sábado, 30 de abril de 2011

... Quem Precisa de Inimigos???




Quero hoje, antes de mais, agradecer os calorosos, amigos e fraternos comentários à celebração do 25 de Abril feita no A Nossa Candeia e a que ainda não pude responder condignamente por dificuldade de conciliação de afazeres que regressarão ao ritmo normal a partir do dia 1 de Maio... no entanto, se não estou em erro (já que mal tenho acompanhado as notícias dos últimos dias!), para além da expectativa que rodeia a divulgação dos resultados do trabalho que tem estado a ser desenvolvido ao nível da troika, pouco há a destacar para além, infelizmente!, da constatação de uma fortissima falta de sentido de Estado que os protagonistas, sedentos de mediatização, revelam e que mereceu, entre outras, a justa classificação de "imoralidade" feita por parte de Carvalho da Silva a propósito de sugestões inqualificáveis como a que se refere à penalização das potenciais reformas dos cidadãos que usufruiram de prestações sociais como é o caso do subsídio de desemprego!... E se muitas considerações têm sido tecidas sobre esta proposta apresentada com um sorriso cínico por um conjunto de voluntários consultores tecnocratas do PSD, é interessante reparar como, perante a reacção pública à despudorada e cruel "medida", o próprio PSD vem assumir um aproveitamento político do facto, afirmando que o seu programa será "mais leve" do que, subentende-se!, poderia ser - tal como o comprovam as ideias desses neoliberais inconscientes e irresponsáveis (ler aqui)!!! Apesar desta construção programática milimétrica como resposta ao que se percebe ser desejável dizer para agradar à opinião pública, seduzindo-a sob as mais elementares formas de manipulação e demagogia, é grave que, no actual contexto político-económico, o principal partido da oposição mais não tenha para oferecer aos portugueses do que uma estratégia imatura e infantil incompatível com o desempenho sério das funções do Estado que, ao invés, de procurar soluções e atenuar danos, contribui para a criação de condições para o seu agravamento (ler aqui) . Como se nos não bastasse a incompetência política criadora de estímulos efectivos ao desenvolvimento do aparelho produtivo nacional (condição indispensável para a nossa sobrevivência colectiva como país independente e como solução incontornável para evitar a fome, a exclusão e a miséria), contrariando até as informações insuspeitas e os alertas a que, entre outros (ler aqui e aqui), a Direcção da Caritas de Setúbal, tem dado voz (ler aqui), há movimentos de "notáveis"(??) a defender formas de gestão redutoras dos direitos mínimos dos cidadãos, em nome de uma aritmética de gabinete desumanizada e irrealista (ler aqui)... se tivessem o mínimo de sentido de responsabilidade social, diriam, como o disse Isabel Monteiro, dirigente da Caritas-Setúbal, que a troika tem que ter em atenção, acima de tudo, o grau de pobreza e empobrecimento, de exclusão e risco de exclusão de uma parte muito significativa da população portuguesa... E se essa não for, de facto, uma prioridade na definição das medidas que constarão no programa de "ajuda" a Portugal e se os contributos dos irreflectidos neoliberais forem tomados em consideração, é caso para dizer: "com amigos destes, quem precisa de inimigos?"... Ora, uma coisa é certa: ninguém quer ser governado pelo inimigo!

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Da Eternidade das Causas: do 25 de Abril a Zeca Afonso, a Luta pela Liberdade e a Igualdade

25 de Abril na Avenida da Liberdade - Já!

Jaime Gama e o 25 de Abril na AR ...


Foi ontem (e não é de somenos perguntar: porquê só ontem?!) divulgada a notícia relativa aos esforços desenvolvidos por Jaime Gama, na qualidade de Presidente da Assembleia da República, para que, este ano, dissolvido que estaria -como está!- o corpo parlamentar partidário, a Sessão Comemorativa do 25 de Abril decorresse na Sala do Senado, como um evento extraordinário no quadro do regular funcionamento da AR... A Data justificava-o e a Dignidade da Casa da Democracia também! Porém, os representantes parlamentares eleitos para o exercício de um poder agora suspenso não garantiram a sua presença!!! Espanto dos Espantos! Vegonha das Vergonhas! Os "Capitães de Abril" mereciam e os Portugueses queriam uma Sessão evocativa do 25 de Abril de 1974 na Casa-Mãe da Democracia, porque o simbolismo ainda é, em política, essencial!... pelo menos para os que têm cultura política para o reconhecer! Fica, por isso, o elogio a Jaime Gama e a partilha com ele e com os que como ele sabem ultrapassar a mediocridade e a conjuntura das crises, em nome das Causas, dos Princípios e dos Valores deste Compromisso que aprendemos a sintetizar na expressão: 25 de ABRIL, SEMPRE!

"Portugal Ressuscitado" e a sua Meditação 37 anos depois


... hoje, 37 anos depois, vale a pena ler o inspirado e justissimo texto de Fernando Cardoso publicado no Ayyapa Express...

A Censura em "Os Vampiros" de Zeca Afonso

25 de Abril - Património da Liberdade

25 de Abril de 1974 - Posto de Comando do MFA

domingo, 24 de abril de 2011

Breve Resumo do 25 de Abril Para os Mais Jovens

Da Páscoa à Crise - ou da ressureição do FMI?!...



