domingo, 31 de julho de 2011

Da Educação pela Arte...


... muito do que fundamenta o espírito pedagógico e científico que preside à gestão e dinamização da educação, está a ser desenvolvido fora das escolas, através de um trabalho empenhado e inovador de muitos autores e artistas que procuram transmitir a sua mensagem e manifestar processos de transmissão e construção do saber, essenciais ao estímulo da criatividade... muito ganharia a instituição escolar se importasse estes contributos alternativos para as suas dinâmicas de ensino-aprendizagem e muito ganhariam os cidadãos, crianças, jovens e adultos, se a criatividade integrasse os seus processos de crescimento... em nome do que Bento de Jesus Caraça designou por "desenvolvimento integral do indivíduo".
(O vídeo chegou-me através da publicação de Giancarlo de Aguiar no FB)

sábado, 30 de julho de 2011

Será Cultura Mediterrânica este Presente que nos Aprisiona o Futuro?


...ah!, a herança árabe deste Mediterrâneo entre tudo e nada, à beira da queda e da capacidade de se exceder, faz-nos permanecer neste intervalo a que Mário Sá Carneiro, o poeta, chamou "Quase", em que permanecemos ancorados e expostos à manipulação global das teias dos poderes que nos envolvem e tudo revolvem, deixando pouco mais que nada, além da esperança... Zeca Afonso chamou-lhes "Os Vampiros" e nós que o cantamos, não soubemos até hoje reconhecer e libertar-nos das amarras que a cultura e a sociedade tecem, rede sob rede de outras redes em que, como moscas imobilizadas, esperamos, um golpe de sorte a que, por cá!, no Mediterrâneo, também se chama "misericórdia" e quase nunca acontece... até o fazermos acontecer!

("Arabian Waltz" de Rabih Abou Khalil também com os Silk Road Project)

sexta-feira, 29 de julho de 2011

"Arrastão na Cova da Moura"...


... a solidariedade, o multiculturalismo, a amizade e a construção de um mundo melhor passam por iniciativas em que todos se reconhecem... a preservação da identidade e a disponibilidade para o "outro" são a atitude essencial... e é extraordinário fazê-lo como quem "espalha a alegria" - no caso, protagonizada, em termos de organização pela associação Africamor que David Meireles Henriques, autor do vídeo que aqui partilhamos, integrou...

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Leituras Cruzadas...

Fernando Cardoso no Ayyapa Express
Renato Teixeira no Cinco Dias
Pedro Soares de Albergaria no Sine Die
Ricardo Alves no Esquerda Republicana
Miguel Madeira no Vento Sueste
Jorge Bateira no Ladrões de Bicicletas
Rodrigo no Folha Seca
Sérgio de Almeida Correia no Delito de Opinião
Carlos Fonseca no Solos Sem Ensaio
Ana Cristina Leonardo no Meditação na Pastelaria
Francisco Seixas da Costa no Duas ou Três Coisas

Noruega - A Herança da Consciência do Caminho a Fazer...


... pelo muito que já andámos... e pelo muito que temos a andar... vale a pena relembrar as palavras do Poeta: "Camiñero, no hay camiño; Se hace camiño al andar"...

(a propósito do que escrevi aqui, ocorreu-me a canção de José Mário Branco "Eu vim de Longe" para o registo deste testemunho solidário com a Marcha das Flores em Oslo, a cujo vídeo acedi via "Entre as Brumas da Memória")

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Causa e Militância... Contra a Fome!...


... neste momento, são 12 milhões com fome apenas no chamado "Corno de África"... e destes, 2 milhões são cidadãos somalis, dos quais meio milhão são crianças (ler Aqui)!!! ... sem contar com a fome e a pobreza que cresce em todos os outros lugares do mundo, na África, na Ásia, na América do Sul, na Europa, na América Central, no Magreb, na América do Norte... no mundo! No Brasil, o programa "Fome Zero" obteve sucessos que tornam indesmentível a capacidade de lutar com eficácia contra o flagelo miserável que envergonha a nossa Humanidade... por isso, pela urgência, a seriedade e a gravidade do problema, tudo o que fizermos e repetirmos, nunca será demais... Partilho convosco mais um apelo: o de assinarem a Petição Contra a Fome, promovida pelas Nações Unidas: AQUI ou AQUI.
(ler também aqui, no Sustentabilidade é Acção)

domingo, 24 de julho de 2011

Últimos Dias...


"Últimos Dias - Last Days" é o nome do filme que, em 2007, o realizador e actor José Meireles filmou e interpretou, em Barcelona... um testemunho raro de que, também em Portugal, o cinema, como arte!, pode ultrapassar o tempo, numa actualidade sem reservas e... mais que isso, premonitória! Vale a pena ver!

Recados Cívicos para a Economia Política Contemporânea


Depois de ter escrito a propósito dos massacres na Noruega, é bom saber que, aqui ao lado, o Movimento dos Indignados 15M, continua activo e não dá tréguas ao silêncio e ao terror que os dias vão concorrendo para reforçar... porque ninguém fará regredir a História enquanto nos fizermos ouvir, em alta voz!

