sábado, 31 de janeiro de 2009
Perspicácia e Informação...
A Pedra...
"A Pedra
O distraído nela tropeçou.
O bruto a usou como projétil.
O empreendedor, usando-a, construiu.
O camponês, cansado da lida, dela fez assento.
Para meninos, foi brinquedo.
Drummond a poetizou.
Já David matou Golias,
e Michelangelo extraiu-lhe a mais bela escultura...
E em todos esses casos, a diferença não esteve na pedra, mas no homem!
Não existe "pedra" no seu caminho que você não possa aproveitá-la para o seu próprio crescimento."
(Texto de autor não identificado enviado por Paula Brito)
O Divórcio - a Lei, a Mudança e a Ideologia
Um barco desliza no Tejo, avançando quase imperceptivelmente na manhã que funde a luz translúcida do céu e das águas... vejo-o da minha janela enquanto a imagem se me escreve na mente, reiterando o sentimento de que a a realidade segue o seu próprio curso para além de todo o ruído e apesar dos escolhos gratuitos que se vão imputando à democracia... diz a comunicação social de hoje que Alberto João Jardim acusa o Governo de "destruir" o país, enquanto na blogosfera surge a ideia de que Dias Loureiro é Presidente do Conselho Fiscal da Fundação Champalimaud... as notícias não são desenvolvidas ou melhor, surgem como simples apontamentos... o barco continua o seu percurso sobre o rio e penso... penso nos critérios de análise e de ajuizamento que, em Portugal, jornalistas e políticos utilizam para as suas afirmações e as suas "investigações"... concluo pela constatação do recurso demagógico e sensacionalista de uma sociedade que se satisfaz no escândalo fácil e na especulação oportunista... uma sociedade provinciana e mediática que ainda não assimilou o conhecimento e a consciência cívica disponível no nosso tempo... sintomático e evidente, o relacionar a Lei do Divórcio com o aumento da pobreza é uma especulação gratuita que reitera esta constatação... o divórcio é um direito fundamental dos cidadãos!... esquecer este "detalhe" que legitima o acesso das pessoas à libertação de um compromisso contratual é recorrer a um princípio demagógico contrário à cidadania, resultante de uma velha confusão relativa à separação de poderes entre o Estado e a Religião! Presumir, em pleno século XXI, que o casamento é uma realidade "ad aeternum" e recusar aos homens e às mulheres o direito a decidir o caminho da sua própria vida, reflecte a incapacidade de interpretar o mundo contemporâneo e o ignorar da importância da liberdade individual e do direito à mudança. A necessidade do reforço das competências sociais no sentido do divórcio ser encarado como um direito, permitindo que a sociedade não penalize com infundadas culpabilizações de senso comum os cidadãos divorciados, seria uma observação pertinente e justa sobre o impacto social da nova lei... condená-la é, apenas!, uma postura ideológica que muito deixa perceber sobre as representações sociais de quem a veicula! ... contra a cidadania, a liberdade e os direitos fundamentais!
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Oposição ou Impasse da Demagogia?...
De Belém a Davos... ideologia e intervenção!
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Paz - entre a Água, a Terra e a Coragem!
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
A Memória...
terça-feira, 27 de janeiro de 2009
Deontologia e Comunicação Social...
O Interesse Nacional, o Direito e a Ideologia
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Esclarecendo suspeições...
Citações ... analógicas!
domingo, 25 de janeiro de 2009
Tentações - entre a honestidade e o escândalo
O Poder da Esperança
Foi por sugestão de Paula Brito (cuja colaboração com A Nossa Candeia nunca é demais agradecer) que fui em busca deste trabalho... e encontrei uma versão legendada... Vale a pena... para aumentar o Poder da Esperança!
Dies irae...
Apetece cantar, mas ninguém canta.
É Urgente Construir a Cidadania!
Rumar contra a Maré!