Desculpem o cartoon mas... é verdade!... não resisti a partilhá-lo, perante as notícias de que o FMI soma já um ganho de 360 milhões, decorrente dos lucros gerados pelas suas "ajudas" à Grécia e à Irlanda... ganho este, registe-se!, que a comunicação social tem o cuidado de explicar ser posterior a uma fase de crise do próprio Fundo Monetário Internacional, durante a qual teve que despedir 600 funcionários e remodelar o seu funcionamento... a reforma foi, pelos vistos, bem sucedida!... reformado que foi, o FMI está agora em condições de "ajudar mais" aqueles que, empobrecidos e em profundas crises sociais e humanas (isto sem falar das económicas, financeiras e políticas, claro!), o irão ajudar a lucrar para que a sua missão de "ajuda" continue em franco crescimento... na ajuda e no lucro, claro!... Claro?!?!?!

sábado, 23 de abril de 2011

Da Memória - entre a Escravatura e o Estatuto de Monumento Nacional do Posto de Comando do MFA




... a propósito de "resgates" e "rendições", de "liberdade" e "regularização de contas públicas", ocorre-me uma certa lógica que esteve presente em fenómenos sociais hoje considerados desumanos e absurdos... é o caso da Escravatura, a propósito da qual, vale a pena reflectir a propósito de dois textos publicados por Eduardo Marculino no História Viva... e, uma vez que, como todos sabemos!, o presente é sempre reflexo do passado e configura o futuro, não podemos permitir que a Memória seja apenas isso: memória!... É por isso que a Memória é Património e o Património um testemunho do nosso profundo compromisso com a vida! Daí que, no contexto de uma crise muito mais multidimensional do que geralmente se assume, e porque nos aproximamos de mais uma homenagem ao 25 de Abril que, como sempre, se cumpre no Desfile pela Avenida da Liberdade, seja, cada vez mais, importante materializar os testemunhos de uma Memória que urge reerguer a cada passo... por exemplo, conferindo o estatuto de reconhecimento patrimonial aos espaços onde o 25 de Abril de 1974 deixou de ser um projecto e se transformou em realidade! Fica, por isso, o convite para a assinatura da Petição que defende que o Posto de Comando do MFA onde, em termos de coordenação, a Revolução dos Cravos aconteceu, seja elevado ao estatuto de Monumento Nacional. A petição pode ser assinada AQUI.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Do FMI e da Troika ao Desenvolvimento Regional e à Política Nacional

Enquanto se regista a tendência de subida do PS nas intenções de voto para as próximas eleições legislativas de 5 de Junho e a progressiva tendência de descida do PSD que se pode constatar AQUI e AQUI (voltarei a esta questão no final do texto), a troika reune uma multiplicidade de agentes envolvidos na gestão, no desenvolvimento e no bloqueio da economia portuguesa, fazendo um trabalho que, tal como já acontecera com o PEC IV, o país deveria ter antecipado, conseguindo um consenso para uma negociação do reforço financeiro externo que tanto nos irá custar!... lembrou-o aliás, ontem, Torres Couto numa intervenção na televisão, ao lembrar que em 1983, Portugal falou a uma só voz e se é verdade que os protagonistas dessa altura (designadamente, o governo liderado por Mário Soares, Hernâni Lopes das Finanças, a UGT liderada pelo próprio Torres Couto e a CIP liderada por Ferraz da Costa) tinham um perfil de centro-direita e puderam ser criticados por toda a oposição, exactamente por esse facto, a verdade é que poderiamos ter aprendido alguma coisa e, agora, ao invés da esquerda, em particular PCP e BE, se afastarem do processo de consultas da troika, deveriam participar nestes trabalhos de forma extremamente empenhada!... Porque a verdade é que "contra factos, não há argumentos" e a intervenção externa é já incontornável - razão pela qual o "estado de negação" é simplesmente sintomático de uma patologia depressiva e de uma anomia que, acima de tudo, a todos prejudicará (ler AQUI)... Para quem ainda não analisou e reparou, o problema cultural nacional é organizacional e mental (como já disse F.Pessoa ao escrever sobre "O Caso Mental Português"): não há, na gestão económico-financeira e social do país, vestígio que seja de um efectivo planeamento integrado (daí a completa inexistência de políticas de desenvolvimento regional que, por cá, a classe política local identifica com a defesa dos seus pequenos interesses que, quase sempre, significam um "umbiguismo" provinciano) e, por outro lado, os protagonistas político-partidários não apresentam condições subjectivas (culturais) para o diálogo produtivo, recorrendo à técnica infantil da fuga e do "voltar costas" à discussão (ler AQUI e Aqui). Esperemos que a troika tenha a cultura política suficiente para interpretar de forma articulada e distanciada os diversos e antagónicos contributos dos vários interlocutores nacionais e que, dessa avaliação, resulte a consciência da grave situação social dos cidadãos e um cuidado assertivo na gestão do reequilíbrio das contas públicas que a não agrave mais e mais injustamente!... voltando ao início deste post, felizmente!, os cidadãos revelam manter a inteligência e o discernimento (ver mais um exemplo Aqui)!... porque, por muito que a governação de José Sócrates suscite críticas, um bom resultado para o PS (ser o partido mais votado, por exemplo!) será a única forma de não entrarmos num abismo que nos conduzirá à emergência de uma política autoritária que traz à memória o pior da história contemporânea (ver uma sua evocação AQUI e AQUI), como aliás, já está a acontecer, com a subida da extrema-direita ao poder na Europa, da França à Finlândia. De facto e sem qualquer perspectiva demagógica e menos ainda, dogmática, o pior dos cenários que nos poderia acontecer, seria entregar a governação de um país tão fragilizado como o nosso, a um grupo de políticos que (podendo ser bem-intencionados nas suas convicções literário-ideológicas e partidárias), são de uma infantilidade irresponsável brutal e absurda (ler Aqui, Aqui e, essencialmente, AQUI) que Portugal não merece e que justifica a persistência da participação cívica (sugestão Aqui) já que os cidadãos não podem ser condenados a entrar numa corrida louca para o etnocídio...