Cultura e Democracia - a propósito de "A Filha Rebelde"

É com justo e um sentido sentimento de regozijo que se celebra a absolvição dos três arguidos do processo "A Filha Rebelde", acusados de difamação e ofensa... "A Filha Rebelde" é uma peça de teatro inspirada na figura de Annie Silva Pais, filha do ex-director da PIDE, Silva Pais, que, casada com um diplomata suiço com quem foi viver para Havana, abandonou tudo para se dedicar à causa cubana, apaixonada por Che Guevara e pela Revolução. A acusação que o Tribunal Criminal de Lisboa, na passada 6ªfeira, deu como infundada, reconhecendo que "(...) a crítica pública deve ser um direito e não um risco. (...)", recaira sobre a autora da peça, Margarida Fonseca Santos, e dois administradores do Teatro Nacional, Carlos Fragateiro e José Manuel Castanheira que, inspirados no livro de José Pedro Castanheira e Valdemar Cruz com o mesmo nome "A Filha Rebelde", permitiram ao teatro português enfrentar a história contemporânea, sem braqueamentos! Porém, familiares do ex-PIDE consideraram que algumas das afirmações constituíam difamação e ofensa moral ao Director da Polícia Política que terá ditado a ordem de assassinato de Humberto Delgado e exigiram 30.000 euros de indemnização!!!!... Muito se receou do desfecho deste processo, dados os tempos que correm e que, por certo, concorreram para que a filha e o neto do General Sem Medo, Iva Delgado e Frederico Delgado Rosa, estivessem, tal como esteve Vasco Lourenço, Alípio de Freitas e muitos antifascistas, presentes na audiência para ouvir a sentença em que o juiz, afirmando a liberdade de expressão como "uma das condições das sociedades democráticas", reiterou "o direito à manifestação artística" e "à história". Era o mínimo que se poderia exigir mas, em todo o caso, é caso para destaque e glória da cultura como instrumento maior da Democracia... A absolvição foi aplaudida na sala de audiências e houve cravos vermelhos a ilustrar o grito: "Abaixo a Pide!"  

Da Nova Liderança Socialista...

António José Seguro foi eleito Secretário Geral do PS. O facto é importante não só pelo papel que se presume venha a ter a oposição parlamentar, como pela forma e o conteúdo que irá desenvolver no contexto de profunda crise económica e social que o país atravessa. Ontem, no Público, São José Almeida relembrava que, hoje, na UE, apenas 2 dos 27 Estados-membros são governados pos partidos socialistas e que esses, Grécia e Espanha, se não encontram em condições de ser exemplo para os seus parceiros pelo que considera que a reestruturação do PS deve fazer-se no âmbito da refundação do Partido Socialista Europeu e da própria Internacional Socialista... a jornalista escreveu ainda: "(...) o recentrar ideológico deve ser feito na busca de respostas para o inferno social e para a revolução estrutural das sociedades europeias, que está a ser levada a cabo sob a batuta da Comissão Europeia e do conselho Europeu e que tem como objectivo o empobrecimento das populações e uma nova redistribuição de riqueza, concentrando-a nos mais ricos e nos mais poderosos. (...) para cumprir a sua função social como partido político, o PS tem de passar a fase de autismo em que permanece e que foi patente na campanha interna feita pelos dois candidatos, incapazes ambos de discutir o que quer que fosse realmente importante e consistente em termos de proposta política e ideológica. E foram incapazes pela simples razão de que não tiveram coragem política, nem autonomia suficientes para fazerem a ruptura com o passado. (...)  Sem balanço crítico dos últimos anos, o PS não terá condições de reencontrar um projecto político para a sociedade portuguesa.(...)" Eleito com 70% dos votos de 30.000 militantes (ler aqui), valeria a pena começar por saber, por um lado, quantos foram os militantes do PS que não votaram efectivamente e, por outro lado, aferir o que esperam os portugueses do maior partido da oposição.

sábado, 23 de julho de 2011

Da Crise e do Terrorismo de Extrema-Direita na Europa - o caso da Noruega

A Noruega foi ontem alvo de 2 atentados assustadores que reactivam o alerta de cidadãos e governos para a dimensão dos fenómenos sociais da violência, cujas formas de expressão se adensam perigosamente. Afastadas as demagógicas tentações de acusar sempre "os mesmos", desta vez, está já, clara e oficialmente!, assumida a responsabilidade da autoria do terror trazido para o espaço público de um país aparentemente pacífico. Os autores dos atentados são grupos locais de extrema-direita (ler aqui)!... por isso, desta vez, a UE tem que assumir que a violência está nas ruas do "velho continente" e tem, também!, rostos ideológicos!... porque se a revolta social que marcou as ruas da Grécia muito recentemente foi uma manifestação colectiva de protesto em relação aos custos sociais da lógica financeira contemporânea, desta vez, na Noruega, os atentados denotam um acto de guerra contra os valores da democracia, da valorização da diversidade e, em última análise, dos Direitos Humanos!... porque a extrema-direita ganha terreno com a apologia do racismo e da xenofobia e expõe agora, de forma brutal, a disponibilidade da sua lenta e continuada luta pelo poder para ir mais longe... longe demais!... O alerta está aí, incontornável!... e a crise económico-financeira a que se responde com austeridade e mais austeridade, provoca a emergência de uma faceta ideológica que, através do terror, ameaça, efectiva e perigosamente, a democracia!   

Leituras Cruzadas...

Desculpem... há dias assim... em que não vale a pena justificar os factos ou as citações que valem por si... no dia em que a UE parece anunciar medidas menos "pesadas" para os países mais atacados pela crise de especulação dos mercados, limitamo-nos a constatar que "o que não tem remédio, remediado está"... ficam as citações ... e aos leitores o discernimento que as justifica... obrigado pela vossa compreensão:
JMCorreia Pinto no Politeia;
Jorge Bateira, Alexandre Abreu e João Rodrigues no Ladrões de Bicicletas;
Fernando Cardoso no Ayyapa Express;
Carlos Fonseca no Solos Sem Ensaio;
Raimundo Narciso no Puxa Palavra e no Memórias;
Seixas da Costa no Duas ou Três Coisas, Eduardo Pitta no Da Literatura, Osvaldo Castro no A Carta a Garcia e Estrela Serrano no Vai e Vem...
... mas, porque o mundo é muito mais do que o ocidente, visto de forma globar (ler Manuela Araújo no Sustentabilidade é Acção) ou em termos locais (leiam-se os textos de Artur Costa no Sine Die e de Carlos Júlio no A Cinco Tons), vale a pena reparar que nem toda a demagogia adoentada faz sentido (leia-se Raquel Varela no Cinco Dias) e que o mundo continua ciente da manipulação a que está sujeito, apesar de toda a técnica de vendas (leiam-se Rogério Pereira no Conversa Avinagrada e António Venda no Floresta do Sul)...

