quarta-feira, 2 de junho de 2010

Memórias da Revolução - Almirante Rosa Coutinho


Personalidade incontornável do 25 de Abril de 1974, o Almirante Rosa Coutinho é um rosto que se guarda das imagens associadas à Revolução, ao Movimento das Forças Armadas e, juntamente com Otelo Saraiva de Carvalho, ao Conselho da Revolução. Faleceu hoje, aos 84 anos de idade. Da sua biografia, a comunicação social destaca o facto de ter cumprido serviço militar em Angola (onde foi preso em 1960 por um dos movimentos de libertação à época, conhecido por FNLA), onde regressou depois do 25 de Abril de 1974, para substituir o então Governador-Geral em funções renovadas, no papel de Presidente da Junta Governativa de Angola até à assinatura, em 1975, dos Acordos de Alvor, cujo artigo 4º garantia a "independência e soberania plena" de Angola em 11 de Novembro e a propósito de cuja proclamação, disse, no final do seu discurso aos angolanos, o Presidente Agostinho Neto: "(...) Compatriotas camaradas: agora que os trabalhos da cimeira estão concluídos, agora que o Mundo inteiro nos olha com a consideração e o respeito que a nossa luta de libertação construíram, saibamos reforçar e consolidar as conquistas obtidas. Um só povo, uma só nação, defendendo intransigentemente, sem subterfúgios ou ambiguidades a democracia e o direito sagrado de podermos entrar no seio da comunidade mundial com as credenciais conseguidas ao longo de 18 anos de luta. FNLA, UNITA e MPLA unidos, pretos, mestiços e brancos unidos são a garantia para construirmos uma pátria independente para o povo angolano. A vitória é certa!". O Almirante Rosa Coutinho integrou os orgãos governativos portugueses do 25 de Abril, designadamente, a Junta de Salvação Nacional e o Conselho da Revolução, tendo liderado os serviços de extinção da PIDE-DGS e da Legião Portuguesa.

6 comentários:

  1. Este seu texto é uma homenagem merecida a um Homem que ainda terei de conhecer melhor... Para já, escuto quem a ele melhor terá conhecido. Por exemplo, Sousa e Castro escreveu recentemente sobre o almirante no seu livro "Capitão de Abril, Capitão de Novembro" no qual "revela pormenores surpreendentes" de uma pessoa que, diz Sousa e Castro, "foi injustiçada, e alvo de uma campanha por parte dos então regrassados de Angola que o colaram ao que de mal se fez na descolonização".

    Este coronel que substituiu Rosa Coutinho nos serviços de apoio ao Conselho da Revolução e na Comissão de Extinção da ex-Pide/DGS e Legião Portuguesa, diz: "Rosa Coutinho saiu de Alto Comissário em Angola nos Acordos de Alvôr, assinado com os três movimentos de libertação, e não mais teve a ver com a descolonização".

    Revela ainda que nos diversos processos que lhe passaram para a mão quer no Conselho da Revolução, quer na Comissão de extinção da Pide/DGS, e que eram da responsabilidade do almirante, "não havia uma única ilegalidade".

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  2. Muito bem Rogério Pereira!
    Não foram só os retornados que denegriram Rosa Coutinho. Muitos militares portugueses ressabiados e toda a máquina de propaganda do apartheid funcionaram em uníssono...Ele de facto impediu a divisão de Angola e a sua ocupação pelo Mobutu e pelos milhares de mercenários que se preparavam a norte e a sul para transformar Angola em vários Catangas e na extensão do apartheid.
    Convido-o a ler a história que conto hoje no meu blog. Nunca a vi contada em vida do Almirante!
    Abraço!

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  3. José Luís Moreira dos Santos5 de junho de 2010 às 12:20

    Para O alm.Rosa Coutinho

    Quando no rogir da batalha
    me vi envolto em chamas,
    tu estavas lá, de pé.
    Quando num momento de refluxo
    das mais puras ilusões
    olhei em volta de mim,
    tu estavas lá, de pé!

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  4. Caro Rogério,
    Muito obrigado pela útil partilha deste contributo... é importante saber, dizer e transmitir o que "as malhas do império" vão branqueando :)
    Um abraço.

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  5. Caro MFerrer,

    Excelente contributo e excelente esclarecimento para a memória colectiva de uma História que teremos que aprender a ouvir e a estudar sem preconceitos e "parti pris" :)
    Obrigado, meu amigo!
    Um abraço.

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  6. Caro José Luís Moreira dos Santos,

    Receba, sentida e sinceramente, os meus agradecimentos pelas palavras e pelo justo sentir que aqui regista.
    Bem-haja!
    Um grande abraço... e... volte sempre!

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