sexta-feira, 26 de junho de 2009

Veto Governamental - ou da Honra e da Vergonha na sociedade portuguesa...

O veto do Governo de José Sócrates à compra da TVI pela Portugal Telecom foi um acto de lisura... independentemente das reacções que determinam a obstinada e cega atribuição de uma culpabilização factual ou fictícia que a sabedoria popular reconhece pela expressão "preso por ter cão e preso por não ter", a atitude do Governo denota a capacidade de enfrentar uma oposição especulativa e provocadora... quando acabou de ser divulgado o aumento do número de casos de "crimes de honra" na Europa e num tempo em que a "geração Berlusconi" se defronta com o preço do seu auto-deslumbramento perante um mercado em que valores e ideias se trocam por marketing e publicidade, promovendo padrões de uma espécie de "tráfico" da imagem, alienante, anti-democrática, corrosiva e capaz de fazer "render" as intenções renovadoras aos paradigmas de uma tradição em que corrupção e concepções de seres humanos como "objectos sexuais" se reeditam como paradigmas de uma universalidade provinciana de mau-gosto, é, indiscutivelmente, significativo.

4 comentários:

  1. Cara Profª Ana Paula,
    Pois, foi de facto um acto de lisura e de prudência...mas deixe que diga...como bem sabe, uma operação da natureza da que pode ter estado ensejada teria sempre de passar o crivo dos reguladores,no caso, a Anacom e a Autoridade da Concorrência, para se aferir da sua viabilidade concorrencial. Questões procedimentais que não se compaginam com qualquer calendário eleitoral.
    Ou seja, só o desconhecomento das regras do direito da concorrência, ou a má fé, podem ter induzido alguns políticos da oposição e certos comentadores a ver "mosquitos por cordas" num negócio que, a concretizar-se, só poderia estar no âmbito dos interesses estratégicos da PT, já que ao Governo em nada podia interessar... pelo menos em termos de "influência editorial", atenta a complexidade e duração temporal de um procedimento como o da aquisição de quotas em empresas com objecto social tão sensível...conteúdos de comunicação social...
    Cumprimentos.

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  2. Correcto, caro Sokinus... porém, o facto não impede que as suspeições tenham sido suscitadas ao mais alto nível e mediatizadas de forma sensacionalista de uma forma que, a não ter tido uma resposta com esta visibilidade, teria custos dificilmente contornáveis em período pré-eleitoral... por antecipação e cientes de que "mais vale prevenir que remediar" o governo soube defender a sua imagem... e essa foi, sem dúvida, a melhor forma de "travar" a dinâmica que estavam a procurar activar...

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  3. Não estou de acordo, Professora. O Sócrates devia dizer que não intervinha num negócio privado entre empresas de bem, que não punha em causa os superiores interesses do País, e ponto final. Continuariam a berrar que ele é contra a linha editorial que permite aquele nojo do jornal da MMG? Que berrassem! Para a História e para o PS, é bom que tenha sido contra aquele arremedo de jornalismo! Perderia as eleições? Eu acho que assim é que as perde!

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  4. Caro José Teles,

    Compreendo perfeitamente a sua argumentação... e concordo, se não tiver em conta os efeitos demolidores que intencionalmente se pretendem provocar com este tipo de insinuações. Penso aliás, que, de facto, para além do protagonismo assumido por Manuela Ferreira Leite, as declarações do PR, pelo potencial efeito que provocaram e de que decorreriam "rios de tinta" e diversos números "do jornal de MMG", deixariam um rasto de suspeições que, neste momento, seria contraproducente ignorar... A fragilidade ou melhor, a vulnerabilidade da opinião pública reside exactamente nesta forma de em tudo acreditar, sem oferta de resistências à pura especulação... ainda mais, quando em períodos de crise se agrava, no inconsciente colectivo, a necessidade de encontrar culpados ou, no mínimo, bodes expiatórios para se exorcizarem as débeis condições de vida das pessoas...

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