É a identidade que nos permite resistir... a convicção serena do que somos na consciência da razão que transportamos sobre o sentir, para gerir o "estar" e o "ir sendo", ao longo da construção do "ser"... resistir para existir!... discernindo no tempo os caminhos prudentes e ousados a percorrer!
sábado, 24 de janeiro de 2009
Intencionalidade e Percepção
"Eros e Psyche" de Fernando Pessoa é um texto extraordinário... Não, não é sobre narcisismo... nem sequer sobre projecções egocêntricas... apenas o retrato da nossa condição humana, construtora no "outro" do que nos vai na alma... para o bem... e para o mal!... por isso, radicam na intencionalidade e na percepção os condicionalismos e motivações subjacentes às decisões e práticas do sujeito - como nos deixaram perceber, um dia, Husserl e Merleau-Ponty!... e na relação de causa-efeito circular em que se entrelaçam percepção e intencionalidade, na emergência de expressões e práticas, perdemos a noção de que, subjacente a todo o enunciado, há um sujeito que não é inconsciente da sua cognoscibilidade e se deslumbra, em si-mesmo, consigo próprio, esquecendo o "outro" que é afinal, também!, o mesmo!... porque o Ser, na sua relatividade epistémica, continua, potência e acto, Uno e Plural.
Retórica, Verdade e Justiça
O Poder das Sombras
"O medo, menina" - dizia a senhora já idosa, enquanto colhia erva para levar aos animais de que tratava incansavelmente, mesmo que lhe doessem as costas - "o medo é da côr que a gente o faz!"...
Manipulação e Mediatismo
Em Portugal, como no resto do mundo, a manipulação ideológico-política adquiriu estatuto de "stablishment"... de facto, através da generalização do acesso aos media, a manipulação tornou-se um instrumento massificante de gestão da opinião pública e hoje, sob pretextos legítimos de exercício da liberdade de expressão, o afastamento ético da prática deontológica da função informativa, dificulta ao cidadão o discernimento... prolonga-se assim o jogo de um calculismo político sem limites, oportunista e especulativo que, num contexto de crise económico-financeira, torna mais rápida a aproximação às rupturas político-sociais... a tentação de "vender" notícias, comprar audiências e de liderar protagonismos tornou a comunicação social (dita o "quarto poder"!), num recurso potencialmente devastador... principalmente porque utilizada sem escrúpulos e com um certo prazer na promoção da intriga e do caos, com resultados apresentados conjunturalmente e alheados a contextos que permitiriam interpretações diversas das que se retiram do simples enunciar de relatos correspondentes, indiscriminadamente, a eventuais factos, realidades ou especulações... a manipulação é uma técnica de vendas de efeitos sociais e políticos, gratuita e susceptível de desencadear dinâmicas cujos efeitos não pode controlar... a comunicação social é, por isso, o maior inimigo de si própria e fez dessa ambivalência a sua própria natureza -como convém às regras de sobrevivência do mercado e em detrimento da essência da sua fundamentação filosófica, cívica e científica... manipular o uso do poder sem o bom senso que implica a responsabilidade social é uma espécie de inconsciência que permite às crianças brincar com armas...
Terra Sentida...
Diz-se que é a melhor descrição musical de um Rio... Vltava, também conhecido por Moldau foi o rio descrito por Bedrich Smetana, compositor da Boémia, cujo Museu pode ser visitado em Praga, junto às águas do rio de que falou, tocando... Porque trago eu até aqui "Ma Vlast", "A Minha Terra Natal" ou "A Minha Pátria", percebo-o apenas quando ouço esta composição e quando ao seu som associo o seu nome... talvez o sentir a nossa terra ou país se diga assim... com ou sem Rio...
Recessão - entre a Globalização e a Governabilidade
"(...) Os condicionalismos internacionais e europeus impõem às governações nacionais, mais do que nunca, regras de funcionamento, benefícios e desvantagens que, para o bem e para o mal, orientam e definem as linhas gerais de uma capacidade de gestão das economias e, consequentemente, das sociedades que se encontram sujeitas às ordens jurídicas das organizações a que pertencem. Fica, claro está, no quadro pró-federalizante da União Europeia a que todos os Estados-membros aderiram conscientemente, no âmbito da responsabilidade nacional, a orientação política (escolhida pelos eleitores em sufrágio directo) que irá determinar o impacto social das medidas adoptadas para a execução das políticas económicas, devidamente enquadradas nos termos do Direito Comunitário e Internacional.
