plásticas em países como a Índia, o Paquistão e o Bangladesh onde a bactéria se terá desenvolvido, designadamente mas não só!, em meio hospitalar (ler Aqui)... Porém, apesar dos resultados apresentados na revista Lancet serem susceptíveis de explicações recorrentes que têm vindo a ser discutidas (como é a hipótese da venda livre de antibióticos na Índia ter facilitado a emergência desta multiresistência), a questão não está a ser pacífica e disso é testemunho a reacção parlamentar e governamental indiana que veio denunciar interesses da indústria farmacêutica multinacional nesta matéria (ler Aqui a notícia em versão inglesa onde se refere o envolvimento das 2 multinacionais, Wellcome Trust e Wyeth, no desenvolvimento do estudo apoiado pelo Reino Unido e a União Europeia e agora divulgado na Lancet - registe-se que não encontrei estas referências em português apesar de, ontem, ter ouvido, por acaso e apenas uma vez!, as declarações do Ministro indiano ?!)... A reacção, muito contundente!, decorre do impacto que a notícia pode ter na economia indiana onde o turismo médico é significativo mas, a verdade é que o Ministro do Turismo da Índia, em declarações aos jornalistas, evocou uma dimensão do problema que não é comum chegar à praça pública e que, presumivelmente, só um sentimento de revolta contra um impacto negativo significativo poderia fazer eclodir: a experimentação ilegal que a indústria farmacêutica continua a impôr às populações pobres e carenciadas, sujeitando-as à condição de "cobaias"... A realidade que até agora nos chegava através da literatura, do cinema (lembram-se de extraordinário filme que é "O Fiel Jardineiro"?) ou de alguma (rara!!!) peça de bom jornalismo de investigação, começa a revelar a sua efectiva, preocupante e dramática dimensão.
Olá Amiga,
ResponderEliminar...Estamos perante "o preço do progresso", diria eu! Não é caso novo a multiresistência de algumas bactérias, e daqui podemos retirar duas elações: a primeira é o uso indescriminado de antibióticos, a auto-medicação que muitas, mesmo muitas pessoas tem costume de fazer, para já não falar da venda livre de muitos fármacos e que em alguns países incluem os antibióticos.
A segunda: a investigação, da qual não vale a pena falar pk sabemos que não é ficção, e por vezes corre mal, perde-se o controlo e dá nisto! A industria farmacêutica... os interesses financeiros, pois... A necessidade de criar e chegar mais longe presente nos genes do ser humano para o bom mas, infelizmente, tb para o mal.
Fico à tua espera em Setembro (quando estiver tudo confirmado dou-te conhecimento :-))
Aquela Abraço Alentejano de Sempre
Beijinhos
Beatriz
Querida Amiga,
ResponderEliminarÉ gratificante que uma jovem como tu tenha a perfeita noção do mundo em que vivemos... e como o único instrumento capaz de promover uma mudança qualitativa com o objectivo de melhorar as condições de vida dos povos é o conhecimento, saber que esse olhar crítico e interventivo se mantém aceso e lúcido, dá razão a quem acreditar que vale a pena acreditar no futuro :)
A aguardar a confirmação de Setembro, com Aquele Abraço Alentejano...
Beijinhos :)
Querem lá ver que vem aí a versão 2010 do H1N1!?
ResponderEliminarComeço a achar estas bactérias que supostamente surgem sazonalmente como formas de marketing inteligentemente orquestradas pelos laboratórios para fazer face a uma qualquer coisa que está fora do meu alcance compreensivo.
Já agora...obrigada pelo "seguimento"!
Cara Ana Paula Fitas
ResponderEliminarÉ um problema com um potencial tremendo, porque ao atacar sobretudo as vias renais e intestinais, a ser verdade tratar-se do Gram-negativo, poderá provocar elevada mortalidade se o novo antibiótico demorar a ser confeccionado.
Prevendo-se uma pandemia importada da Índia e do Paquistão... poderá tornar-se num grande quebra-cabeças para as autoridades da Saúde em Portugal, maior ainda que o da Gripe A.
Claro que os (de)interesses da indústria farmacêutica vão estar na ordem do dia e oxalá impere o bom senso numa acção que se deseja "depressa e bem" com vista a uma prevenção e protecção a que se tem direito.