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Sons com Sentido... Serge Reggiani: de "O Desertor" de Boris Vian ao "Minha Liberdade"


... não sei se é a Europa de hoje, se o próprio mundo ou, apenas!, a minha sensibilidade que me fazem evocar, aqui e agora, dois temas inesquecíveis de Serge Reggiani: "O Desertor" e "A Minha Liberdade"... de qualquer modo,... a verdade é que, neste momento, a sua sonoridade reconforta...

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A Alma e o Corpo - Da Somália à Revolução do "Rating"...


A ONU declarou 2 regiões do sul da Somália como zonas de fome... há dias tinhamos escrito (ler aqui) que, em pleno século XXI, não há desculpas para a fome!... e a verdade é que, se nem desculpas há para que os chamados "países desenvolvidos" vivam as sequelas de uma crise artificial criada pela virtualidade dos "mercados" que a lógica económico-política e financeira da contemporaneidade inventou e levou ao absurdo, em nome do lucro de anónimos grupos milionários que vivem da especulação em que assenta a exploração de milhões de seres humanos, como podemos, cidadãos e organizações internacionais, compreender a Fome das Somálias dos nossos dias?... Há um tempo em que se torna inequívoca a hipocrisia e em que nenhum argumento serve para justificar o injustificável... porque a Humanidade é um mesmo corpo e uma mesma alma... e é também absurdo querer recuperar só uma das partes do que é, afinal!, uma mesma unidade! Uma efectiva revolução cultural e política requer e exige mudanças políticas e económicas que alterem a lógica do "rating" que nos domina e tornem o mundo financeiro objecto de avaliação e de "rating" dos objectivos humanos que, pelo menos, desde 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, estão definidos e reconhecidos por todos os povos do planeta!

terça-feira, 19 de julho de 2011

Nos 75 anos da Primeira Revolução de Inspiração Anarquista


A Revolução Espanhola celebra hoje 75 anos da resistência catalã ao golpe fascista dos generais que começara no dia anterior, 18 de Julho de 1936, quando, em Barcelona, a 19 de Julho, os militares se confrontaram com a resistência popular. A importância do trabalho cívico e social revolucionário, liderado pelos anarquistas espanhóis, ficou para a História como um momento inesquecível da construção das solidariedades, designadamente internacionais!, que desenvolveram durante a Guerra Civil de Espanha, um trabalho notável de que nos fica memória, justeza e exemplo... As redes sociais da intervenção política dos cidadãos devem a sua origem mais notória a esta prova de fogo que, nos anos 30, enfrentou, de facto, os regimes militares... e, apesar de esmagada a Revolução, é dela que hoje a Democracia se lembra, orgulhosa e... quiçá, saudosa!, face aos tempos que percorrem a Europa contemporânea... porque, como dizia o Poeta: "Vós que lá do vosso império / Prometeis um mundo novo /Calai-vos que pode o povo /Qu'rer um mundo novo a sério" (António Aleixo in Este Livro Que Vos Deixo) .

Mandela Day - 67 anos de luta por 67 minutos para ajudar alguém...


... testemunho da imensa generosidade que caracteriza o desinteresse de quem aprendeu o sentido da vida, Nelson Mandela pediu no dia do seu 93º aniversário que cada um reserve, pelo menos 67 minutos a ajudar os outros... 67 minutos exactamente por serem 67 os anos de combate sem tréguas que Madiba dedicou à causa dos mais pobres e oprimidos... Valeu a Pena! Ninguém duvida!... ninguém tem o direito de duvidar! E hoje, uma vez mais, Nelson Mandela deu mais um exemplo e uma lição ao mundo, dando a conhecer a sua intenção de criar um Hospital Pediátrico gratuito para Todas as Crianças de África, um continente de riquezas sem par onde, neste preciso momento, correm o risco de morrer de fome 12 milhões de pessoas das quais, pelo menos, meio milhão são crianças! Viva Nelson Mandela!

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Leituras Cruzadas - hoje, no "Espaço Público" ocupado por Fernando Belo e Domingos Ferreira no Jornal Público!

