domingo, 28 de julho de 2013

Do Preço da Riqueza...

Escrevi, desde que o nascimento deste blogue, muitos textos de reflexão social, política e económica... partilhei dúvidas, expus raciocínios, elaborei análises... e hoje, no início do 2º semestre de 2013, decido verbalizar a intenção deste esforço de sobrevivência com evocações, citações e alegorias... porque, o que acontece, de facto!, é que não tenho prazer em repetir até à exaustão o que já por mim foi dito e que (perdoem-me a imodéstia!) penso que, apenas se concretizou, sem alterações significativas que mereçam destaque... a ignóbil e quiçá, eventualmente (para alguns)!?, inesperada vertigem de mudança, registada no tecido societário europeu e, em particular, a que, no território português contemporâneo, denotamos, nada acrescentam aos piores receios que a ultrapassada ideologia e praxis político-partidária deixavam, de há uns anos a esta parte, antever... registo, por isso, ainda hoje, (apenas ?!) mais uma excelente e sempre oportuna citação - até em mim se assinalar, renovado, o regresso da vontade de escrever:
 
"E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infância, à ignorância, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?"

Almeida Garrett (1799-1854)
(a citação de A. Garrett chegou via António Pinho Vargas no Facebook)

6 comentários:

  1. Nem mais, Ana Paula.
    Tem sido um trabalho persistente da sua parte e, claro, ( perdoe-me o egoísmo) extremamente importante para quem o lê.
    É um prazer redobrado ser seu amigo.
    Saudades.

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  2. Obrigada, Miguel :)
    ... são recíprocas as palavras e o sentir subjacente à gratificante saudação fraternal e sincera :) ... por isso, deixe que o cite: "É um prazer redobrado ser sua amiga" :)
    Saudades.
    Um grande abraço.

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  3. José Luís Moreira dos Santos29 de julho de 2013 às 19:01

    Cara Ana Paula,
    Mesmo que a correr, venho com muita frequência a este seu/nosso blog. É um ato de prazer, poder verificar que há gente como nós. Por isso, há tempos, não sei exatamente quanto, escrevi para si o texto que se segue. Tive receio de ser impertinente, atitude que faz o meu género, e em face disso resolvi não o enviar,mas você hoje.....
    Um abraço,
    José Luís Moreira dos Santos
    Cara Paula Fitas,
    É maior a sua determinação em acreditar no Ser Humano como algo tão Geral como Natural - propensão que só pode ter a sua raiz numa consciência forte e limpa - que os ensinamentos diariamente disponíveis. Sou tentado a concluir, pela análise que faço ao que escreve, que você preparou a sua alma para todas as desilusões possíveis. A razão desta minha convicção reside neste facto simples: quando falamos de política, a arte nobre de agir pela satisfação de todas as necessidades humanas e para felicidade geral, estamos a falar de ideologias. Ora, estas, as ideologias, as suas diferenças, fraquezas ou forças, no tempo da comunicação repentina, podem traduzir-se em pequenas ou grandes coisas. Chamamos neoliberalismo a uma ideologia que é uma composição de liberalismo, conservadorismo, pragmatismo, fascismo e mais outros contributos que fazem parte, como os anteriores, do que a história nos ensinou como vitorianismo. Mas a hoje mal designada social-democracia enferma dos mesmos defeitos. Já nem à custa de muito esforço intelectual conseguimos ver nos comportamentos políticos daqueles que a si mesmos se intitulam como tal, somos capazes de a ver como exemplo de clareza de uma vontade determinada pela crença na possibilidade de um Mundo Melhor. Em política, quando se introduz o discurso do possível, então é já o efeito de um compromisso que está a fazer o seu caminho, se por outra razão, estamos diante de uma desculpa tão escabrosa como mal- intencionada. A social-democracia à sueca morreu com Olof Palme. E já se sabe quem o matou? Sabe! E condenados? Oh! E sobre o socialismo muito há a dizer, também, mas estes não são os tempos propícios para esterilizar sobre as potencialidades do que só é futuro. Em política, consensos são um negócio onde uma parte dá aquilo que não pode e a outra parte recebe aquilo que não quer. Não há saída? Há, desde que quem está determinado a chegar ao topo da montanha saiba que a tarefa é muito difícil e que não pode viver angustiado pela acumulação de desilusões. Porque ser vencido numa batalha, NUNCA pode ser visto como uma desilusão. Quando alguém lhe disser que para ser seu amigo ou amiga você tem deixar de ser quem é, fuja desse alguém nem que seja em direção ao inferno, porque para um inferno pior fora convidada. Desculpe o atrevimento, mas as almas limpas merecem viver de acordo com a imposição da sua consciência ética: ser felizes, para continuar uma luta que mais cedo que tarde há de frutificar.
    Um abraço,
    José Luís Moreira dos Santos