Um abraço amigo e solidário :)
Ana Brito
Caro Relógio de Corda,
ResponderEliminar... é uma hipótese que não podemos ignorar, certos de que razões que transcendem a nossa forma transparente de olhar o mundo, a podem sustentar - como tanto vai acontecendo por aí a custos de vidas e recursos...
... gostei muito dos "Teoremas" - qualquer dia, se não se importar, vou lá "buscar" o vídeo, indicando, naturalmente!, a sua fonte, pode ser?... e claro que o agradecimento sobre o "seguimento" é recíproco :)
Cara Ana Brito,
ResponderEliminarAs suas palavras ilustram a dimensão dos receios com que nos podemos vir, de facto, a confrontar, para além da hipótese colocada no comentário anterior... aliás, se a associarmos à dramática situação que se vive no Paquistão, a questão torna-se ainda mais violenta... veremos o que vai acontecer mas, mais uma vez, o cenário não augura nada de bom e, provavelmente, vamos assistir à repetição de fenómenos do género, cada vez mais frequentemente...
Um abraço amigo :)
Amiga
ResponderEliminarInfelizmente a industria e o seu poder económico imperam, e até nós (pequenos estudantes de medicina) somos instruídos para passar a mensagem.
Este ano (tive a sorte de estudar em Barcelona) mas muitas foram as pressões que os meus colegas portugueses sofreram para transmitir a ideia de que a gripe era um flagelo, por muitos hospitais universitários davam-se até computadores aos estudantes da área para tomarem a vacina e assim convencerem melhor os seus pacientes. Eu tive a sorte de ter professores e de estar numa universidade que se opõe ao alarmismo como método de venda, mas muitos não tiveram essas sorte e vão seguir esses passos quando profissionais (o que nos ensinam é o que praticaremos). É ainda mais grave quando se sabe no meio que a vacina não está 100% testada e quais as suas implicações futuras. Mais uma vez o que conta é a economia, o problema é que com a saúde não se pode brincar, pois as pessoas que deveríamos salvar podem morrer com estas palhaçadas!
Beatriz
Querida Beatriz,
ResponderEliminarRegisto com gratificante alegria o teu comentário e confesso que já me lembrara de ti enquanto jovem e futura médica pelo que, de avisado e interessante, te poderia ocorrer a propósito de uma matéria com a qual terás de trabalhar... Por isso, pela verdade e importância das tuas palavras, limito-me a reiterar a sua autenticidade que o teu carácter me garante indiscutivelmente e espero, sinceramente!, que os leitores leiam com atenção o teu comentário e despertem de facto para o mundo em que vivemos.
Ficam aqui os meus votos empenhados e confiantes no teu perfil humano, ético e profissional que me renovam a esperança no futuro que alguns jovens estão em condições de enfrentar com força, determinação, coragem e honestidade.
A título de curiosidade e para reforçar a noção de que não estamos sózinhas, deixa que te diga a "talhe de foice", que hoje também já aqui registou o seu testemunho uma outra minha amiga, também jovem mas um pouco mais "velhinha" que tu que, curiosamente, também se chama Beatriz - vivam as Beatriz do nosso futuro!!! :)
Um grande abraço feliz por teres vindo até aqui, minha querida Amiga... volta sempre e, por favor, reparte com a tua mãe (sempre justamente orgulhosa da filha) estas minhas palavras de verdadeiro e sentido contentamento.
Beijinhos e saudades :)
Ana Paula,
ResponderEliminarEstá tudo no seu texto e nos comentários que se lhe seguem. A intensiva mobilidade do ser humano ao redor do mundo, as calamidades e os poucos escrúpulos das 'multinacionais farmacêuticas' são factores para o fomentar de pandemias cuja verdadeira dimensão é difícil de prever.
Governos e OMS, às vezes até por falta de meios para avaliar a potencialidade de sinais pandémicos, acabam por cair no alarmismo. E uma vez produzido este, está criado o caldo para o grande negócio farmacêutico mundial - a Glaxo Smith Kline, com milhões e milhões de vacinas vendidas e não utilizadas, foi a grande premiada do último inverno. Agora quem ganhará com a bactéria multiresistente? Vamos esperar.
Termino, associando-me ao elogio ao 'Fiel Jardineiro'. É um filme admirável. Já o vi meia-dúzia de vezes.
Já que falamos de saúde (ou de doença) pergunto: como é que ficou a situação no Alandroal?
