quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Leituras Cruzadas...

A Europa está na rua! Ontem, 14 de novembro, os sindicatos de 23 países aderiram à greve e as manifestações foram o rosto do espaço público das principais cidades europeias... Pela mobilização sintonizada dos cidadãos, torna-se incontornável a razão que cada povo, sózinho, tem mais dificuldade em demonstrar em termos de eficácia, ou seja, no que se refere ao impacto político das reivindicações. O exercício da cidadania é, de facto!, um instrumento poderoso de pressão no sentido da urgente mudança social que é preciso levar à prática, sob pena da violência se tornar o rosto da contestação cívica. Em Portugal, a greve foi um sucesso e é fundamental não confundir "árvores e florestas", contrariar o medo e manter a lucidez!... porque as imagens da violência que agora nos chegam já tão de perto, nas ruas de Lisboa, não podem substituir a leitura de uma realidade que significa que o país se aproxima a ritmo vertiginoso de ter, numa já demograficamente deficitária população activa, cerca de 1 milhão de desempregados!... Um número desta ordem é, incontestavelmente, assustador e sinónimo de que o caos social atingiu as famílias portuguesas a um tal ponto que se justifica a adesão massiva às sucessivas manifestações que contestam, mais que justamente, a designada política "de austeridade"... e se ao facto, acrescentarmos os dados do desemprego que atinge os jovens e que se aproxima, perigosamente, dos 40%, há uma leitura política que a União Europeia e os Governos não podem deixar de fazer sob pena da situação social se degradar até ao descontrole gratuito... Neste contexto, das duas, uma: ou mudam as regras da (des)regulação económico-financeira europeia ou podemos preparar para a emergência de extremismos que criam condições para a consolidação dos movimentos ditatoriais. A violência gera violência e os confrontos vão deixando rasto nas ruas de uma Europa que viveu em paz durante décadas mas que, abusivamente, a ideologia política dominante não soube aproveitar e valorizar, legitimando uma degradação de que não pode resultar outra coisa senão o conflito que penaliza inocentes, enfraquece a democracia e reforça o uso da força. Ontem, 14 de novembro, os povos europeus ganharam pela convergência de uma justa contestação!... mas, como não podia deixar de ser, aos olhos de quem conhece e analisa os fenómenos relativos às dinâmicas da violência social, houve provocações, exibições, sangue, medo, perseguições e demagogia... Agora, sentimo-nos, todos!, lesados na reivindicação de uma justiça social que queremos continuar a defender... porque é pela associação da violência política e da violência física que a razão e a paz costumam perder as guerras...
 
Ricardo Alves no Esquerda Republicana
Carlos Fonseca no Solos Sem Ensaio
Alexandre Rosa* no Olhares do Litoral
Estrela Serrano no Vai e Vem
Valupi no Aspirina B
Rui Bebiano no A Terceira Noite
Sofia Loureiro dos Santos no Defender o Quadrado
João Ricardo Vasconcelos no Activismo de Sofá
Carlos Barbosa de Oliveira no Crónicas do Rochedo
Francisco Clamote no Terra dos Espantos
(o link para o texto assinalado com * foi acrescentado ao fim do dia) 




5 comentários:

  1. AÉ INDEFENSÁVEL A POSIÇÃO DE SOFIA LOUREIRO.DAR-LHE TEMPO DE ANTENA É O QUÊ?

    ResponderEliminar
  2. Obrigado, Ana Paula
    Beijinho

    ResponderEliminar
  3. Conheço pedras com vida por dentro

    mas não confundo pedras com calhaus

    ResponderEliminar
  4. Conheço pedras com vida por dentro

    mas não confundo pedras com calhaus

    ResponderEliminar