O corte de gás da Rússia à União Europeia é um exemplo maior do grau de complexidade que a globalização introduziu nas governações nacionais e a exigência europeia relativamente ao seu rápido restabelecimento mostra bem como a dependência e a correlativa tensão relacional entre os Estados requer hoje um sentido de responsabilidade elevadíssimo de modo a acautelar a emergência de conflitos e a garantir, pelo menos, o equilíbrio possível na distribuição dos recursos, no quadro da actual rede de interdependências internacional. Outro exemplo maior do problema é o da crise do banco Lehmann Brothers que, a partir dos Estados Unidos, despoletou a crise financeira que afectou, sistemicamente, o sistema bancário mundial… a crise, de efeitos desconhecidos, colocou os Governos perante cenários que, relativamente previsíveis, requerem, perante os factos, respostas imediatas…(...) Em Portugal, a recessão, agora já declarada, assumida e explicada oficialmente, agrava de forma inequívoca os problemas gravissímos da economia nacional que, de há muito, se debate com duas realidades estruturais: a deficiente capacidade produtiva nacional e o endividamento externo.(...) Gerir condicionalismos globais e europeus na economia nacional, recorrendo a alguma razoabilidade possível no que respeita à preocupação de não agravar desigualdades sociais e evitar a completa ruptura da economia nacional (...) é caso para perguntar se o facto do Governo português ter dado aval às instituições financeiras será tão criticável como todos parecem empenhados em afirmar, quando sabemos, na sequência do que aconteceu com o já referido caso Lehmann Brothers, que a falência de um banco pode provocar derrocadas dos sistemas financeiros… na verdade, como disse José Sócrates na entrevista televisiva desta semana, seria uma irresponsabilidade arriscar a falência de um banco numa economia tão frágil como é a economia portuguesa… mesmo tratando-se de casos complicados como é o BPN ou o BPP porque não conhecemos, além dos que mediaticamente e por más razões são protagonistas de suspeitas e acusações nos são dados a conhecer, outros accionistas cujos volumes de negócios poderiam afectar sectores relevantes da economia nacional. Claro que nada disto será suficiente para evitar a crise mas, até agora, o que os parceiros europeus têm vindo a fazer é tentar evitar danos maiores e previsíveis… porque o fim desta crise não está à vista e não podemos ter certezas sobre o que o futuro próximo nos trará… e, sendo verdade que não considero ter havido precaução na avaliação da transparência financeira dos movimentos bancários relativamente aos quais os diferentes Estados deram o seu aval, procurando evitar falências de efeito dominó, o facto é que a crise, tal como se declarou, exigiu actuação rápida… e, tal como em Portugal, considerando que os governantes não são são destituídos de sentido de responsabilidade, esta medida foi o que, no imediato, foi consensual adoptar para evitar, talvez!, que a deflação (...) se instalasse.(...)
(...) Quanto ao papel do reforço das economias locais e regionais para efeitos de sobrevivência das populações e salvaguarda revitalizada dos territórios nacionais, esse é um problema que a União Europeia ainda não encara com a seriedade política que vai ser indispensável no curto ou no médio prazo -depende dos critérios políticos que a política internacional reconheça aos custos sociais da crise e do novo paradigma de regulação económico-política e social que os tempos que vivemos tiverem a coragem de adoptar… mas, lá chegaremos!… sempre com o olhar crítico e justo dos cidadãos empenhados em não permitir a derrocada da democracia."
(Excertos do meu artigo "Governabilidade, Globalização e Recessão", publicado no Diário do Sul em 21 de Janeiro de 2009)
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Ouro
São de ouro, todas as lágrimas, todas as dôres, todas as mágoas... foram as lágrimas, convertidas em esperança, que elegeram Barack Obama, Presidente dos EUA... e será a esperança que poderá redimir o mundo, complexo e perigoso, que construimos e em que vivemos... Pensei até que podia, depois destes dias de "interregno blogistico", falar já de Portugal, este pequeno país que é de todos os que nele habitam... podia falar dos EUA e do significado do entusiasmo apaixonante que o sorriso humano, sincero e aberto de Obama provocou no mundo... mas, não!... prefiro partilhar "Lágrimas de Oro"... e evocar a responsabilidade social que todos nós deveriamos ser capazes de compreender para agir em conformidade... pelo planeta, enquanto espaço comum e pela vida, enquanto património que é preciso construir diariamente... com o sentido de que o "tudo" que nos permite a condição humana, será o resultado da nossa consciência individual e colectiva e da filosofia de vida que soubermos aplicar e desenvolver através dos actos e juízos que concorrem para a organização das sociedades.