Merecem hoje destaque, no Leituras Cruzadas, dois artigos de opinião dados à estampa na edição do dia (18/07) do jornal Público. Um, intitulado "A Guerra dos Capitais" é da autoria de Fernando Belo que, a propósito da crónica de Rui Tavares publicada neste jornal no passado dia 13, evoca o livro escrito em 1944 por Karl Polanyi La Grande Transformation. aux origines politiques et economiques de notre temps, para relembrar a "implosão" da sociedade e da economia provocada, na opinião do autor, pelo mercado auto-regulador que o liberalismo inglês defendeu e em cujo contexto (1914-1944) eclodiram 2 guerras... e é à explicação desta dita "implosão", fundamentada em pressupostos errados que presumiam a aplicação generalizada a todos os produtos dos conceitos de "mercadoria" e "mercado" (enquanto "objecto produzido para ser vendido no mercado" e "contactos efectivos entre compradores e vendedores"), que Fernando Belo recorre, dizendo: "(...) este postulado, diz Polanyi, é falso no que diz respeito à força de trabalho, à terra e à moeda, já que nenhum foi produzido para ser vendido, nenhum é, pois, «mercadoria». Os três devem ser preservados do estatuto mercantil que o liberalismo lhes atribuiu.(...)". Na verdade, a pertinência destes argumentos datados da primeira metade do século passado é, segundo F.Belo, de um "relevo intempestivo" nos dias que correm, se atendermos: 1) ao aumento assustador do desemprego e à "demolição" dos contratos de trabalho em que assentava a organização económica democrática; 2) ao facto da "terra" já não ser terra agrícola mas, "território organizado industrialmente" e 3) ao actual ataque ao euro, uma vez que as moedas servem para comprar e vender mercadorias mas não a si próprias, como é característico do "(...) absurdo a que os financeiros podem chegar em suas guerras de capitais.(...)". Considerando que a actual crise repete a da primeira metade do século XX, Fernando Belo deixa a pergunta: "(...) Como será possível ter em atenção os argumentos de Polanyi, senhores economistas, transpô-los para esta crise e para a reformulação da vossa ciência, que Friedman despolitizou e tão graves consequências está a ter?"... O outro artigo de opinião a que me refiro é de Domingos Ferreira, intitula-se "Apocalypse Now" e começa assim: "(...) A Europa da solidariedade, da moeda única, da liberdade de pessoas e capitais num espaço sem fronteiras está fortissimamente ameaçada (...)". Considerando que os actuais líderes europeus não têm visão política para além dos respectivos interesses nacionais, ao contrário de  outros como Kohl, Miterrand e Delors que, na opinião do autor detinham "(...) uma profunda visão continental do projecto europeu (...)", Domingos Ferreira confronta os políticos contemporâneos com o facto de precipitarem eleições quando deveriam pugnar pela estabilidade política, cientes da profunda crise económica que atravessamos e acusa-os de hipocrisia quando criticam os pareceres negativos das agências de rating, uma vez que foram eles os grandes defensores do "(...) escrupuloso cumprimento das orientações das agências de rating (...)". Afirmando que se trata de uma forma de desresponsabilização política destes protagonistas, o autor analisa os argumentos das agências de notação financeira e as reservas dos países do Norte da Europa no que se refere à ajuda aos chamados "países periféricos" e afirma, no que se refere a todas as medidas ditas  "alternativas": "(...) a implementação de qualquer um destes planos provocará inevitavelmente milhares de desempregados e falências. Deste modo, pode-se concluir que estas terapias não resultarão, dado que, só com o estímulo que representa grande parte dos 25 milhões de desempregados da UE voltarem ao trabalho, haverá crescimento económico e equilíbrio das contas públicas.(...)" . E, perguntando até quando estarão os eleitores dos países periféricos disponíveis para pagar as dívidas aos bancos dos países do Norte e até quando estarão os eleitores destes países do Norte disponíveis para ajudar aqueles, remata: "(...) Estas são escolhas que terão que ser efectuadas nas ruas de Atenas e nos gabinetes de Bruxelas, Paris, Frankfurt e Berlim. Estejam atentos, haverá muitas notícias, todavia, muito poucas serão boas.".

(Nota: o sublinhado a bold resulta da minha chamada de atenção para a afirmação em causa, sendo da minha autoria)     

domingo, 17 de julho de 2011

Cristina Kirchner, Presidente da Argentina, a Coragem da Vanguarda...


A Presidente da Argentina Cristina Kirchner, tomou uma medida extraordinária que, por muito que não me apraza dizê-lo´na medida em que considero que a competência, o mérito, a justeza e a justiça não são e não devem ser tratadas como questões de género (a não ser no que respeita à institucionalização e às boas práticas da igualdade de oportunidades para todas as pessoas), dificilmente seria adoptada como iniciativa política masculina: proibiu a oferta de serviços sexuais nos meios de comunicação social, considerando que esta forma de publicidade contribui decisivamente para a visibilidade de um negócio que assume a exploração sexual e o tráfico de seres humanos (ler Aqui) A pergunta agora é: quais os países que terão a coragem de reproduzir a política de vanguarda lançada pela argentina Cristina Kirchner, designadamente aqui, por esta Europa tão demagógica onde os mercados valem tudo, inclusivé, ignorar e hipotecar as formas de exploração sexual?

sábado, 16 de julho de 2011

Direitos Humanos - entre o Humanismo da Razão Cívico-Política e a Complexidade Económico-Financeira

Hoje, o XIV Dalai-Lama do Tibete, Tenzin Gyatso, foi recebido na Casa Branca pelo Presidente dos EUA, Barack Obama. O evento foi, como é habitual sempre que o Dalai-Lama é recebido por representantes políticos que simbolizam o apoio de um país e de um governo, objecto de crítica das autoridades chinesas que, de Pequim, enviaram publicamente recomendações ao Presidente Obama no sentido de que não recebesse a personalidade mais visível da luta pela não-violência e pela independência do Tibete, Prémio Nobel da Paz, pensador e crítico dos autoritarismos monolíticos em que a China se integra e se reconhece... contudo, apesar da crise económico-financeira em que a própria economia americana se está a afundar, Barack Obama recebeu o Dalai-Lama!... um dia depois de Moby ter afirmado, num concerto em Portugal, que a crise mundial significará o "fim do império americano", tese que o General Loureiro dos Santos tem defendido há já vários anos, designadamente em 3 dos volumes dedicados às suas ponderadas e pertinentes "Reflexões sobre a Estratégia": "A Idade Imperial - A Nova Era", "O Império Debaixo de Fogo" e "A Ameaça Global -O Império em Cheque"... Dados interessantissimos a pensar, equacionados sob o ponto de vista da análise geo-política e geo-estratégica desde os idos de 2000 e que, agora, a arte e a vida dos cidadãos constata diariamente... para prejuízo do exercício da democracia dos direitos em que nos habituámos a acreditar... Moral da História: Nenhum, mas mesmo nenhum!, interesse tem ou pode ter o poder de hipotecar os Direitos Humanos!   

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Agir para Combater a Corrupção... Já!



Apesar do muito que há a fazer relativamente ao Direito de Petição, vale a pena assinar a Petição Combate à Corrupção Através da Consciencialização, Informação, Formação e Educação, de que são subscritores, entre outros Ana Gomes, Carvalho da Silva e Maria José Morgado.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Dos Direitos dos Povos - Índios Xingu Contra Barragem em Belo Monte


Os índios Xingu têm no rio do mesmo nome e na floresta que o envolve a sua fonte de sobrevivência e a sua própria identidade. Contudo, apesar dos seus justos e sistémicos protestos contra a construção da Barragem de Monte Belo, cuja instalação hidroeléctrica ameaça avançar e destruir um dos mais preciosos testemunhos do Património da Humanidade... e não, não estamos a falar de monumentos mas, de Pessoas, de Povos e Culturas! Por isso, fica a divulgação e o apelo: assine a petição cujo primeiro subscritor é o Chefe RAONI das populações indígenas do Xingu e que está disponível AQUI.