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    1. Estimado José Luís,
      ... como facilmente presume, fico sem palavras... mas, agradeço a partilha da sua reflexão... de todo o coração :)
      Bem-haja!
      Um grande, grande abraço.

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    2. Cara Ana Paula

      Compreendo muito bem o estado de espírito de quem se sente saturado, cansado, de lutar por uma mudança que não ocorre contra uma situação que parece, a cada dia que passa, encaminhar-se mais decididamente na direcção oposta à das nossas críticas. Compreendo a saturação de quem se esforça por acrescentar um pingo de originalidade a este debate polifónico que nos cerca, tantas vezes propositadamente confuso, outras perfidamente desonesto, e julga não encontrar na escrita produzida a compensação do esforço feito.
      A realidade, porém, é outra. Quem viveu no fascismo sabe que o esforço não é inglório e que aa mudança é sempre possível por mais inamovível que a situação aparentemente se apresente.
      É preciso, portanto, continuar. Por cada voz que se cala, por cada candeia que se apaga é o inimigo que ganha pontos.
      Sem ansiedade, mas com convicção, temos de continuar a luta, tentando acrescentar com a nossa palavra um pouco de confiança àqueles que se encontram na primeira linha deste combate…
      Grande Abraço
      JMCP

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    3. Caro Amigo José Manuel Correia Pinto,

      É extraordinariamente gratificante ler as suas palavras... penso que o imagina mas, não posso deixar de sublinhar o agradecimento! ... De facto, é cansativo repetirmo-nos até à exaustão e ver que o previsível não é evitável... claro que exigi-lo seria presunção e que a humildade que nos assiste não permite sequer o equacionar desta possibilidade pela intrínseca contradição que imporia ao essencial do espírito democrático. No entanto, quando se torna clara a direção da política e da gestão económica globais e especificamente europeias -como tantas e tantas vezes demonstrámos e explicámos! - e, de repente, nos apercebemos que o "regime" deixa que uma força partidária não eleita para o efeito se constitua como cerne da governação, sentimos o aflorar da impaciência que tão bem fundamenta nas inteligentes, preciosas e precisas palavras que aqui regista: "(...) Compreendo a saturação de quem se esforça por acrescentar um pingo de originalidade a este debate polifónico que nos cerca, tantas vezes propositadamente confuso, outras perfidamente desonesto, e julga não encontrar na escrita produzida a compensação do esforço feito.
      A realidade, porém, é outra. Quem viveu no fascismo sabe que o esforço não é inglório e que aa mudança é sempre possível por mais inamovível que a situação aparentemente se apresente.
      É preciso, portanto, continuar. Por cada voz que se cala, por cada candeia que se apaga é o inimigo que ganha pontos.(...)" ... é, por isso, meu amigo, que lhe garanto não estar disposta a desistir!... e, assim, obrigada por não deixar que o meu desabafo se torne noutra atitude! Garanto-lhe que continuarei acesa e atenta, sempre a aprender com o que escreve e a ler o que (tão bem) pensa, contribuindo tão bem quanto puder e souber para que a mudança ocorra... "(...) na primeira linha deste combate."
      Um Grande, Grande Abraço,
      Ana Paula Fitas

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