O nervosismo e a precipitação são maus conselheiros. Sabemo-lo todos. Por isso, não se compreende o desassossego do espectro partidário nacional face às declarações de Teixeira dos Santos sobre o "risco elevado" de Portugal ter que recorrer à ajuda externa, designadamente por efeito do contágio de outras situações (com destaque para a Irlanda e a Grécia), por se dever atender a que o que está em causa é "a estabilidade da zona euro". Não se compreende tanto mais que a alemã Angela Merkel tem pressionado a Irlanda no sentido de empreender diligências no sentido de receber ajuda financeira da UE e do FMI, depois de ter solicitado, não só a necessidade de revisão do Tratado de Lisboa que implica maiores penalizações para os Estados-membros que não cumpram os critérios de convergência mas, também, a redução de direitos políticos dos países incumpridores, na gestão da UE. A pressão europeia que incendeia os rastilhos políticos nacionais teve hoje nova expressão na afirmação de Merkel sobre "se o euro falhar, a União Europeia falhará". De facto, à beira de um ataque de nervos, esta lógica da perseguição e da ameaça mais não faz do que somar maiores dificuldades a todos, obrigando a restrições orçamentais e aumentos das cargas fiscais que agravam as condições de vida das populações cada vez mais empobrecidas... O problema é, no seu todo, sintomaticamente grave e requer calma, tranquilidade política e concertação de esforços que visem, antes de mais, defender a arquitectura da Europa Social que se procurou construir e de que nos afastamos a passos largos. Sendo duvidoso que os defensores da Europa financeira dos mercados neo-liberais venham a revelar disponibilidade e capacidade para inverter as tendências económico-políticas que se empenham em defender como se fossem as únicas alternativas, é necessário que cidadãos e governos dos países desprotegidos face a esta lógica que exige a subserviência e não privilegia o diálogo e a (re)negociação das regras e dos critérios, esquecendo o fundamento ontológico da Economia que existe para servir a Sociedade, tomem medidas que mais não seja fazendo ouvir a voz da Razão e exigindo não ser meros súbditos pacíficos de todas as imposições mas, pelo contrário, partes activas na definição de novas e mais adequadas soluções nacionais e comunitárias... porque, para além do eurocentrismo e dos nacionalismos que tendem a reforçar o clima de agitação colectiva em que a crise nos mergulha continuamente, o problema que, até há meia dúzia de anos, se esboçava como uma possibilidade de longo prazo, aproxima-se vertiginosamente com a apropriação dos meios económico-financeiros por muitos países que, exteriores ao espaço europeu e cujos códigos políticos não revelam qualquer respeito pelos Direitos Humanos, vão seguramente, assim que tiverem garantido o controle dos mecanismos de emprego no espaço do Velho Continente, aplicar, sem hesitações, as suas próprias lógicas político-económicas que, ignorando Direitos Sociais ou Fundamentais tal como os conhecemos, ditaram os índices de sucesso que os torna agora nossos compradores. A Europa está, de facto e com razão, à beira de um ataque de nervos mas, a maior evidência que desta análise se destaca é a incapacidade político-cultural dos actuais dirigentes europeus trabalharem eficazmente a(s) causa(s) do problema.
Sem mais nem pôr ...!
ResponderEliminarMas, se numa Europa evoluída cultural e economicamente, estes assuntos criam, já, graves constrangimentos, que dizer da disposição de povos como o nosso em que essas permissas não se evidenciam. Por cá, por todo o cantinho deste rectangulo, continua-se com a partidarite, o ataque suez, a manigância para tirar proveito.
Tão mau para nós é a política conservadora e economicamente deplorável da Sr. Merkel como a reacção do comum cidadão português face a situações que não entende, para não dizer que não quer entender, mas sobre as quais bota feliz faladura.
Tão mau para nós é a situação que está a ser criada pela sofreguidão dos ditos mercados e agências de rating como o papel estupidamente contraproducente que está a ser protagonizado pela nossa comunicação social e pelo espectáculo indecoroso de alguns políticos da nossa praça. E não afasto que alguns membros do Governo, por vezes, mais valia estarem calados.
O nervosismo, como diz e bem, anda no ar de toda uma Europa descontrolada em que cada vez mais se pressente que o sonho europeu, afinal, caminha a passos largos para um beco sem saída.
