domingo, 10 de outubro de 2010

Contra o Quê? -ou da Irresponsável Cidadania em Portugal

Pois... grita-se contra o Estado, a democracia representativa, apresentam-se argumentos justos que mobilizam cidadãos e, depois... depois, é isto?!... Triste e chocada, ao ver, 1 hora depois da hora marcada, cerca de 20 jovens, vestidos de preto, sentados, desalentados aos pés de Camões -talvez pedindo inspiração para perceber o sucedido- não posso deixar de registar o erro que comete, quem assim negligencia a responsabilidade social da cidadania!... porque havia, sei agora que nominais!, organizações cívicas a apoiar o evento, organizações que nos merecem respeito mas que, afinal, não deram o sinal efectivo que a causa e a data justificam!... Chegaram talvez uns quantos (ler aqui a crónica de Miguel Gomes Coelho no Vermelho Cor de Alface) que rapidamente desmobilizaram, não sei se agastados, envergonhados ou desinteressados! Porquê? Não sei se por perceberem que não teriam a cobertura mediática das "Holas" e TV's e que o irem "mostrar-se" não seria bem sucedido... não sei! ... mas sei que as organizações que apoiam causas cívicas têm o dever de estar presentes, chova ou faça sol!, para que a mobilização que ainda conseguem se não perca e para, se é que isso lhes interessa!, ganharem a credibilidade pública que a democracia requer e merece! Lamentável!... por todos nós!

8 comentários:

  1. Caríssima amiga Ana Paula Fitas,

    Portugal que foi pioneiro na abolição da pena de morte mostrou que ainda não absorveu a importância da noção de uma cidadania global.

    A caricatura que a Ana nos apresenta é sinal do amorfismo de que nos dá conta, com muita acuidade, neste post. Na verdade, quando se trata de gritar, de reclamar os seus direitos os portugueses, e o Homem Contemporâneo, ganham uma motivação extra, mas quando se trata de exercer deveres de cidadania as reticências e as desculpas são mais do que muitas.

    Esta complexa cidadania também exige sacrifícios e responsabilidades acrescidas, pois se historicamente na I República tínhamos uma cidadania portuguesa, no final do século XX passámos a ter uma cidadania europeia e com a actual Globalização passámos a ter uma cidadania universal.

    Nessa medida, subscrevo completamente a ideia da Ana quando nos diz que a democracia autêntica também passa pelo exercício responsável de uma cidadania participativa cada vez mais exigente. Como em tudo o que é complexo há sempre uma co-responsabilidade para que as dinâmicas sociais de mudança em direcção a um mundo melhor se possam concretizar. Bem haja Ana, por mais este seu lúcido alerta cívico.

    Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
    www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

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  2. Cara Ana Paula Fitas
    A qualidade de vida que se leva retira-nos a capacidade nos insurgirmos contra a morte? Qualquer morte? Ou apenas estamos perante uma sequela do sonambulismo que nos invade?
    Ou será o quê?

    Seja o que for é preocupante...

    Abraço

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  3. Carissimo amigo Nuno Sotto Mayor Ferrão :)
    Permita-me que, aqui mesmo, anuncie e sugira a todos a leitura atenta deste seu texto de excelsa qualidade... como pode um país ignorar as vozes dos que sabem Ser?
    Com elevada estima, consideração e amizade,
    receba o meu agradecimento e as minhas melhores saudações.

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  4. Caro Rogério,
    ... pertinente a imagem do sonambulismo a que acrescento a da "moda", gratuita, efémera e quase inútil de tantos comportamentos artificiais que por aí se exibem... sim, Rogério, além de muito desoladora esta é uma realidade efectivamente preocupante.
    Obrigado!
    Um abraço.

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  5. Estimada Paula, enquanto o mês for mais longo que os ordenados, uma "cidadania responsável" não passa de um luxo. Eu só posso dar aquilo que recebi - quem não recebe também não pode dar, não precisamente por egoísmo, mas mais por não conhecer o que há que dar.

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  6. Estimada Marota :)
    ... tem razão; claro que tem razão. De qualquer forma, as organizações que apoiam acontecimentos públicos e cuja natureza é, indiscutível e assumidamente, a de agentes mobilizadores da cidadania, não podem contribuir de forma efectiva para esta descredibilidade das causas de todos nós e de que se avocam representantes activos.
    Abraço

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  7. Cara Ana Paula Fitas
    Que mais dizer senão que a cidadania e a sociedade de valores parecem estar em falência...
    Abraço amigo e solidário :)
    Ana Brito

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  8. Cara Ana Brito,
    ... não sei se é falência se é negligência provocada pelo auto-centramento corporativo dos próprios activistas - um pouco à imagem do que tem sido escrito sobre os bons serviços do SNS: mais do que um sistema a funcionar, a qualidade e a eficácia dependem da qualidade e do empenhamento humano :)
    Um beijinho amigo e solidário :)

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