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
I Have a Dream!... Yes, We Can! ...
Em 1963, Martin Luther King deu ao mundo um discurso construido pela extraordinária inteligência que resulta da conciliação entre razão, justiça, liberdade, emoção e autenticidade... "I Have a Dream", disse ele!
... e as pessoas, pouco a pouco, acreditaram!... ao longo de 45 anos, as pessoas observaram, viveram, pensaram... e acreditaram!
Em 2009, Barack Obama tornou realidade o poder da convicção e da esperança, devolvendo dignidade à Humanidade cansada das representações discriminatórias que as manipulações ideológicas, culturais e políticas construiram ao longo da História, escravizando e colonizando o pensamento, o ser e o agir!... "Yes, We Can", disse ele!
... e as pessoas, realmente, conseguiram!
Barack Obama... o protagonista da esperança!
Em 2008 o mundo acreditou e cantou por Barack Obama... e todos o olharam como se nele encontrassem o espelho onde se reflectia a sua melhor imagem... uma identificação empática, humana e interior que o mundo sentiu, sem medo, como um frémito anunciador de mudança, tornou Barack Obama, em 2009, Presidente dos Estados Unidos da América!
YES, WE CAN!
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Uma história...
Uma história... um presente!... para o aprendiz que é a eterna criança que guardamos fundo, dentro de nós... naquela parte do Ser que não temos o direito de esquecer ou ignorar mas sim, de preservar cuidadosamente, com carinho... sempre!
A Moção do PS e a Oposição CDS-PSD
domingo, 18 de janeiro de 2009
Compromissos pela Paz no Médio Oriente
Intergeracionalidade
A sabedoria acumulada pelo tempo e a vivência, tornam a idade um bem precioso aos olhos de quem gostaria de, ainda jovem, viver como se tivesse interiorizado esse saber... Reconhecê-lo reciprocamente seria uma forma eficaz de promover a inter-ajuda e a solidariedade intergeracional.
Um Discurso de Esperança... Contra Todos os Holocaustos!
Pessoas, discursos, palavras, conceitos, conhecimentos e atitudes dependem sempre, de uma ou de outra forma, do tempo em que são produzidos!... É a genialidade humana da universalidade da arte que confere eternidade e simbolismo a todas as suas manifestações... por isso, a intencionalidade do recurso aos valores permite e justifica o uso analógico da inteligência... no caso, contra todas as ditaduras... contra todos os holocaustos... pela legitimidade da esperança!
sábado, 17 de janeiro de 2009
Opções - entre a Discriminação e a Crueldade!
Durante a tarde, em nota de rodapé, um dos noticiários de uma das estações televisivas nacionais anunciava o apoio do Papa à população cristã de Gaza... vi e ouvi, pouco depois, na internet, o vídeo que aqui reproduzo... perante estas declarações como pode Bento XVI apoiar ajuda humanitária "aos cristãos de Gaza"?!... A decisão, grave, coloca o dedo sobre a ferida: onde está a bondade e a não-discriminação exigível por todos os cidadãos do mundo ao pensamento e à prática das religiões?... em particular, ao catolicismo que tanto pretende afirmar-se como "civilizado"!?
Bancos - um alerta com 206 anos!
Thomas Jefferson, 1802
(citação seleccionada e enviada por: Fernanda Durão)
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
As Árvores e a Floresta
Fernando Pinto
fernandopinto@netvisao.pt
(publicado in Diário do Sul em de 8 de Janeiro de 2009)
Bolonha - Reflexão Crítica sobre Educação e Investigação
1 Isidoro Moreno: Diario de Sevilla, 6-10-2003.
2 Diario de Sevilla, 15-2-2006.
3 El País, Andalucía, 8-4-2008.
4 Diario de Mallorca, 8-4-2008.
5 En Andalucía –que funciona como laboratorio político del PSOE- hace ya varios años que fue creada la Consejería de Innovación, Ciencia y Empresa para “transformar la orientación de la Universidad” y hacer que la investigación que se realiza en ella sea “más eficiente”, según declaraciones del consejero Francisco Vallejo (El País, 8-5-2004). Algo similar ha sucedido en otras Comunidades Autónomas, tanto gobernadas por el PSOE como por el PP, y en el propio gobierno central a raíz de la segunda victoria electoral de Rodríguez Zapatero. Entonces fue creado el Ministerio de Innovación y Ciencia, separando las Universidades del Ministerio de Educación. Todos estos cambios no son simples decisiones burocráticas sino que tienen una lógica profunda: la del pensamiento neoliberal.