A minha questão tem certo sentido: há 8 anos fiz um mestrado, com tese sobre 'telemedicina', e incluí a experiência do Hospital do Espírito de Santo de Évora; vi o dermatologista Dr. Manuel Murta realizar diversas teleconsultas com CS's de localidades da região, entre as quais o do Alandroal, com a Dra. Fátima como médica local.
Um abraço amigo de lisboeta, apaixonado activo pelo Alentejo,
Carlos Fonseca
Olá Amiga,
ResponderEliminar...hoje tive tempo para voltar... e... Obrigado, não há maior satisfação e orgulho que ler palavras como estas, especialmente quando escritas por tão grande "professora" :-)
Beijos e Aquele abraço alentejano de sempre
Carlos :)
ResponderEliminarObrigado pelas suas palavras... e que posso eu acrescentar às suas palavras, acesas testemunhas de um efectivo conhecimento reflectido sobre a pobre realidade?... também eu não me canso de rever o "Fiel Jardineiro" que, para além de tudo o resto, me deixa sempre perplexa perante a distância, o desconhecimento e a impotência com que vivemos num mesmo mundo, tão pequeno afinal mas, tão grande para a dimensão de cidadãos a que somos reduzidos e que tantos se esquecem de reconhecer e perceber... quanto ao Alandroal, meu amigo, penso que a resposta que terá resultado da reunião foi do género "vamos ver o que se pode fazer" o que, no contexto do "uma excepção abre um precedente" não augura nada de bom... sabe que resido há uns anos, pela 2ª ou 3ª vez, em Lisboa (onde sempre estudei)e, como tal, vou tendo notícias do Alandroal por intermédio de pessoas amigas - vou mais vezes a Évora, onde nasci e tenho residência familiar... mas, os as pertenças são, acima de tudo, afectivas e o meu estado e território de pertença é, sempre, o Alentejo... fiquei curiosa sobre os resultados do vosso trabalho na telemedicina e pergunto-me se, do vosso ponto de vista, é efectivamente eficaz e suficiente ou se deve ser uma solução de recurso e complementar? - de qualquer modo, na minha leiga opinião, seria sempre uma boa aposta para as populações que se encontram cada vez mais destituídas de apoio médico presencial... será? Finalmente, deixe que lhe diga -se é que ainda não sabe?!- que, actualmente, a Dra.Fátima é, também, vereadora (tive o prazer de a conhecer recentemente no âmbito de um Congresso que se realizou no Alandroal sobre Endovélico-Identidade/Território/Desenvolvimento e para o qual tive a honra e o prazer de ser convidada :)
Aquele Abraço Amigo e Sempre Alentejano, desta "migrante" semi-nómada de terras do sul :)
Olá de novo, minha amiga :)
ResponderEliminarBonitas palavras que me aquecem o coração, estas que aqui deixas e que me deixam sem grande capacidade de dizer mais do que o que diz o sorriso feliz que me provocam :)
... já agora, se puderes, podes dar notícias sobre como ficou a questão da saúde (se reparares, no comentário anterior, o amigo Carlos Fonseca fez-me essa pergunta e temo não lhe ter dado a resposta mais exacta!?)?
Com Aquele Grande Abraço Alentejano de Sempre, Beijinhos :))
Ana Paula,
ResponderEliminarObrigada pelas suas palavras. Passo a esclarecer:
1.º Sou lisboeta, filho de lisboetas, mas comprei uma casa na aldeia de Ribeira das Vinhas, a 3 km de Galveias, onde, de volta e meia, estou localizado aos 15/20 dias. É a norte de Avis.
2.º O melhor exemplo de telemedicina é a Noruega - Universidade de Tromso. É um mundo, desde a monitorização remota de doentes a teleconsultas e telediagnósticos, permite quase tudo. O Alentejo é curiosamente a região, em Potugal, onde a telemedicina é mais intensivamente praticada. Tudo graças a um conjunto de médicos, de que saliento: o Dr. Luís Gonçalves do Espirito Santo de Évora, o Dr. Álvaro Pacheco, ex-director clínico do Santa Luzia de Elvas, o Dr. Horácio Feiteiro de Beja, o Dr. José Ricardo de Portalegre, entre muitos mais. Já se fizeram, desde 2002, mais de 8000 teleconsultas, o que torna a prestação de cuidados médicos mais cómoda para o doente e menos onerosa para o SNS - economia de custos e tempos de transportes até hospitais com serviços especializados.