O protesto que aqui propomos para subscrição data de há muito e já em 20 de Abril de 2010 foi divulgado o texto que passo a transcrever:

"(...) Nós, indígenas do Xingu, não queremos Belo Monte

Por: Cacique Bet Kamati Kayapó, Cacique Raoni Kayapó Yakareti Juruna em 20/04/2010
(Fonte: Valor Econômico)

Nós, indígenas do Xingu, estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas terras, mas lutamos também pelo futuro do mundo. O presidente Lula disse na semana passada que ele se preocupa com os índios e com a Amazônia, e que não quer ONGs internacionais falando contra Belo Monte. Nós não somos ONGs internacionais. Nós, 62 lideranças indígenas das aldeias Bacajá, Mrotidjam, Kararaô, Terra-Wanga, Boa Vista Km 17, Tukamã, Kapoto, Moikarako, Aykre, Kiketrum, Potikro, Tukaia, Mentutire, Omekrankum, Cakamkubem e Pokaimone, já sofremos muitas invasões e ameaças. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, nós índios já estávamos aqui e muitos morreram e perderam enormes territórios, perdemos muitos dos direitos que tínhamos, muitos perderam parte de suas culturas e outros povos sumiram completamente. Nosso açougue é o mato, nosso mercado é o rio. Não queremos mais que mexam nos rios do Xingu e nem ameacem mais nossas aldeias e nossas crianças, que vão crescer com nossa cultura. Não aceitamos a hidrelétrica de Belo Monte porque entendemos que a usina só vai trazer mais destruição para nossa região. Não estamos pensando só no local onde querem construir a barragem, mas em toda a destruição que a barragem pode trazer no futuro: mais empresas, mais fazendas, mais invasões de terra, mais conflitos e mais barragem depois. Do jeito que o homem branco está fazendo, tudo será destruído muito rápido. Nós perguntamos: o que mais o governo quer? Pra que mais energia com tanta destruição? Já fizemos muitas reuniões e grandes encontros contra Belo Monte, como em 1989 e 2008 em Altamira-PA, e em 2009 na Aldeia Piaraçu, nas quais muitas das lideranças daqui estiveram presentes. Já falamos pessoalmente para o presidente Lula que não queremos essa barragem, e ele nos prometeu que essa usina não seria enfiada goela abaixo. Já falamos também com a Eletronorte e Eletrobrás, com a Funai e com o Ibama. Já alertamos o governo que se essa barragem acontecer, vai ter guerra. O Governo não entendeu nosso recado e desafiou os povos indígenas de novo, falando que vai construir a barragem de qualquer jeito. Quando o presidente Lula fala isso, mostra que pouco está se importando com o que os povos indígenas falam, e que não conhece os nossos direitos. Um exemplo dessa falta de respeito é marcar o leilão de Belo Monte na semana dos povos indígenas.
Por isso nós, povos indígenas da região do Xingu, convidamos de novo o James Cameron e sua equipe, representantes do Movimento Xingu Vivo para Sempre (como o movimento de mulheres, ISA e CIMI, Amazon Watch e outras organizações). Queremos que nos ajudem a levar o nosso recado para o mundo inteiro e para os brasileiros, que ainda não conhecem e que não sabem o que está acontecendo no Xingu. Fizemos esse convite porque vemos que tem gente de muitos lugares do Brasil e estrangeiros que querem ajudar a proteger os povos indígenas e os territórios de nossos povos. Essas pessoas são muito bem-vindas entre nós.
Nós estamos aqui brigando pelo nosso povo, pelas nossas terras, pelas nossas florestas, pelos nossos rios, pelos nossos filhos e em honra aos nossos antepassados. Lutamos também pelo futuro do mundo, pois sabemos que essas florestas trazem benefícios não só para os índios, mas para o povo do Brasil e do mundo inteiro. Sabemos também que sem essas florestas, muitos povos irão sofrer muito mais, pois já estão sofrendo com o que já foi destruído até agora. Pois tudo está ligado, como o sangue que une uma família.
O mundo tem que saber o que está acontecendo aqui, perceber que destruindo as florestas e povos indígenas, estarão destruindo o mundo inteiro. Por isso não queremos Belo Monte. Belo Monte representa a destruição de nosso povo.
Para encerrar, dizemos que estamos prontos, fortes, duros para lutar, e lembramos de um pedaço de uma carta que um parente indígena americano falou para o presidente deles muito tempo atrás: " Só quando o homem branco destruir a floresta, matar todos os peixes, matar todos os animais e acabar com todos os rios, é que vão perceber que ninguém come dinheiro " .

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Do Rating como Testemunho do Extremismo Neo-Liberal?!...

Perante a constante e insistente descida do rating relativo aos países mais vulneráveis de que são, para já assumidamente!, exemplos e vítimas, a Grécia, a Irlanda e Portugal, a pergunta é incontornável: se os países com elevadas dívidas soberanas chegam a níveis de endividamento externo de tal dimensão que se justificam os respectivos pedidos de intervenção externa às instâncias internacionais (que, em última análise, elevam exponencialmente esses níveis de endividamento), é ou não uma perversidade intencional do funcionamento capitalista neo-liberal dos mercados, esta persistência de avaliação negativa - ao ponto de se justificar que o comum dos cidadãos suspeite que os processos conducentes aos pedidos de empréstimo financeiro internacional sejam o último reduto da garantia de endividamentos que sustentem a lógica de gestão financeira insustentável em que assentam os mecanismos anónimos bolsistas e bancários que decorrem de sugestões induzidas nos potenciais investidores, direccionando-lhes, dissimuladamente, os destinos do investimento?    