6 El Mundo, 1-11-2006.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Cidadania, Responsabilidade, Religião e Laicidade
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
Comunidade Muçulmana - O Direito à Verdade
Gaza - Sofrimento e Coragem
Diversidade Cultural - A Vida como Património da Humanidade
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
domingo, 11 de janeiro de 2009
Regionalização, Agricultura e Desenvolvimento Nacional Sustentado
A questão da revitalização do mundo rural e do indispensável apoio ao crescimento e desenvolvimeto da actividade agrícola remete-nos para, entre outros cenários, como o da inexistência de um Plano Nacional de Apoio ao sector primário, para a questão da regionalização... porém, se fosse simples, a problemática da regionalização já teria sido operacionalizada… Um dos argumentos que tem sido utilizado no que se refere à implementação desta organização administrativa do território, remete para a questão da coesão nacional e para o eventual risco de agudização das assimetrias de desenvolvimento entre as várias regiões… na verdade, cada região, entregue a si própria, pode ficar reduzida (em função do grau de iniciativa e do respectivo sucesso dos agentes económicos, sociais e políticos regionais) a um deficitário índice de investimento externo e a uma insuficiente capacidade de produção de sinergias endógenas… Esta possibilidade conduziria a que algumas regiões do país reforçassem as suas debilidades ou fossem obrigadas a encontrar estratégias alternativas de sustentabilidade - estratégias essas que poderiam ser inúteis ou até mesmo perniciosas para o interesse nacional e para o reforço indispensável da coesão social do país. A re-organização administrativa do território nacional tem, além disso, sido objecto de diferendo entre alguns dos seus protagonistas (mesmo regionais) na medida em que a própria pertença regional de determinadas áreas não é evidente, sendo, muitas vezes, a sua integração numa ou noutra região, um caso de decisão política relativamente arbitrária em termos sociais ou culturais… Tentar escapar ao confronto e ao carácter definitivo deste tipo de medidas ao nível do ordenamento territorial, levou à invocação de conceitos tais como a “descentralização” e o “municipalismo” que se foram materializando em estruturas coordenadoras do desenvolvimento regional e no reforço das competências autárquicas… Contudo, nem o grau de autonomia destas estruturas nem a capacidade financeira das autarquias tem permitido levar a intenção de facilitar o desenvolvimento e o crescimento das regiões a resultados evidentes e relevantes… Por outro lado, o facto da integração na União Europeia ter trazido até nós o conceito de “Europa das Regiões”, contribuiu para Portugal reforçar o sentido da utilidade do investimento na via da regionalização, aos olhos, designadamente, dos seus defensores… Foi no contexto desta lógica que se promoveram os conceitos de “Relações Transfronteiriças” e de “Iniciativas Transfronteiriças” que muito tem reforçado as relações nomeadamente com Espanha, em diversas áreas da cooperação que só pecam por não estarem dotadas de meios financeiros suficientes capazes de viabilizar uma maior capacidade de materialização de postos de trabalhos e alargamento efectivo das redes de parcerias ao nível económico (agrícola, comercial e industrial) e ao nível cultural… A problemática da regionalização não é uma ideia simples porque implica uma acção transversal e concertada de todas as dimensões da vida regional e, mais ainda, uma sustentabilidade que concorra para a preservação da coesão nacional – já que não houve, até agora, no nosso país, qualquer manifestação de intenções relativas à fragmentação do Estado e da Nação… Em Portugal, seria mais fácil regionalizar se os planos de desenvolvimento local de cada município integrassem a perspectiva da pertença regional… e se existisse um Plano de Desenvolvimento Regional que contemplasse o contributo e as mais-valias de cada município para o desenvolvimento endógeno sustentado de toda a região, valorizando as especificidades e atenuando as debilidades de cada concelho com a complementaridade que a sua pertença regional garantiria… Porém, não penso que estejam amadurecidos nos projectos políticos ou na opinião pública, qualquer dos conceitos essenciais para a definição de uma política regional… aliás, no nosso país, ainda nem sequer é habitual falar-se em política regional…
(Adaptação da minha crónica nº28 transmitida pela Rádio Terra Mãe em 27/03/2008)
sábado, 10 de janeiro de 2009
Uma trégua... pela Paz!
