quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Um País em Greve Geral...


A Greve Geral a que os portugueses hoje aderiram (ler Aqui) é a expressão colectiva do descontentamento geral da população com os índices de empobrecimento progressivo do país e as políticas económico-financeiras que, por toda a União Europeia, debilitam as democracias e diminuem perigosamente os direitos dos trabalhadores e a dignidade das condições de vida dos cidadãos. Sem expressão pública deste descontentamento, os mercados e as economias dos países que insistem em manter a dominação económica do espaço comum europeu não têm reacções colectivas capazes de conter e atenuar a lógica anónima do lucro, indiferente aos problemas das pessoas que continuam a ser a própria razão de ser da economia e da política. A unidade sindical que Portugal registou no dia de hoje é um sinal importante no contexto da UE enquanto alerta para a urgência da mudança do teor ideológico das políticas nacionais e comunitárias.

10 comentários:

  1. Cá está, o destinatário da greve...
    Estamos, de novo, sintonizados.
    Só não soube dizê-lo tão bem e tão sucintamente no meu poste no Vermelho.
    Um abraço.

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  2. Gostei de ver, pena não ter tido ainda mais aderentes... pode ser que para o ano de 2011/2012 o número de aderentes cresça, pois isto vai piorar.
    Entretanto uma notícia que gostei especialmente de ouvir hoje, foi a confirmação da regra da excepção... os cortes no salários são para ser aplicados aos mesmos otários do costume... os finos, que trabalham por conta do Estado mas em Empresas deste, esses são a excepção...
    E depois a cereja em cima do bolo, foi ouvir o Passos Coelho a afirmar que concorda com isto... que rico 1º Ministro que vamos ter...

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  3. Ana Paula,
    Estou de acordo com o que escreve, como quase sempre. Mas o famigerado eixo franco-alemão rejeita uma solução sólida e de coesão, para valer às economias mais frágeis. Se usassem o BCE para cobrir as necessidades financeiras dos Estados-membros, não havia lugar a este anónimo (?) ataque especulativo, agora dirigido mais intensamente a Portugal e a Espanha.
    Ainda hoje, a imprensa divulgava que o FMI recomenda alterações ao nosso Código de Trabalho no sentido de serem reduzidas drasticamente as indemnizações a trabalhadores mais antigos, quando dispensados pela entidade empregadora. Uma vergonha e uma violência anti-humanitária. Portanto, a jornada de luta dos trabalhadores de hoje, em Portugal, tem que ser replicada e ampliada a outros países europeus, para que as políticas mudem radicalmente.
    Um abraço de amizade,
    Carlos Fonseca

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  4. Seria importante prolongar este espírito por mais tempo. Penso que o concerto organizado pelo Sindicato dos Pofesores foi um bom momento que me fez lembrar a necessidade de recuperar as canções de intervenção.

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  5. Sim, Miguel... ainda bem que estamos sintonizados porque é preciso que a própria UE perceba que é ela o principal destinatário destas manifestações públicas que, um pouco por todo o lado, têm emergido e que não podemos deixar que sejam interpretadas e percepcionadas como casos pontuais, sem que delas se faça a devida leitura integrada e sistémica.
    Um grande abraço.

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  6. Caro Voz a 0 DB,
    De facto tudo isto é complexo e prenuncia cada vez mais dificuldades... quanto ao cenário que presume viável para Passos Coelho, gostaria sinceramente que não tivesse razão nomeadamente porque, no contexto actual, ele encontrará todos os pressupostos e fundamentos de que necessita para lançar e impor condições tão ou mais rigorosas do que seria suposto o FMI fazer e não perderá a oportunidade para proceder aos últimos desmantelamentos estruturais do Estado Social - por convicções técnico-ideologicas, acredito que sim mas, sem nos deixar a possibilidade de as anularmos no futuro quando começarmos a viver segundo o princípio conformista do senso-comum: "sempre assim foi: ricos e pobres... o que é que se há-de fazer?"... e acredite, apesar de não parecer é ainda possível fazer muito mais para pior.
    Abraço.

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  7. Caro Carlos Fonseca,
    Como já vem sendo habitual :), subscrevo na íntegra as suas palavras. De facto, também eu considero de enorme importância e com carácter de urgência, a realização de manifestações desta natureza e dimensão por toda a UE, atrevendo-me a sugerir uma planificação global que permitisse simultaneidade desta expressão pública que é, afinal, o único e credível aliados dos cidadãos.
    Um grande abraço.

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  8. Caro Carlos Barbosa de Oliveira,
    ... tem toda a razão... é preciso vir "para a rua gritar" e cantar "até que a voz nos doa" as palavras que reflectem o pensar e o sentir de cidadãos que não estão dispostos a desistir... a manifestação na baixa a propósito do concerto organizado pelo SPGL foi, de facto, revigorante e recomenda-se: a repetir :)
    Beijinho

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  9. O cenário, tenho a certeza que será o Passos Coelho (leia-se PSD) a ganhar as próximas eleições... e porquê tenho esta certeza? Simples:
    1º História dos últimos 35 anos;
    2º O grau de dependência do Governo, seja ele PS/PSD, é já tal, que só o número de pessoas dependentes directa e indirectamente destes tipos chegam para porem um ou outro no poleiro;
    3º O Povo (os dependentes directos/indirectos) não tem coragem de acabar com o ciclo vicioso PS/PSD pois implica acabar com a boa vida que tiveram até 2008/9;
    4º Só em 2011/2012 é que este Povo irá sentir no lombo, passe a expressão, o peso do que por aí vem;
    e para acabar (até podia referir outras coisas mas estas já chegam)
    5º Este Povo está assim

    De resto, também já sabe o que penso: Enquanto não destruirmos a raiz do problema, nunca existirão grandes alterações... e também já lhe disse o que acredito ser, verdadeiramente, a raiz do problema.

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  10. Caro Voz a O DB...
    ... pois... o país está "assim"... e sim, sei bem o que o meu caro amigo pensa e cuja lucidez me esforço em tentar que nos não "pese" tanto ao ponto de nos anular a esperança :))
    Obrigado por me obrigar a este exercício que muitas vezes me faz sentir, passe a expressão, uma espécie de "advogado do diabo" :))
    Grande abraço.

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