O progresso da telemedicina em Évora avançou graças a um programa transfronteiriço com a Estremadura espanhola. O Plano Tecnológico Nacional fez muitas promessas e ajudas foram praticamente nulas.
A telemedicina é uma solução adequada para vencer a barreira do isolamento de certas populações e a falta de médicos especialistas locais. É o que sucede com a Noruega, com uma distribuição demográfica em zonas de dificil acesso a cuidados médicos.
Um dia, poderemos falar melhor...se estiver de acordo, claro.
Um abraço amigo
Carlos
Carlos,
ResponderEliminarFoi um bálsamo -apesar das limitações que descreve (e do quão lamentável é a ausência de investimento sério por parte do dito Plano Tecnológico) em relação à telemedicina. Tenho naturalmente todo o interesse em conhecer (e pensar) melhor os projectos que se poderiam e deveriam implementar em Portugal, designadamene, no nosso interior que é, afinal de contas!, a maior parte do território nacional. Sou muito amiga do Dr.Luís Gonçalves do Hospital do Espírito Santo (que trabalhava na área de anatomo-patologia, se não estou em erro) e ficaria muito feliz por saber que era ele um dos envolvidos no projecto.
Quando fôr oportuno, mais para o Outono, se estiver de acordo, poderiamos conversar.
Um grande abraço amigo -pode bem ser alentejano, por nascimento ou adopção porque o que importa é o "sentido" telúrico e autêntico que quer significar :)
Olá minha Amiga
ResponderEliminarFico duplamente feliz, primeiro por ver "lisboetas de gema" preocupados com o Alentejo (e todo o interior do país) e a manifestarem o seu carinho por estas terras.
Em segundo lugar por ver aqui falado o projecto Telemedicina, cujo o Alandroal foi pioneiro no distrito de Évora, pela mão da Drª Fátima Ferreira há já muitos anos, e que valeu um prémio Hospital do Futuro (conheço "bem" o que por aqui se tem feito, e se quiseres poderei enviar-te dados mais concretos sobre o Alandroal, para que consigas perceber a importâcia! em algumas especialidades conseguiu-se diminuir a lista de espera de c.externa de 3 anos para 15 dias!!! fenumenal, não achas?)
Quanto ao centro de Saúde, com já te havia dito, minha Amiga diria "que nem chove, nem faz sol", logo após o protesto realizou-se uma reunião no agrupamento de Estremoz, onde estiveram vários representantes da saúde e da autarquia, da qual (segundo palavras da DrªFátima à lusa) resultou um "agendamento de futura reunião para o inicio de Setembro, para se reavaliar a situação, servindo o mês de Agosto para estudo ( que belo mês para servir de exemplo!). Sei que a DrªFátima antes de ir de férias fez várias deligências para reverter a situação, mas concretamente, e em bom português, esperemos por Setembro, até lá só podes ficar doente depois das 14h.
(caso queiras informação mais "detalhada" entra em contacto comigo) :-)
Um Abraço Alentejano ao "amigo" Carlos Fonseca
Para ti Amiga, Aquele Abraço de sempre
Beijinhos
Beatriz
P.S. Quero dar-te a conhecer mais um projecto pioneiro no Alentejo, sediado no Alandroal, que será apresentado em Setembro :-) e no qual irei trabalhar
Ana Paula,
ResponderEliminarO Dr. Luís Gonçalves também é meu amigo.É, de facto, especialista de anatomo-patologia.
No Outono, podemos falar, eventualmente no ISCTE, onde julgo que é professora.
Sempre o abraço amigo,
Carlos Fonseca
Olá Minha Amiga :)
ResponderEliminar... infelizmente, como eu imaginava, a situação é a indesejavelmente esperada... depois falamos melhor mas fico, desde já, ansiosa, curiosa e "a torcer" por um projecto que ainda não conheço mas em que a tua palavra e o teu entusiasmo me fazem confiar :)
Aquele abraço alentejano de sempre e um beijinho
Olá de novo, Carlos :)
ResponderEliminarFico feliz por se confirmar que o Dr. Luís Gonçalves é mesmo o nosso amigo :)
Conversaremos melhor no Outono.
Um grande abraço amigo.