Uma imagem que vale centenas de discursos...


Hoje - ou melhor, ontem, pela manhã, cerca das 9h, um homem com cerca de 60 anos dizia para outro que, pela aparência, denotava pelo menos masi 10 anos de vida: "-Vem aí mais um camião de dinheiro... p'rós burgueses!" ... o mais velho, assentiu num gesto discreto de tristeza e tentou acrescentar qualquer coisa que não consegui ouvir... pelo seu olhar, o mais novo deixou transparecer ter ouvido uma verdade... Ocorreu-me, uma imagem... ao fim do dia encontrei o sentido dessa imagem num dos brilhantes carttoons do conhecido Luís Afonso que aqui partilho...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Do Abismo Humano ao seu Contrário...

Do "Abismo Humano" de Van Gogh...

... às paisagens de Monet...


... e à poesia cubana da pintura de Sílvia Garcia-Castro...

domingo, 17 de abril de 2011

Leituras Cruzadas...

Sobre o resultado das eleições na Finlândia, para lamento e reflexão de todos nós pelo que significa e simboliza relativamente ao caminho que a UE escolheu percorrer e para o qual todos somos, de uma ou de outra forma, arrastados (mesmo que contrariados e/ou revoltados) e, mais que isso, acusados de resultados que são alheios à nossa liberdade enquanto cidadãos - porque a democracia representativa não é mais que isso: representativa! - e cabe esclarecer que "representativo" quer dizer que identifica uma parte do eleitorado (sem que isso implique maior saber, maior discernimento ou sequer maior consciência!!!), vale a pena ler o que escreveram Luís Menezes Leitão no Albergue Espanhol, Carlos Manuel Castro no Câmara dos Comuns e Eduardo Pitta no Da Literatura... e, talvez por isso, tenha escolhido hoje, como segunda sugestão de leitura e a título de demonstração de um sinal de sentido contrário - para que se não esqueça a importância que a participação cívica e genuína da capacidade organizativa da expressão que, podendo não ser representativa aos olhos do "regime" pode bem ser, essa sim, identificada com o sentir profundo das pessoas e a sua consciência, os textos de Osvaldo Castro no A Carta a Garcia e de Rui Namorado no O Grande Zoo. Mas porque o estado a que chegou a democracia europeia (não é verdade que Hitler alcançou o poder por via eleitoral?!) é o que, sem paliativos, bem ilustra Raimundo Narciso no PuxaPalavra e bem explica, de forma sucinta mas inequívoca, JMCorreia Pinto no Politeia, a situação em que nós, portugueses, nos encontramos, requer respostas não só rápidas mas, essencialmente, urgentes... e não me refiro apenas ao que já consta de mais um acordo que volta a re-hipotecar-nos o futuro (leia-se o já citado JMCorreia Pinto) mas, também no que à nossa efectiva realidade nacional respeita, a despeito do que interessa à especulação dos mercados que, a tal acordo e com o apoio de uma oposição em que tem particular responsabilidade a direita sedenta de poder (que não podemos deixar de perspectivar num contexto europeu de que a Finlândia é apenas mais um exemplo), através de um profundo exercício de reflexão, debate e intervenção concertada para a qual contribuem chamadas de atenção incontornáveis como as que, corajosamente, faz Vital Moreira no Causa Nossa mas, também, os já citados Osvaldo Castro, Correia Pinto e Eduardo Pitta... porque nos encontramos perante o mais absurdo (leiam os textos de Miguel Abrantes no Câmara Corporativa, de Sérgio de Almeida Correia no Bacteriófago e no Delito de Opinião ou ainda o já citado Luís Menezes Leitão) do que poderiamos imaginar em vésperas de uma celebração do 25 de Abril que a todos acordou, reergueu e uniu! ... como se não nos bastasse integrar uma aliança sem capacidade de diálogo e sem estratégia num mundo que se requer de conhecimento inteligente (leia-se Eduardo Maia Costa no Sine Die) e o estado comatoso do planeta (leia-se Manuela Araújo no Sustentabilidade é Acção)!... e pronto!... por hoje chega!... mas, para efeitos de uma catarse indispensável nos dias que correm, deixo ainda uma memória evocada pelo Poet'Anarquista e o "Poema em Linha Recta" que, em boa hora, nos devolve Rodrigo Henriques no Folha Seca.

