terça-feira, 3 de novembro de 2009

Claude Lévi-Strauss, o Incontornável...



Claude Lévi-Strauss, autor fundamental da Antropologia, morreu hoje, com 100 anos de idade. Com um pensamento inovador, capaz de descobrir padrões onde a sua existência não era evidente, denotou a importância das relações de parentesco na morfologia social enquanto descobria e demonstrava a universalidade dos mitos. Destacam-se, entre as suas obras, estudos maiores sobre a dimensão social do ser humano, tais como: "As Estruturas Fundamentais do Parentesco" (1949), "Tristes Trópicos" (1955), "O Pensamento Selvagem" (1962), "Antropologia Estrutural" (1958)", "O Cru e o Cozido" (1964), "Do Mel às Cinzas" (1966), "O Homem Nu" (1971) e "Antropologia Estrutural-2" (1973) mas, talvez acima de tudo, o pensamento contemporâneo fica a dever-lhe a construção e aplicação do estruturalismo como instrumento metodológico profícuo que acabou por produzir a emergência da Antropologia Estrutural. Em Portugal, onde a compreensão da extensão e significado das Ciências Sociais e, particularmente, da Antropologia, está ainda muito aquém do seria de esperar de uma sociedade que, no século XXI, afirma a valorização da Cultura, da Ciência e do Conhecimento, Lévi-Strauss teve um discípulo que com ele trabalhou no Collége de France e que publicou uma das mais importantes obras de investigação fundamental em Antropologia em Portugal. Refiro-me a Armindo dos Santos e, em particular, à sua obra "Heranças - Estrutura Agrária e Sistema de Parentesco numa Aldeia da Beira Baixa", publicada pelas edições Dom Quixote, na colecção Portugal de Perto (nº25), em 1992... e, a este propósito, com humildade mas, também com muito orgulho pelo quanto me deu a aprender, devo dizer que tive a honra de ter Armindo dos Santos como meu orientador e director de teses ao longo do meu trabalho de investigação, um trabalho que se tornou a minha própria forma de estar na vida... Protagonista de um pensamento incontornável, Claude Lévi-Strauss merece, cada vez mais, a nossa atenção à luz da eterna vontade de aprender e da revisitação crítica de que emerge a atitude científica com que se pensa e escreve a ciência sobre a nossa própria natureza e condição.

2 comentários:

  1. Pois é Ana..
    Ainda não tive o gosto de dedicar a devida atenção ao pensamento de Lévi-Strauss. Todavia, salienta-se uma outra antropologia estrutural que permitiu observar-se a perspectiva evolucionista: diferentemente.
    Dignificou a relação entre a natureza e a cultura e, até, o modo como se entende a "troca". Por fim, em torno de um «pensamento selvagem», abriu espaço à «desconstruçã» do humano.Assim de diz: Adieu.
    Grande abraço.

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  2. Jeune Dame,
    Como é que eu não li este comentário antes, não sei mas, muito stress e passagens por aqui, a correr, devem ter desorientado a minha atenção... as minhas desculpas :)
    ... é, de facto, muito interessante a forma como o "pensamento selvagem" e as estruturas do parentesco apresentadas por Lévi-Strauss adquiriram, articuladas com a "troca" que M.Mauss tão bem analisou, o papel de alicerce arquitectónico fundador da cultura e da civilização, permitindo-nos a descontrução e a construção da dimensão social do Humano :)
    Grande abraço :)

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