segunda-feira, 4 de maio de 2009

A Crise - das previsões ao "interesse nacional"...

Continua o anunciar dos efeitos da crise que agravarão o nosso futuro... As mais recentes previsões da Comissão Europeia para o nosso país, apontam para uma contracção económica da ordem dos 3,7% que, presumivelmente, resultará num défice orçamental próximo dos 6,5%. Esta realidade justifica outras previsões actuais da mesma Comissão, nomeadamente, a que se refere ao aumento do desemprego para 9,1% em 2009 e 9,8% em 2010 (ano em que poderá ser atingida a taxa de 10%). Não poderia ser de outro modo uma vez que, a crise de confiança face aos mercados financeiros, encontra reflexo nas crises do investimento e do consumo que funcionam como factores activos para a emergência da contracção económica... Fica assim explicada a razão que justifica o empenhado pedido de maioria absoluta por parte do PS e o alerta de Jorge Sampaio sobre o risco de «ingovernabilidade do país» se não forem definidos «consensos transversais». No fundo, Portugal não tem, no contexto actual, grandes opções e estas duas possibilidades são, à partida, as que apresentam viabilidade efectiva. Num ano eleitoral como é 2009, seria importante que todas as forças políticas investissem na compreensão deste dilema, posicionando-se de forma a servir o interesse público... os interesses partidários que se esgotam em si próprios ou em cálculos eleitoralistas deveriam, por isso, hoje, ser relativizáveis... mas, isto seria, talvez, pedir demais... porque, neste caso, o "interesse nacional" dispensaria o conflito partidário e, no panorama político português, é essa a principal forma de fazer política!

5 comentários:

  1. Cara Ana Paula

    O remate deste Post diz tudo. Se a Ana Paula o não tivesse escrito estaria a dar razão a MFL quando propõe a suspensão da democracia a bem do “bem nacional”.

    Sobre o que diz Sampaio e sobre a diferenciação que ele pretende existir entre bloco central de interesses e bloco central político já disse tudo o que penso no Eleições2009/o Público. Ele foi um dos primeiros responsáveis pela criação do bloco central de interesses ao ter provocado a substituição de Ferro Rodrigues na direcção do PS. Acredite que é com alguma mágoa que o digo, até porque fui um dos “fundamentalistas sampaístas”, como então nos chamaram no PS, quando defendemos Sampaio. Talvez por isso mesmo não consigo perdoar a Sampaio a situação que ele criou.

    Colocar a hipótese de Bloco Central como ele agora a colocou foi mais um erro que cometeu.

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  2. Caro LNT,

    Sinceramente, não percebo onde é encontra espaço no meu post para poder inferir que eu "estaria a dar razão a MFL quando propõe a suspensão da democracia a bem do "bem nacional""?! se o texto não tivesse "rematado" conforme foi. Com este post pretendi apenas colocar a tónica no facto da situação económico-financeira nacional ser de uma gravidade indesmentível, deixando extremamente fragilizado o nosso tecido social; nesse sentido, independentemente da figura de Jorge Sampaio -de quem me limitei a referir a expressão feliz "consensos transversais" por nos permitir falar de uma abordagem da sociedade portuguesa que, para efeitos de goveranbilidade, não requer o Bloco Central... de qualquer modo, o que o meu texto diz pode ser resumido no seguinte: se não querem o Bloco Central e não acreditam em "consensos transversais", que outra forma de governabilidade consideram viável para além da maioria absoluta?!

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  3. Tudo vai depender da votação no CDS. Ou dá ou não dá para fazer maioria com o PS ou com o PSD. Se não der, como agora parece provável, o partido que tiver mais votos não poderá governar sozinho, nomeadamente se for o PS. O PSD ainda teria uma remota hipótese de formar governo, mas cairia logo a seguir.
    Por isso, o que vai acontecer não havendo maioria absoluta - e tudo aponta nesse sentido - é um governo de Bloco Central, com sacrifício do leader perdedor.
    O Boco Central no poder alterará as regras do jogo eleitoral com vista à formação de maiorias à revelia do voto popular, única forma de PS e PSD resistirem - isto é, tentarem resistir - à usura do poder.
    O que se passará a seguir não será certamente nada de bom, se o país continuar a divergir...como infelizmebnte vai continuar.
    Para mais desenvolvimentos, ver link (Politeia) do post seguinte.
    Parabéns, Ana Paula, por ter abordado o tema
    JMCP

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  4. Há pouco esqueci-me de dizer, em abono do meu ponto de vista, que ainda hoje Vitor Ramalho, na SIC N, ao rejeitar o Bloco Central como solução governativa, disse que a coligação com o PSD em 1983-85 tinha penalizado fortemente o PS que na eleição seguinte ficou apenas com cerca de 20% dos votos.

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  5. Obrigado, caro amigo. Como sempre, as suas análises, inteligentes e acutilantes, evidenciam realidades que as aparências turvam e permitem, por isso mesmo, vislumbrar e discernir novos caminhos... seria muito importante evitar o cenário que descreve... mas, para isso, seria necessária a organização harmonizada de uma estratégia de esquerda... Um abraço.

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