E se o luar pudesse um dia
adormecer
os sonos inquietos dos que sofrem,
sereno e doce
como um silêncio de paz
e os sonhos
voltassem sem história
ou feitos de esperança
- como convém ao sonhar...
e as mentes devastadas pela tortura
das fomes, dos medos e da guerra
esquecessem
por uma noite
o ódio, a raiva
e o recurso às bombas
ou a solução das lágrimas...
talvez
ao amanhecer
o mundo
nascesse
com vontade de viver
e morresse,
de vez!,
a vontade de matar
com que se inventam soldados
a quem se retira o ser
e a alma...
Fado - Universalidade e Actualidade
Uma homenagem a David Mourão Ferreira na voz de Amália... por todos os que em todo o mundo, a noite leva...
Crimes de Guerra - Dignidade e Resistência
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
PSD e TVI - O início da campanha
Nascer Mulher na Índia...
Na Índia, o nascimento de crianças do sexo feminino é uma infelicidade para a família, incluindo para a própria mãe, para a qual, pior do que as dores do parto, é o facto de saber que deu à luz uma menina. Os olhares, vozes e gestos dos membros da sua família e comunidade são de repúdio, consternação e incúria. Muitas parturientes de meninas são negligenciadas, maltratadas e, inclusivamente, abandonadas pelos seus maridos.
De acordo com a UNICEF, o distrito de Shravasti constitui a pior região indiana para nascer mulher. No "Global Gender Gap Report 2007", a Índia ocupa a 114ª posição, num conjunto de 128 países: a igualdade na educação, a saúde e a economia são muitíssimo débeis no país.
Para a sociedade indiana, a mulher representa um pesado encargo financeiro, uma vez que, aquando do casamento, a família da noiva terá de efectuar o pagamento do dote. Na verdade, o sistema tradicional do casamento indiano determina que "as raparigas deixam a casa dos seus pais permanentemente no dia do seu casamento" para integrar o núcleo familiar do seu marido, acompanhadas por um "montante significativo". Não obstante a ilegalidade do dote - desde 1960 -, este é uma prática corrente entre os indianos, e fundamente nefasta para a mulher. Nela, vêem somente o dispêndio de cifrões em vez da sua identidade própria, confinam-na ao menosprezo e à segregação, cerceiam os seus direitos fundamentais.
Na índia, bem como no Paquistão e na China, o infanticídio e o feticídio femininos são amplamente praticados. Por meio de "um processo psicológico que a comunidade desenvolve", as indianas são instigadas a matar as suas próprias filhas. A pressão recai sempre na mãe da criança, consideradas, frequentemente, culpadas pelo nascimento de uma rapariga - "há cada vez mais sogras a queimar as noras vivas". Por isso, muitas indianas matam as suas filhas antes ou após o parto. Com o desenvolvimento tecnológico, muitas recorrem à selecção pré-natal do sexo da criança no sentido de evitar o nascimento de meninas. Este recurso redunda, frequentemente, no feticídio feminino. Na Índia, estima-se que cerca de 10 milhões de fetos femininos foram abortados nos últimos 20 anos. A erradicação de tais práticas exige uma mudança de atitudes, o banimento das barreiras mentais edificadas pelo patriarcado e nutridas pela pobreza e encarceramento intelectual.
A Índia está, no entanto, em processo de expansão e tornar-se-á numa das três maiores economias do mundo, superando a China como o país mais populoso em 2032. Porém, o espectacular crescimento do sub continente está a acontecer tendo como pano de fundo uma sociedade que ainda não está à vontade com a modernidade liberal. A Índia emergente continua a ser assolada por profundas contradições: é uma potência nuclear, mas 40% das suas crianças estão ainda subalimentadas; a par de um dinamismo económico crescente coexiste uma sólida filosofia anti materialista; ao albergar o que há de mais recente em termos de investigação e desenvolvimento, é simultaneamente a pátria de um dos movimentos religiosos mais arreigadamente nacionalistas do mundo e de uma cultura terrivelmente sexista.
Texto de: Paula Brito