Num Domingo de Primavera, a arte de M. Béjart... dos Clássicos aos Queen...

Num domingo de Primavera, mal não faz se, ao invés de alimentarmos a inquietude, descansarmos o olhar na arte de Maurice Béjart... em "Romeu e Julieta": ... num excerto de "A Sagração da Primavera": ... na sua encenação dos temas dos Queen, como "I Was Born to Love You" (interpretado por Elisabeth Ros): ... e "The Show Must Go On":

sábado, 16 de abril de 2011

Finlândia - Boa Sorte... por Todos Nós!






Este domingo há eleições na Finlândia... nessa Finlândia, com fama de desenvolvida e governada por uma mulher de direita - para nos lembrar que isto da igualdade em termos de paridade, quotas ou lá o que lhe queiram chamar! não é garantia de qualidade, inteligência, bondade, conhecimento ou solidariedade... apesar do que se disse da actual Presidente finlandesa (ler aqui), no terreno a realidade parece ser outra, segundo testemunham muitos dos seus cidadãos e que parece ter reflexo no oportunismo neoliberal com que a campanha eleitoral finlandesa utilizou a necessidade de ajuda externa a Portugal, quase fazendo crer que podia impedir a tal "ajuda" internacional ao nosso país (que de ajuda nada tem e cujo "peso" decorre não só da quase incompreensível ignorância do panorama partidário português mas, também, do facto de já ser "ponto assente" que, provavelmente, decorrente dos custos sociais que a presente "ajuda" nos vai custar em termos de desemprego e incapacidade de crescimento, iremos continuar a precisar de mais "ajudas" - o que demonstra bem, caso dúvidas houvesse!, o carácter calculista do já referido "detonar" intencional das crises financeiras!), a verdade é que a a Finlândia não pode nem vai impedir o apoio internacional à nossa economia (ler AQUI)... mas, este post é fundamentalmente, a expressão de apoio aos finlandeses e finlandesas que aguardam uma mudança política real na ideologia de governação do seu país!... porque, nas palavras de uma amiga, natural e residente, desde sempre, na Finlândia: "estamos ansiosos por uma mudança! Já não se aguenta mais o autoritarismo desajustado de uma pseudo-democracia distanciada da que sonhamos partilhar com todos os europeus... é que estamos mesmo fartos daquela fulana e de toda uma direita, mais ou menos dissimulada que nos anda, há demasiado tempo, a impôr uma gestão democrática que, apesar de representativa não é, de facto, participada!" Assim seja ( ler AQUI)! Por uma Europa e um mundo melhor para todos! "Good night and Good Luck", Finland!

Dos Mercados Contra a Liberdade Política - um sinal contemporâneo da estratégia da decadência dos impérios...



Enquanto, por cá, os protagonistas políticos e mediáticos, partidos, jornalistas, comentadores e cidadãos "treinadores de bancada" vão "desancando" o Governo de José Sócrates, a propósito e despropósito de tudo e de mais alguma coisa e o PSD vai, de contradição em contradição, até à escolha de Fernando Nobre para Presidente da Assembleia da República (coisa que a democracia ignorava poder fazer-se até este rasgo criativo do amadorismo liberal extremo se fazer ouvir), académicos e peritos conseguem publicar - ainda que, como sempre dificilmente!, quando se trata de seriedade e inteligência - já que as agências noticiosas e os alinhamentos "vendem" mais com a violência, o conflito e o escândalo. É o caso de Robert M.Fishman, Professor de Sociologia na Universidade de Notre Dame, que alerta as sociedades para o perigo em que se encontram face às pressões dos mercados. Afirmando sem reservas que os mercados estão a ameaçar decisivamente a liberdade política, Robert Fishman afirma que Portugal teve um desempenho económico forte durante os anos 90 e que "estava a gerir a recuperação da recessão global melhor do que muitos países europeus"... Vale a pena ler AQUI, em língua portuguesa, o resumo do artigo deste académico, cujo original se pode ler AQUI... e depois, meus amigos, é de reflectir... reflectir, reflectir, reflectir muito!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Contra a Especulação, Assinar a Petição!

A crise internacional pode ter sido detonada intencionalmente por interesses que se ocultam, nomeadamente, sob o aparente anonimato das agências de rating. Os EUA já submeteram algumas das mais importantes destas agências a interrogatórios de alto nível e os Senadores concluem da culpa intencional da sua responsabilidade no eclodir de uma crise que afecta o mundo inteiro, com particular incidência, nos até agora designados "países desenvolvidos". A Europa ou melhor, a União Europeia tem sido um alvo privilegiado destes ataques especulativos dos mercados e Portugal é já considerado uma vítima desta "armadilha", considerando que as economias mais frágeis são, naturalmente, mais vulneráveis a estas estratégias financeiras de obscuras intenções e cujos danos acabam por resultar em "tiros nos pés" dos que, inclusivé, durante muito tempo, protegeram e defenderam estes procedimentos. Faz, por isso, todo o sentido assinar a petição que pede a investigação, a avaliação e a legitimação de respostas socio-políticas e socio-económicas ao brutal e desumano mundo da alta finança. O link para se aceder à esta petição está aqui e será contribuir para o bem de todos, o ler o seu conteúdo e proceder à sua subscrição:


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Diego El Cigala - Homenagem ao 8 de Abril, Dia Internacional dos Ciganos

Dia 8 de Abril é o Dia Internacional dos Ciganos... e Diego, El Cigala, um magnífico intérprete da música cigana e flamenca... pela sua voz registamos a homenagem ao Povo Cigano de todo o mundo! ... com os temas "Lágrimas Negras":

e "Hubo un Lugar":

terça-feira, 12 de abril de 2011

Da "Menina estás à Janela" ao FMI - A Resistência da Esperança

"Menina estás à janela" de Vitorino, cantado no Coliseu em 1985, cantado pelo próprio e os irmãos Carlos e Janita, acompanhados por um público encantado e solidário é, para mim e para muitos, um cantar de esperança e de quem confia em que tudo venceremos e ultrapassaremos, convictos e unidos... pode não vir muito a propósito mas, ocorreu-me à memória, talvez por associação de ideias quando pensava num outro cantor de intervenção cuja evocação vem, neste momento, muito a propósito:

José Mário Branco escreveu "FMI" em finais dos anos 70 do já passado mas tão próximo século XX (ler aqui), um poema que cantou e ficou para sempre na nossa memória. A letra desse inesquecível rasgo de revolta e ironia pode ler-se Aqui... porque os poetas e os cidadãos têm o direito de dizer o que lhes vai na alma, independentemente do que reflectem respeitáveis opiniões especializadas (ler aqui)... entretanto, também por ironia e pelo medo que a todos toca do quanto nos afecta e poderá vir a afectar uma crise que os mercados e os profissionais da política partidária, destituídos de responsabilidade social e sentido de Estado, em nome da demagogia e do eleitoralismo fácil, ocorreu-me que estamos afinal, apenas!, a reencontrar o mesmo antigo e quase eterno paradoxo entre o que o poder nos diz ser necessário e aquilo que o nosso próprio entendimento retira da realidade... a canção de Vitorino referia-se a uma realidade rural mas, até por isso, podemos perceber como as mudanças são frágeis e antagonismo de interesses entre o poder e os cidadãos persiste...

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Leituras Cruzadas...

Muito há a dizer na noite que antecede o início dos trabalhos do FMI em Portugal, em pleno período pré-eleitoral, após o congresso do partido do governo, depois de mais um tétrico tremor de terra no Japão e depois da entrevista que Mário Soares acabou de dar à RTP. Porém, pelo valor intrínseco que motiva as nossas intervenções no sentido do reconhecimento da ética, da objectividade, do interesse prioritário da qualidade de vida das pessoas e da defesa dos direitos dos cidadãos conquistados democraticamente e recentemente alvo de sucessivos retrocessos, há uma notícia que merece, de facto!, a nossa reflexão. Refiro-me a Fernando Nobre, o homem que se proclamou independente e apartidário, que entrou numa corrida eleitoral presidencial com objectivos que evidenciaram, desde o primeiro momento, o intuito de alterar os resultados possíveis de uma eleição, como agente externo mas, a quem poderiamos, num acto de boa-fé (é verdade que, como diz uma amiga minha sempre que eu invoco o princípio da boa-fé, base jurídica primordial: "Tu lembra-te sempre que Boa-Fé é uma freguesia" - e é!... localiza-se, para quem não sabe no concelho de Montemor-o-Novo, a escassos kilómetros de Santiago do Escoural), presumir ingenuidade (a que eu já chamei, apesar disso e aqui mesmo, narcisismo!) ou inexperiência, vulnerabilidade ou megalomania... mas se a notícia merece hoje o nosso destaque é, simplesmente(?), porque, ontem, o mesmo Fernando Nobre aceitou ser cabeça-de-lista do PSD pelo círculo eleitoral de Lisboa, a troco de um lugar até hoje nunca pré-anunciado: o de Presidente da Assembleia da República, no caso de vitória do, afinal!, seu partido! Por isso, depois de ontem ter consultado (sem comentar, refira-se) a página do Facebook de Fernando Nobre e de ter lido a expressão clara de sinceras desilusões de pessoas que nele votaram por acreditarem na sua titubeante e patética demagogia, acabei de ler, há pouco, em nota de rodapé nas televisões, que a referida página foi encerrada para calar ou esconder as críticas que a sua afinal tão propagada transparência não foi sequer capaz de enfrentar. Por tudo isto e pelo significado que a decisão de Fernando Nobre traz à cidadania em que as sociedades contemporâneas depositam parte substantiva da esperança , vale a pena destacar uma série de leituras, de autores sérios e lúcidos que sempre defenderam o exercício saudável desta cidadania que Fernando Nobre tem o desmérito de trair, despertando a justa desconfiança das pessoas no que parecia ser uma fonte de energia alternativa, paralela ao exercício de uma democracia representativa que, por sinergias próprias, incorre muitas vezes em erros, a que a democracia participativa pretende dar um contributo qualitativo, generoso, benéfico e corrector. Pelo mal que Fernando Nobre acabou de institucionalizar contra o interesse público e o altruísmo democrático, fruto de um genuíno exercício puro de participação cívica, leiam-se aqui alguns dos comentários que, por suas mãos e por sua exclusiva culpa narcisista, suscitou:


JMCorreia-Pinto no Politeia

Raimundo Narciso no PuxaPalavra

Graza no Arroios


Renato Teixeira no Cinco Dias

Luís Menezes Leitão no Albergue Espanhol

...porém, felizmente!, porque o problema de Portugal se não esgota nas atitudes que caracterizam as personalidades e patologias de cada protagonista, vale a pena ler, com atenção, sobre a tão requerida "ajuda externa" a Portugal, o que escreveu o já citado JMCorreia-Pinto, sobre o papel político dos cidadãos, o excelente texto de José Saramago no Outros Cadernos de Saramago e sobre o "estado da arte" do panorama político-partidário português, o post de Rui Namorado no O Grande Zoo.

A terminar o Leituras Cruzadas de hoje, fica ainda registo de uma boa notícia (leia-se o post de Sofia Loureiro dos Santos no Defender o Quadrado e ouça-se, na íntegra, no Absorto de Eduardo Graça*) e a divulgação, o apelo e o agradecimento ao também já citado Graza no Arroios.
(nota: o post assinalado com asterisco foi publicado umas horas depois da publicação deste post)

domingo, 10 de abril de 2011

Do Congresso do PS ao BCE e à Islândia...

A notícia não podia ser mais preocupante e pode ler-se AQUI... de facto, a Europa do Sul é, na União Europeia, o elo mais fraco de uma globalização em crise (por acaso já repararam na taxa de cortes e juros que está a ser exigida à própria Administração norte-americana e que ronda os 35%?) que, a nível internacional, se não comove com os voluntarismos e oportunismos eleitoralistas que por cá se fazem ouvir, vertical e horizontalmente, da direita à esquerda, que apenas denotam uma representação ultrapassadissima da consciência do mundo real em que vivemos. Por isso, seria arrogância ou tolice ignorar o discurso de José Sócrates no encerramento do Congresso do PS que hoje terminou em Matosinhos porque, apesar da campanha estar aberta para as legislativas de 5 de Junho, o ainda Primeiro-Ministro de Portugal tem razão no que diz,recorrendo a argumentos incontornáveis, independentemente do que isso possa ou não (des)agradar a muitos dos seus opositores ou apoiantes:
... e não se pode dizer que as pessoas estão, acriticamente, a apoiar o actual reeleito Secretário-Geral do PS, porque as suas opiniões reflectem ponderação e consciência em relação ao presente e a eventuais cenários futuros:

Porém, Portugal não é uma ilha e o facto da política interna portuguesa e, em particular, a da oposição, falar como se o fosse, não acrescenta mais-valias concretas garantidamente eficazes para as soluções que, conjuntamente, teremos que encontrar para a sobrevivência da Europa onde estamos e queremos viver... e se Jean Claude Trichet reconhece que a potencial subida da taxa de juros do Banco Central Europeu pode ser devastadora para os países do sul europeu e o Director da Fathom, Danny Gabay, afirma ao "The Observer" que a Grécia (apesar da intervenção já em curso do FMI) seguir por um caminho insustentável e que a Espanha se encontra, de facto!, vulnerável, podemos estar certos de que não são os jogos partidários domésticos que resolvem um problema de uma tal dimensão... porque as respostas à possibilidade de incumprimento real dos requisitos económico-financeiros europeus e internacionais não são evidentes, nem gratuitas... disso é exemplo a Islândia que analisa assim o resultado do referendo a que sujeitou a questão do pagamento pelos contribuintes das dívidas aos bancos:

CRAVOS NAS ESCADARIAS DA DEMOCRACIA!




Está já disponível no Facebook o Grupo de Apoio às Celebração do 25 de Abril na Assembleia da República. Criado por Miguel Miranda e Susana Carinhas, o grupo tem como objectivo promover uma iniciativa pacífica mas profundamente simbólica: no próximo dia 25 de Abril, cada cidadão depositará na escadaria da Assembleia da República, um CRAVO VERMELHO... para que não esqueça! Para que permaneça vivo e todos o saibam! O link é:




Os autores, partilhando a sugestão que aqui apresentei, materializaram uma ideia que todos desejamos seja coroada de muito sucesso pela grandeza e generosidade que representa num tempo que tanto precisa de genuína esperança, determinação e afirmação de valores! Eu já aderi - naturalmente! e convido todos mas todos os cidadãos a fazer o mesmo! Viva o 25 de Abril! Viva a Democracia! Viva a Força Unida da Cidadania!