Das Agências de Notação aos Eurobonds e da Pobreza à Política...

Enquanto a economia norte-americana dá sinais de ter sido muito mais afectada pela crise do que os mercados dão a conhecer, através do protagonismo das agências de notação que mais empenho parecem denotar em dispersar a atenção dos investidores, desvalorizando o Euro e desestabilizando o mercado europeu, a União Europeia decidiu, finalmente!, por um lado, propor a criação de uma agência de rating europeia como resposta útil ao insustentável índice especulativo que se verifica e, por outro lado, defender que os países objecto de ajuda externa não estejam sujeitos a este tipo de avaliação... A defesa da institucionalização dos Eurobonds como forma de, simultaneamente, mutualizar a dívida pública dos Estados-membros da UE e de promover uma rede dinâmica comum de investimentos estruturais capazes de incentivar o crescimento económico de todos, libertando os europeus deste estatuto de reféns do endividamento externo é ainda um dos mecanismos que mais consenso parece reunir entre todos... designadamente agora, que se aproximam da Grécia, da Irlanda e de Portugal, países como a Espanha, a Itália e a Bélgica!!!... Entretanto, por cá, se diminuir drasticamente a ajuda do Estado como se prevê no quadro dos condicionalismos internacionais e dos recorrentes aditivos governamentais, 43 % da população  ficará a viver em risco de pobreza (ler Aqui)... e o debate entre os candidatos à direcção do maior partido da oposição é o que se pode ouvir Aqui

terça-feira, 12 de julho de 2011

Sons com Sentido... Mediterrânico...

Primeiro esteve em Serpa e domingo, em Cascais - para cuja abertura do concerto foram, justamente!, convidados os Ciganos d'Ouro... falo, naturalmente, de Diego "El Cigala", o cantaor de flamenco que alia, genialmente, o cante cigano, o flamenco e o jazz... as primeiras vezes que aqui partilhei a sua obra decorreram do que, para mim, foi a surpresa da sua descoberta... hoje, a sua evocação é um agradecimento e uma homenagem.


segunda-feira, 11 de julho de 2011

Do livro "Já Uma Estrela Se Levanta..."

 "(...) Sabe-se que evoluímos no espaço, a uma velocidade inimaginável, por entre nebulosas, estrelas e mais estrelas. Sabe-se que o país gira, juntamente com o planeta, a mais de 1500 quilómetros por hora, enquanto a democracia que ajudámos a erguer segue devagarinho entre avanços e recuos. E nós? Nós continuaremos responsáveis pelo futuro - por mim, sem desesperos, nem desistência, que eu nunca esqueci a determinação e o optimismo com que, nos duros tempos do fascismo, cantávamos o hino de Caxias: «Vá, camarada, mais um passo, já uma estrela se levanta»..." (excerto do Prólogo datado de 25 de Abril de 2011).
... Já Uma Estrela Se Levanta... de Helena Pato, é um livro pequeno que se lê de um fôlego... um livro de contos que não são contos, um livro de "estórias"... estórias daquelas!... das que se vivem, das que marcam e se não esquecem ao ponto de, em si próprias, trazerem a urgência da respectiva transmissão, para memória futura dos tempos, da História, da verdade e da razão. São 33 os episódios, reais!, narrados na primeira pessoa, pela voz e a mão de uma mulher que, talvez por serem escritos no feminino, lhe conferem uma tão grande, profunda e, de certo modo!, desconcertante singularidade... 33 momentos arrancados ao passar da própria História recente, por dentro da alma, escritos com uma simplicidade clara e luminosa que nos leva a atravessar o tempo com a leveza do sentir, apaziguadas a dor e a ansiedade... a dor que é contundente, brutal, quase indizível, a dor que não temos o direito de ignorar ou não perceber como é a que dá corpo ao que intitulou "A Maria e o Menino" ... Já uma Estrela Se Levanta... é o livro, breve, intenso e urgente que Helena Pato escreveu e que já se encontra à venda na Livraria Círculo das Letras (um lugar a que se deve estar atento pela qualidade, actualidade e diversidade dos livros disponíveis e pela quantidade e interesse dos eventos regulares que aí vão ocorrendo) e na Livraria do Largo da Graça, chegando depois às outras livrarias do país... 

domingo, 10 de julho de 2011

O Valor da Liberdade - Entre a Independência e a Fuga...

Nasceu ontem, em África, um novo país, de seu nome Sudão do Sul. Na sequência de mais de 20 anos de guerra, após o acordo de 2005, a República do Sul do Sudão viu ontem proclamada a sua independência, reconhecida pela comunidade internacional, com destaque para o Sudão do Norte, a ONU e os EUA (ler aqui e aqui).  Com um potencial petrolífero extraordinário e uma população que vive com cerca de 85 cêntimos por dia, os sudaneses do sul conseguiram, por fim, a autonomia cultural, política e financeira pela qual tanto lutaram... sinal de que, quando as realidades políticas correspondem aos anseios das populações, se não justificam os êxodos massivos do terror e do medo que, aos dramas, acrescentam mais dramas - como é o caso da continuada fuga de refugiados que chega à Ilha de Lampedusa na Itália (ler aqui, aqui e aqui).
E se a todos cabe proteger contra a xenofobia as pessoas que fogem da guerra, da perseguição e da fome, cabe também, à comunidade internacional, prevenir a exploração dos que, agora livres mas, paupérrimos!, ficam expostos à ambição descontrolada dos mais ricos...

sábado, 9 de julho de 2011

Sons com Sentido... - Repetição?! ... ou O Que É Preciso É...


... galopar... de Rafael Alberti a Paco Ibañez... sobre a Vida, o Mundo e a Poesia...

Leituras Cruzadas...