Quase que se deve concluir que para cumprir o dito sonho necessitariamos de estadistas europeus não meros políticos nacionais que é o que agora temos por todo o continente.
Os povos que se tramem desde que o Euro continue a beneficiar os cofres de alguns paises.
De Comunidade cada vez temos menos.
A ver vamos...
Um abraço, Ana Paula.
Europa e o País à beira de um ataque de nervos!
ResponderEliminarNão é novidade. Que o nervosismo e a precipitação são maus conselheiros também não é novidade. Novidade, seria este governo demitir-se, mesmo com consequências graves para o País, que pior que o que está será dificil. Será que toda a gente já se esqueceu dos discursos de Teixeira dos Santos, há menos de 6 meses? Será que toda a gente se esqueceu dos discursos do PM, também há menos de 6 meses? Das promessas? Dirão que tudo isto está, ou foi ultrapassado pela crise! Claro que a crise tem costas largas, arca com as culpas de tudo o que de errado se fez e faz no MEU País. A única coisa, ou das poucas coisas, que não têm as costas largas, são a fome que vai alastrando, no MEU País, o desemprego que vai aumentando, no MEU País, as pessoas que vão enriquecendo à conta da pobreza dos outros no MEU País, as pessoas que o querem vender, aos que até há bem pouco tempo, não se preocupavam com direitos humanos ( se calhar até nem sabiam o que isso era ) para limparem ou sacudir a água do capote, e eu se puder não deixarei que vendam o MEU País, até porque não quero outro. Aconteça o que acontecer este será sempre o MEU País, lutarei por ele se isso for necessário, não fugirei às minhas responsabilidades, não irei enriquecer para outro lado, este pedaço é MEU e MEU continuará a ser, mesmo que estes senhores não pensem da mesma forma.
Cara Ana Paula Fitas,
ResponderEliminarTem razão "a maior evidência que desta análise se destaca é a incapacidade político-cultural dos actuais dirigentes europeus trabalharem eficazmente a(s) causa(s) do problema." Assim, a Europa é um projecto condenado e que nem terá como suporte a qualquer saída, o querer dos povos europeus, excluídos que foram do escurtinio das decisões... Cada dia que passa, negando, se afirma o fim do euro como uma saída (aliás não excluida por parte de alguns economistas).
Só não será assim se não houver uma mudança radical das politicas e novos lideres para as concretizar!
Abraço
Gostei imenso desta análise...
ResponderEliminarAna Paula,
ResponderEliminarPor mais voltas que se dêem, encontramos sempre os protagonistas e as causas das dificuldade com que povos, como o nosso, se debatem neste momento. Numa Europa em desconstrução e comandada praticamente a uma só voz, a da Sra. Merkel, com a cumplicidade de Sarkozy. É deste eixo de interesses que emana a teimosia de afundar os ditos países "periféricos" e consequentemente o Projecto Europeu, tal como foi concebido por pensadores e estadistas do passado. Sem sucessores nos dias que correm, diga-se.
Impedir que uma política monetária integrada do BCE, com ajuda directa aos Estados mais debilitados, é espúria atitude de destruição da UE. Cínicas são as palavras "se o euro falhar, a União Europeia falhará". É um desejo de Merkel e não um lamento.
Surpreendente, ou talvez nem tanto, é ver políticos do chamado 'arco do poder' estabelecerem uma guerrilha interna. Sem ter em conta os constrangimentos externos e a exponencial situação de miséria vivida já por milhões de portugueses. Além do mais, é uma grave falta de sentido de solidariedade patriótica. Que não podemos deixar, apenas, para julgamento da História.
Um abraço de amizade,
Carlos Fonseca
Saravah, Minha Amiga :))
ResponderEliminar...mas que grande parque de diversões!!
...mais que á beira de um ataque de nervos encontro-me baralhada e por mais que tente distracção não consigo!... o jogo da paciência esgota-me os neurónios, o do burro deitado ou de pé já me não acalenta...será propositadamente que agora metem tantos burros no baralho? vou talvez tentar palavras cruzadas e talvez consiga descobrir chalaça: quem quer confundir quem?... ou será que estamos mais numa de rebenta a bolha?
Beijos confusos
M. José