Correm tempos difíceis... apesar de tudo, os portugueses continuam a exercer a democracia de forma digna de ser assinalada em termos diversos do que temos vindo a ler. Refiro-me a dois eventos que, nas duas últimas semanas, marcaram a nossa afirmação no espaço comunitário europeu e internacional, sem que deles tenhamos retirado uma observação evidente: há cerca de uma semana decorreu em Lisboa a Cimeira da Nato com a presença de dezenas de Chefes de Estado e a realização de vários encontros bilaterais entre países e blocos regionais da maior importância. Ao contrário do que se receou, por cá e no mundo, o evento não foi marcado por manifestações violentas com a dimensão do que tem sido comum nas últimas décadas noutros locais em que se realizaram os que o antecederam e, felizmente, denotou-se desnecessária o nível de preocupação expressa na ocultação de montras comerciais na baixa lisboeta, no número de forças policiais chamadas a actuar ou no uso de blindados (alguns dos quais nem sequer tinham chegado a tempo!!!). Entretanto, há dois dias atrás, realizou-se a maior greve geral de que se regista memória, assinalada com uma significativa adesão por parte dos trabalhadores, o apoio solidário da maioria da população, a unidade organizativa e mobilizadora das duas grandes centrais sindicais nacionais e a expressão da confiança governamental na sociedade civil. Considerando a dimensão da crise económico-social e financeira do país, o facto é, em si próprio, revelador e merece o respeito e a consideração dos cidadãos e das instituições europeias e internacionais, a despeito da especulação dos mercados.
Cara Ana Paula Fitas
ResponderEliminarOpções ideológicas à parte, sem duvida que vivemos num País Democrático. Com todos os defeitos o sistema em que vivemos é o melhor(esta consideração já está gasta de tanto citada, mas mantem-se quanto a mim, válida). Mais, o Povo Português é ordeiro e como se verificou nos acontecimentos que refere, portou-se com a dignidade de quem protesta, mas fá-lo Democráticamente.
Temo que a mais que provável aceleração da degradação das minimas condicções da dignidade humana, possa alterar este comportamento. A crise ainda só afecta materialmente algumas franjas da nossa sociedade,é obvio que as medidas que entretanto vão sendo aprovadas vão alargando essa afectação a toda a sociedade(excluido naturalmente aqueles que nunca são afectados, sendo até, sempre benefeciados)esperemos que quem dirige os destinos do nosso País perceba isto.
Cumprimentos
Caro Zéparafuso,
ResponderEliminarO seu texto foi, para mim, de uma muito gratificante leitura pela clareza, a justeza e a lucidez com que, de forma frontal e sem subterfúgios, expõe a realidade do que somos, sem escamotear o que tentamos gerir no contexto do que o mundo nos faz sentir.
Subscrevo as suas palavras, meu amigo e saiba que muito me apraz publicá-las aqui.
Um abraço amigo e solidário.