Os tempos correm estranhos, quase bizarros, ridículos, dramáticos... e percebê-lo decorre de uma ainda que ligeira observação do vertiginoso mundo de notícias que nos rodeia, feito de medos e ameaças, sustos e perigos que, à força de quererem chamar a atenção, nos desviam o olhar da esperança e do ânimo que nos alimentará a alma até que as "crises" se reduzam à dimensão natural que lhes cabe e relativamente à qual temos, não só!, o direito de viver com dignidade mas, também, com a sanidade do distanciamento que nos é devida pelo justo e legítimo exercício que é o nosso direito à recusa da manipulação evidente a que somos e estamos expostos, quase incontornavelmente... é por isso saudável e urgente recorrer aos antídotos disponíveis que nos permitem a criação de defesas a esta pandemia do capital que nos resgata as vidas e nos consome as economias, com o riso sádico, cínico e mudo dos perversos... por isso, vale a pena ler textos como o de Luís no A Natureza do Mal ou os de Artur Costa e Eduardo Maia Costa no Sine Die... e se os factos são susceptíveis de várias traduções (como as de Valupi no Aspirina B ou de Osvaldo Castro no A Carta a Garcia) é aconselhável não deixar de atender à leitura de fundo do que estamos a viver e de que fazem bom eco os textos de Nuno Teles, Jorge Bateira*  e João Rodrigues no Ladrões de Bicicletas, de Raimundo Narciso no PuxaPalavra* e, como sempre!, de  JM Correia-Pinto no Politeia... Felizmente, os dias também vão dando à luz outros testemunhos, mais raros e por isso mesmo, mais preciosos, como são os que se podem ler nos textos de Tiago Mota Saraiva no Cinco Dias, de T.Mike no Vermelho Cor de Alface, de Manuela Araújo no Sustentabilidade é Acção, de Paulo Nobre no A Cinco Tons ou de Raul Iturra no Aventar - onde Antero nos faz sorrir... tal como o faz Rogério da Costa Pereira no Pegada.
(Os textos dos autores assinalados com * foram publicados, nos respectivos blogues, após a publicação original deste Leituras Cruzadas mas, pelo seu interesse e qualidade não posso deixar de os referir!)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Da FOME às comezinhas e desumanas regras dos mercados...


Etiópia, Quénia e Somália são os 3 países do designado "Corno de África" em que se encontram em risco de vida 12 milhões de pessoas... fruto das secas mais severas dos últimos 60 anos que já esgotaram todas as reservas naturais e outras e levaram à FOME os milhões de deslocados que vivem em cenários de morte, por cá, no "mundo ocidental" andamos preocupados com agências de rating e quejandos... Pelos 12 milhões de pessoas em risco de vida devido à fome e à doença que os próprios campos de presumível abrigo não têm capacidade para atenuar, a ONU lançou agora a maior campanha de ajuda internacional a esta região do planeta!... tarde de mais, é claro!... tarde de mais, como o comprova o facto da Somália ter já aberto "a porta" à ajuda humanitária que há anos fechara sob pretexto desta ajuda ser anti-muçulmana!!!... entre o despesismo imoral do ocidente e o fanatismo das ditaduras militares, as populações continuam a ser "carne para canhão", ao abrigo de uma dupla hipocrisia que se refugia em pseudo-contratos e regras que têm como preço a vida de milhões de crianças, mulheres, homens e idosos que nunca chegam a viver porque o seu tempo de existência se reduz à mais mísera expressão da sobrevivência... é por isso que não há desculpa!... e que a ética continua confinada ao papel de um conceito que se confunde com a utopia... porém, como "mais vale tarde que nunca" e cada vida humana vale todos os esforços e todos os riscos, esperemos que os povos etíope, queniano e somali resistam a mais esta provação trágica de um destino a que os seus "irmãos"(?), humanos de todos os povos, culturas e países, os abandonaram! A crise humanitária que ameaça o planeta tem, nesta dramática e insuportável realidade, um dos seus icebergs (ler Aqui)... a nós, cabe-nos exigir a reorientação político-económica e financeira das regras de gestão que, a não serem reformadas radicalmente, em termos ideologicamente renovados e sem preconceitos, condenarão aos piores cenários da ficção histórico-científica a vida real das pessoas... hoje, eles... amanhã, nós...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Da Loucura do Rating ao Rigor do Procurador Geral da República, Pinto Monteiro

Depois de muito se ouvir o PS atribuir responsabilidades ao descalabro especulativo das agências de rating e de todos termos percebido que os interesses internacionais no que se refere à "construção" dos equilíbrios financeiros entre blocos "regionais" do capital e da alta finança, estavam, de facto, a provocar quebras graves nas economias nacionais ao ponto do problema das "dívidas soberanas" se aproximarem perigosamente de pontos de "não-retorno", eis que a sociedade e a política portuguesas recorreram, a partir do "chumbo" do chamado PEC IV, à opção por um processo eleitoral que pretendia inverter a vertigem do país... menos ruidosos, os mercados deixaram que, por cá, todo o barulho se concentrasse na múltipla e recíproca troca de acusações que esteve -como faz parte dos respectivos procedimentos!! - na base da campanha eleitoral... Eleições terminadas, novo governo empossado, estando o país a tentar ver se conseguia respirar um pouco melhor apesar da persistência da acção dos "poluentes" internacionais que continuaram a implodir (designadamente, na Grécia), eis que, ontem, a "bomba" se abateu de novo sob os céus gauleses deste jardim à beira-mar plantado: a Moody's reduziu a "lixo" a nossa economia e 4 dos bancos portugueses, incluindo a Caixa Geral de Depósitos!!!! Clamor e pavor generalizados, desta vez sem o PS para ser bode expiatório da "coisa", gritam todos em conjunto: PR, Governo, PSD e os já habituais "contestatários" da crise internacional, PS, PCP e BE, sendo que a própria Europa se associa à indignação (como já acontecera, diga-se em abono da verdade!, no tempo em que o ex-Governo quis aprovar o dito PEC IV), num momento em que a própria Christine Lagarde, recém-Directora do FMI, elogia a acção conjunta dos portugueses nos esforços pela recuperação económica! Se dúvidas havia sobre as intenções da especulação financeira internacional, parece agora não restar nem uma e, se algum benefício o extremo grau da crise traz, é esta partilha do euro-cepticismo em relação aos mercados - ou melhor, às agências de rating (porque ainda não é exactamente contra os mercados... lá chegaremos, porém!... lá chegaremos!!!... haja paciência e mais alguma fome e desemprego!!)... No meio de tudo isto, é louvável a atitude do Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, que, justamente!, em nome do interesse colectivo e da defesa do Estado de Direito que somos, se não permite exercer um cargo passivo quando está em causa a sobrevivência económica do país, exigindo esclarecimentos sobre esta anónima e insustentável ditadura dita do rating que a todos sufoca e que, com toda a razão, já ninguém "pode ver" (ler AQUI, Aqui, Aqui e Aqui).

