sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Da Praxe e da Morte...

Adolescente, li "Porta de Minerva" um livro da autoria de Branquinho da Fonseca onde a descrição da vida estudantil de Coimbra me fascinou... e assustou porque nunca percebi a razão pela qual um estudante universitário tinha que limpar as botas dos seus colegas, apenas por ser mais novo e ter acabado de entrar na "academia"!... Depois, com o 25 de Abril, percebi que o ritual das praxes se constitui como a institucionalização do reconhecimento da legitimidade da hierarquia, independentemente do saber, do mérito e da justiça, apenas enquanto respeito -expressão do medo!- legitimador de uma ordem sem fundamento -como o seria o direito hereditário ao exercício do poder. Pior um pouco: os líderes das "praxes" académicas adquirindo esse estatuto por "antiguidade", ao  invés de promoverem o direito ao reconhecimento do saber, da inteligência ou ao conhecimento materializam, isso sim, o reconhecimento do direito à preguiça e ao autoritarismo gratuito. Por tudo isso, não cumpri praxes, "queimas das fitas" ou similares... Para mim, a vivência universitária implicava a autonomia do pensamento crítico e o afastamento definitivo da obediência cega e da submissão gratuita e acéfala -ainda que mascarada sob a lógica do humor, da "brincadeira", etc... Hoje, perante a notícia e a especulação da morte de 7 jovens na praia do Meco fica, à reflexão de todos, o problema... e a opção por um mundo mais racional, sério, justo e responsável... para todos! Contra a hierarquia gratuita do poder, sem escrúpulos e sem legitimidade a não ser aquela que nós, cidadãos, livres e inteligentes, lhe reconhecemos... ou não!

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