quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Uma questão complexa... e prioritária!


... é uma questão complexa que deixa perplexos os portugueses apesar da sua aparente invisibilidade - e digo "aparente" apenas porque a invisibilidade, no caso, se aplica só ao enunciar público do problema já que, no que respeita à sua consideração em termos de resultados, a respectiva complexidade é, pelo contrário, de uma evidência a que o termo "chocante" se adequa na perfeição. Comecemos pelo princípio: as Ciências Sociais e Humanas que, nos anos 60, em França, tiveram um desenvolvimento e uma visibilidade públicas de inegável dimensão, chegaram a Portugal nos anos 80 apesar de, ainda hoje, 30 anos depois, ser visível a negligência intelectual, científica e política a que são votadas no nosso país onde, a cada passo, se descobre que ninguém sabe para que servem - e que, perante tal ignorância não assumida, decidem que o melhor é delas desinvestir, deixando-as sucumbir à errónea percepção pública da sua inutilidade. Decorrente deste raciocínio provinciamente pragmático, foram formadas gerações de pessoas com qualificações superiores que hoje preenchem lugares sem ligação com as respectivas áreas de formação ou que se encontram em situação precária de desemprego ou sub-emprego. Dito isto, deixamos à reflexão de todos a apreciação do que acontece na sociedade portuguesa relativamente à articulação deste binómio que se requer, por definição, concertado: "qualificação/produtividade"... por fim, atendamos ao que me conduziu à redacção destas linhas: após o desinvestimento na formação académica vocacionada para o ensino e para a investigação socio-cultural, Portugal investiu, desmesuradamente!, de há décadas a esta parte, na formação de economistas e gestores!... Ora, a questão é: com tantos especialistas na matéria ou, pelo menos, com tantos quadros disponíveis que, no âmbito de um exercício institucional e organizacional estruturado e competente, poderiam aperfeiçoar os conhecimentos adquiridos, adaptando-os (e sublinho: adaptando-os!!!)ao mundo concreto do trabalho, como justificar a inoperância de resultados na economia portuguesa? ... não, a questão não é de somenos importância! ... porque o problema da dívida soberana e da estabilidade económico-financeira do país não se resolve com mais endividamento acrescido de elevadissimas taxas de juro ou com a sistémica engenharia financeira decorrente da criativa correlação orçamental entre receitas e despesas mas, isso sim, com a revitalização e o investimento no aparelho produtivo sem o qual nem exportações nem sustentabilidade endógena serão viabilizadas... e esta incontornável realidade tem, reconhecida e indiscutivelmente, uma relação próxima e directa com a questão da qualificação e dos recursos humanos que, em Portugal, tem que ser revista de forma radical ao nível dos critérios, dos conceitos e do projecto de futuro do país em termos de modelo de desenvolvimento pretendido e adequado, bem como, necessariamente, da definição estratégica das metodologias, mecanismos e procedimentos indispensáveis à sua operacionalização. Não, não se trata de "pura teoria" ou de argumentação abstracta; trata-se, pelo contrário, de não fugir à realidade e de não obliterar pressupostos e resultados... tudo o resto, sim!, isso é que é, de facto!, pura e gratuita demagogia.

8 comentários:

  1. Até fico abismado!!!! Pessoas formadas em economia, servem para " servir " no estrangeiro. Em Portugal, não? Fico com a impressão que os economistas, os bons claro, não passam de interesseiros, materialistas e outras coisas...terminadas em istas. Tivemos um PM, que abandonou o cargo, porque lá fora lhe davam mais....dinheiro. ( materialista? Não! ). Enquanto PM, cumpria um dever civico, com espirito de sacrificio, etc, etc, etc. Outro exemplo, tivemos em Governador do Banco de Portugal, que aceitou o cargo com espirito de sacrificio, porque era tanbém um dever civico, poderia ajudar o País a sair da crise que se adivinhava, etc,etc,etc. Primeira oportunidade que teve, abandonou o lugar e foi cumprir o dever civico, espirito de sacrificio, para outro lado, porque.....davam mais dinheiro. Materialista? Não!!! Que hei-de pensar, com uma 4ª classe tirada à noite? O único defensor deste País sou eu? Sou obrigado a fazer sacrificios, por quem não os faz, sou obrigado a aturar toda esta gente que vai fugindo do País e eu vou ficando. Que raio de gente é esta?!!!!! Apetece-me dizer que são maus portugueses. Apetece-me dizer que não merecem o País que têm. Apetece-me dizer, desculpe Ana Paula, que vão para o raio que os parta, gente desta não faz falta. Vão e não voltem nunca mais!!!!

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  2. Saravah, Minha Amiga,

    ...truz, truz posso entrar? é que, quero abrir a esta casa, mais uma janela, http://www.youtube.com/watch?v=D57NTsAfhCY , com desafio de proposta, para possivel solução de crise... que tal começar pelo que nos é mais próximo!? que é como quem diz nós próprios!?...

    Para ti, vai especialmente, e em tons matizados de verde Esperança.

    Sempre, sempre o meu Grande Abraço

    M. José

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  3. Cara Ana Paula Fitas,

    Subscrevo sem reservas.
    Contudo, se bem entendi, há uma omissão sua quanto à natureza politica das opções que estão a ser seguidas...

    Abraço

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  4. Dardos sempre em pensamento Ana.
    O meu abraço.

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  5. Caro Zéparafuso,
    Obrigado pelas suas palavras que, de facto, tocam no cerne da questão... os casos que cita são exemplos flagrantes de um problema sobre o qual aqui irei escrever, muito provavelmente amanhã - por não ter tempo para o fazer antes... aguardo o seu comentário.
    Um abraço.

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  6. Saravah, Minha Querida Amiga :))
    ... a porta, como bem sabes!, está sempre aberta... ainda mais aos teus contributos sempre dotados de discernimento e esperança :)
    Obrigado (hoje estou sem tempo!? -como é possível não termos o que por nós inventámos, senão por termos permitido a alienação de nos deixarmos escravizar pelas nossas próprias criações??!!... o absurdo existe, é certo... pena é não o podermos anular ou redimensionar à medida da vontade por nem o nosso tempo controlarmos)...
    Beijo e grande abraço :))
    Namasté!

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  7. Caro Rogério :))
    ... ainda bem que deu por isso... porém, deixei, como poderá ler na minha resposta a Zéparafuso, para amanhã à noite, o prolongamento da abordagem :))
    ... aguardo o seu comentário :))
    Obrigado.
    Aquele Abraço.

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  8. Jeune Dame :))
    ... Dardos! Sempre!... na agudeza da mente e no exercício da razão :)
    Obrigado.
    O meu grande abraço :)

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