Maria José Nogueira Pinto - Sons Femininos...


Pela Mulher que Foi... pela falta que fará à  lisura da Democracia!... pelo respeito pelas diferenças ideológicas e pelo diálogo e a admiração que se não esgota em coisas menores do que o carácter... porque penso que, enquanto crente e mulher de cultura, gostaria de conhecer esta versão de "Ave Maria" cantada por Nana Mouskouri...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Para além das aparências...



A sabedoria é o que resulta da devolução da realidade - depois do jogo de espelhos em que a vida e a própria História feita de estórias nos enreda e de que só o tempo nos liberta, devolvendo-nos à essência da serenidade onde se realiza o ponto de encontro entre nós e o mundo... enriquecedora e surpreendentemente feita de uma beleza insuspeita no que, antes!, nela era invisível - dados os comuns e inconscientes "erros de paralaxe" que a insegurança e o medo em nós instalam, por reflexo e projecção, distanciando-nos da integralidade essencial do que somos e procuramos!... e é desta aprendizagem sobre a lenta ou a súbita revelação da verdade que subjaz, firme e igual a si própria, além das aparências, que, de forma perfeita, nos fala, a propósito do Zen, a poesia tradicional japonesa (Haiku), quando diz:
"Antes de estudar o Zen, as montanhas são montanhas e as águas são águas; após uma primeira noção sobre a verdade do Zen, as montanhas já não são apenas montanhas e as águas já não são apenas águas; mas, quando se atinge o conhecimento, as montanhas voltam a ser montanhas e as águas voltam a ser águas" (Seigen


terça-feira, 5 de julho de 2011

Lições do Passado para a Construção do Futuro...

"(...) Ousam dizer-nos que o Estado já não consegue suportar os custos [das] medidas sociais. Mas como é possível que actualmente não tenha verbas para manter e prolongar estas conquistas, quando a produção de riquezas aumentou consideravelmente desde a Libertação, quando a Europa estava arruinada? Apenas porque o poder do capital, tão combatido pela Resistência, nunca foi tão grande, insolente, egoísta, com servidores próprios até nas mais altas esferas do Estado. Os bancos, agora privatizados, preocupam-se principalmente com os seus dividendos e com os elevadissimos salários dos seus administradores, e não com o interesse geral. O fosso entre os mais pobres e os mais ricos nunca foi tão grande; e a corrida ao capital e a competição nunca foram tão incentivadas. O motivo basilar da Resistência era a indignação. Nós, os veteranos dos movimentos de resistência e das forças combatentes da França livre, apelamos às gerações mais jovens que dêem vida ao legado da Resistência e aos seus ideais, e que os transmitam. Dizemos-lhes: revezai-vos e indignai-vos! Os responsáveis políticos, económicos, intelectuais e a sociedade em geral não podem desistir, nem deixar-se impressionar pela actual ditadura internacional dos mercados financeiros que ameaça a paz e a democracia. Desejo a todos, a cada um de vós, que tenham o vosso motivo de indignação. É precioso. Quando algo nos indigna como eu me indignei contra o nazismo, tornamo-nos militantes, fortes e empenhados. Juntamo-nos a esta corrente da História, e a grande corrente da História deve prosseguir graças a cada um de nós. E esta corrente avança para uma maior justiça, uma maior liberdade, mas não para a liberdade descontrolada da raposa no galinheiro. Estes direitos, cujo programa a Declaração Universal redigiu em 1948, são universais. Se conhecerem alguém alguém que deles não beneficie, compadeçam-se e ajudem-no a conquistá-los. (..) A pior das atitudes é a indiferença, dizer «como não posso fazer nada, desenvencilho-me como posso». Este tipo de atitudes conduz à perda de uma das componentes essenciais do ser humano. Uma das componentes indispensáveis: a capacidade de indignação e a consequente militância. (...)" (Stéphane Hessel in "Indignai-vos")...  

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Amanhã!, porque é urgente... a Palestina!

Amanhã, 3ªfeira, dia 5 de Julho, às 21.30h, na Casa do Alentejo, vai realizar-se um debate sobre o justamente intitulado "Muro da Vergonha" que separa os cidadãos da Palestina do usufruto dos mais elementares direitos cívicos que incluem o direito à vida tal como a entendemos: com dignidade, valorizada e protegida... Vale a pena participar! Por todos nós!

(via 5 Dias)


sábado, 2 de julho de 2011

Sons Femininos...


... porque as coisas belas e boas não têm tempo e nelas o passado se faz presente e futuro, não é excessivo voltar a ver, a ouvir e a sentir...
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... com votos de Bom Fim-de-Semana :)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

"A Lua Partida" - dos Himalaias para o Mundo


"A Lua Partida" é o nome do filme que hoje, às 23.30h, na RTP2, vale a pena ver... realizado em 2010, "A Lua Partida" conta a história de Sonam, um homem que vive, isolado e nómada, nos Himalaias e que, na sequência dos efeitos de uma drástica mudança climática, assiste à degradação da vida do seu povo e parte, à procura de respostas... e de futuro.