CRAVOS NA ESCADARIA DA DEMOCRACIA é o nome feliz que os jovens Miguel e Susana deram à iniciativa! O nosso profundo, sentido e sincero agradecimento a ambos, símbolos da revitalização da esperança!

sábado, 9 de abril de 2011

Partido Socialista - o Congresso de 2011

Está a decorrer, em Matosinhos, desde ontem, o Congresso do Partido Socialista... e se ainda nada escrevera sobre o evento, apesar do substancial e importante discurso de abertura de José Sócrates que deixou inequívoca a intenção da defesa do Estado Social pelo PS mesmo em contexto de intervenção externa do FMI em Portugal, foi porque, como sabem os que por aqui passam, não gosto de insistir demasiado nos mesmos temas e decidi acompanhar, nas televisões, os trabalhos deste Congresso, até considerar ter recolhido a informação suficiente para dizer o que me é dado pensar sobre os conteúdos da iniciativa. E se dois sinais de consistência ideológica e de ética política, capazes de reiterar a importância da honestidade, da cultura política e da responsabilidade social na defesa do Estado Social foram hoje afirmados de viva voz por José Sócrates:

... vale também a pena registar duas intervenções que considero importantes para a sociedade portuguesa. Refiro-me, por um lado, à intervenção de Manuel Alegre feita hoje no Congresso do PS:

... um Congresso onde o próprio José Sócrates desmascarou evidências que a maior parte da população desconhece mas que é preciso revelar, para que os cidadãos saibam quais são, de facto!, os objectivos que justificaram o investimento do PSD na marcação de eleições legislativas antecipadas, num dos piores e mais difíceis momentos da história recente da Europa e do país:

(nota "a posteriori": o vídeo sobre Ferro Rodrigues e Francisco Assis não estava disponível à hora de publicação deste post, tendo sido acrescentado já tarde, na noite, surripiado ao A Carta a Garcia!, em substituição do link para a notícia sobre o anúncio que, contudo, é preferível ver e ouvir)

De Portugal à Alemanha - uma crise maior que nós...

Enquanto o Comissário Europeu para os Assuntos Económicos, Olli Rehn, apela à responsabilidade política e social do espectro partidário português, Jacques Attali, reconhecido consultor político, enquadra o problema da crise portuguesa no contexto europeu, em declarações que, para além da especulação mediática, devem ser tomadas em consideração... Afinal, apesar do apontamento comum também aqui perceptível do economista Pascal Lima, o que importa é, de facto!, o que diz Attali, ao afirmar que, entre Portugal e a pretensa solidez alemã, vai apenas um pequeno passo que se resume a um toque: o do "efeito dominó"... Ignorar o problema é, de facto, desconhecer a dimensão da interdependência em que assenta o pró-federalismo europeu... Está, por isso, em causa, o dito modelo social europeu que os cidadãos apoiaram, cuja fragilidade está nas mãos das opções político-económicas e financeiras de todos os líderes da UE...

Já em plena campanha eleitoral e apesar dos pequenos indicadores da retoma de modelos envelhecidos de eventuais "blocos centrais", outros considerandos poderiam ajudar, de forma inovadora, ao consenso nacional que é preciso ser capaz de construir: ... assim o queiram, da direita à esquerda, em Portugal! Pela Democracia e Pela Vida dos Cidadãos.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

FMI - Lembrete aos Fuínhas...



Excelentissimos Senhores, serve o presente "lembrete" para vos relembrar que, apesar de cientes das dificuldades e dos esforços, os cidadãos europeus continuam a defender um modelo social que promova, com eficácia, os direitos humanos e os direitos cívicos e que garanta, indefectivelmente, a luta pelos valores e objectivos que deram origem ao conceito de Europa Social, ou seja, democracia, liberdade e pleno emprego... Obrigado!... ah sim, e pelos Objectivos do Milénio, a Igualdade de Género e de Oportunidades, a Não-Discriminação, a Luta contra a Pobreza e as restantes prioridades do Desenvolvimento Humano!

terça-feira, 5 de abril de 2011

E a Espanha aqui tão perto...


Jose Luiz Zapatero anunciou que se não recandidata a um novo mandato na Presidência do Governo espanhol (ler aqui)... e decidiu fazê-lo um ano antes das próximas eleições para permitir que a sociedade espanhola e o PSOE se preparem para enfrentar o futuro (ler aqui)... curiosamente, Zapatero afirmara há pouco mais de uma semana, que a União Europeia iria confiar na capacidade do Primeiro-Ministro José Sócrates em resistir à pressão internacional dos mercados no que respeita ao recurso à "ajuda" externa (ler aqui). Tinha razão! A UE confiou mas, a oposição político-partidária interna portuguesa, não... por isso, hoje, perante o anúncio de Zapatero e a sua dupla consciência relativa, por um lado, à crise interna espanhola de que é inequívoco indicador o nível de desemprego no país que afecta cerca de 4 milhões e meio de cidadãos e, por outro lado, à que lhe permite a sua perspicácia político-económica relativamente à crise financeira internacional e europeia, ficamos com mais um relevante sinal de alerta no que respeita à complexidade do tempo que o modelo social europeu atravessa.... vale aliás, a pena ler o texto de José Carlos Molina no seu Hacia un Mundo Nuevo.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Leituras Cruzadas...

O país respira um ambiente pré-eleitoral e a comunicação social esforça-se por lhe suscitar irritabilidade (vale a pena ler o texto publicado no Socialismo-Cultura) e, apesar das leituras e factores que requerem tranquilidade analítica (vale a pena ler os textos de JMCorreia-Pinto no Politeia, de Francisco Seixas da Costa no Duas ou Três Coisas, de Osvaldo Castro no A Carta a Garcia, de Vital Moreira no Causa Nossa, de Joana Lopes no Entre as Brumas da Memória, de Fernando Cardoso no Ayyapa Express, de Graza no Arroios, de Ricardo Vasconcelos no Activismo de Sofá e de Filipe Tourais no País do Burro), o mundo democrático ocidental atravessa, particularmente na União Europeia, uma crise identitária grave de que é incontornável reflexo estrutural o estado económico-social e financeiro dos Estados-membros... contudo, porque das crises podem também emergir a criatividade ou a opção por novas soluções, há sinais de mudança que vale a pena referir, como o que se pode ler no texto de Rui Namorado que coloca o "dedo na ferida" não só no que se refere ao plano europeu mas, também, na abordagem para que nos remete no seu O Grande Zoo, a partir da análise de caso do Partido Socialista e que denota, na essência, o grande desafio com que se confronta a democracia representativa em Portugal.
Agradecimento a Rui Namorado que gentilmente nos honrou com a referência que podemos ler AQUI.

Sakura, Sakura - Das Cerejeiras em Flor...


A alma é o corpo
de todos os povos
e a mente
a herança
de todos os antepassados...
... talvez, por isso, eu ame
as cerejeiras em flor
desde os tempos anteriores
à voz de todas as memórias
como quem reconhece
o chão pelo aroma das culturas...
... depois,
depois escolho os princípios,
os verbos e os versos
- e é aí que reside o grande dom
da conquista desta imensa liberdade
em que consiste a eternidade efémera
do nosso inestimável património.

Os Samurais de Fukushima...

Em 2009 era assim a Festa em Fukushima, no Japão: Agora, em Abril de 2011, no tempo que é o do reflorescimento das cerejeiras, no País do Sol Nascente, em Fukushima, (re)vive-se o medo do nuclear que, um dia, foi em Nagasaki e Hiroshima e hoje, ali mesmo, em Fukushima, ameaça de forma iminente os 50 engenheiros e bombeiros japoneses que lutam contra as fugas dos reactores das centrais energéticas nucleares, conscientes de uma mais que provável morte contra a qual não correm, enfrentando-a entre a consciência e o terror, numa espécie de lenta imolação... por isso, por estes dias, a estes corajosos cidadãos a quem a vida deu de presente a inevitabilidade da não-opção, foi dado já o honroso mas triste epíteto de "Samurais de Fukushima":

sábado, 2 de abril de 2011

Programas e Listas - a prioridade pré-eleitoral que configura o futuro...


Com eleições à vista, seria útil aos partidos políticos uma reflexão interna, de carácter introspectivo e estratégico, sem a qual o país continuará na senda das rotas sem destino, ditadas pelas fugas repentinas às tempestades e a flutuação negligente que assenta numa qualquer crença de um tipo de providência, divina, religiosa, mística ou, simplesmente, preguiçosa e arrogante. Falo não só da imperativa necessidade de enumeração de medidas concretas, com objectivos, metas, orçamentos e avaliação de expectativas em relação a cada uma (contenção da despesa e descrição descriminada das formas de investimento), capazes de dar uma resposta eficaz e simultânea ao problema da chamada "dívida soberana" mas, essencialmente (como alíás, bem destacou Lula da Silva na sua recente passagem por Lisboa ao referir a metodologia de recuperação económica com que geriu com um indesmentível sucesso o Brasil), de reforçar decisivamente o mercado interno ao nível da criação de emprego e da produção económica. Para além disso e de não menor importância, urgência e significado, os partidos políticos que, neste momento, devem estar em plena convulsão aguerrida no que à composição de listas eleitorais diz respeito, há uma opção política de natureza estratégica que deveria presidir à gestão de processo, sem a qual se deitará a perder o futuro, próximo e de médio prazo, da qualidade da vida política portuguesa. Refiro-me, naturalmente, à selecção qualitativa dessas mesmas listas... porque, diga-se em abono da verdade e da seriedade política, grande parte dos protagonistas que tendem a emergir -e até a determinar- o perfil das listas de candidatos está pejada de pequenos e medíocres interesses corporativos partidários, federativos e aparelhísticos, que privilegiam o "acerto de contas" do "deve e haver" dos favores que ninguém se esquece de cobrar nestas alturas e a que cedem os organizadores... em detrimento da qualidade profissional, política, técnica, ideológica e ética que é preciso privilegiar. É, por isso, fundamental, que os dirigentes de primeira linha dos aparelhos partidários desta democracia representativa em cujo regime vivemos, percebessem o que está em jogo e que compreendessem, por uma vez!, o que significa privilegiar o interesse nacional cuja defesa depende também destas aparentemente "pequenas" opções... de outra forma, continuarão a potenciar a exponencialidade da abstenção e a encher o Parlamento de vozes nulas e de figuras sem conteúdo... em prejuízo da Democracia, do País e dos Cidadãos.

Sons Femininos...