segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Manifesto pela Economia - entre a esperança e o desespero...

A sociedade globalizada pela qual clamou, apologético, o século XX e a grande maioria dos seus protagonistas, entrou em colapso económico-financeiro na primeira década do século XXI, ainda que, sob a designação de "crise dos mercados" e a insistência político-financeira da sua classificação como "conjuntural". Contudo, apesar da esperança que os mais leves sinais de recuperação tornam notícia por todo o mundo para, em seguida, voltar atrás reiterando a prudência e as dificuldades, certo é que os problemas se agravam dia-a-dia com maior incidência nos países que, na União Europeia, se defrontam com problemas sérios nas contas públicas. É o caso de Portugal onde a produção e, consequentemente, a exportação e a competitividade não alcançam níveis minimamente satisfatórios para uma necessária e urgente sustentabilidade nacional, sem qual a dependência económica e a dignidade das condições de vida dos cidadãos ficam, cada vez mais, reféns, de um federalismo em desequilibrada construção, dada a assimetria entre países ricos e países pobres que põe em causa os princípios socio-filosóficos estruturais do projecto em que todos apostámos e que conhecemos como Europa Social. Faz, por isso, sentido que as reflexões emanem de cidadãos que pensam os dias que correm (leia-se, por exemplo. o texto de Nuno Sotto Mayor Ferrão no "Crónicas do Professor Ferrão...") e que grupos especializados avancem com as análises indispensáveis ao esclarecimento da opinião pública. É o caso do MANIFESTO DOS ECONOMISTAS ATERRORIZADOS que, traduzido por Nuno Serra e revisto por João Rodrigues, se destaca, entre outros blogues, no Arrastão. Fica também aqui (com uma imagem de homenagem à evocação da luta política no Brasil em tempo de eleições presidenciais) o apelo à sua leitura e divulgação e o regozijo pela iniciativa da Associação Francesa de Economia Política (AFEP).

6 comentários:

  1. Ana Paula Fitas,

    Que pena o MANIFESTO DOS ECONOMISTAS ATERRORIZADOS não ter acontecido há mais tempo... Tem matéria de pertinente contraditório aos pressupostos dos nossos economistas "encartados". Pessoalmente, não me limitarei à divulgação do texto. Tentarei descodificar alguma linguagem mais técnica para o tornar mais acessivel à pessoa comum (embora o manifesto já faça um esforço nesse sentido). Vamos ver se o consigo vencendo as minhas próprias limitações...

    Abraço

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  2. Rogério,
    Tem toda a razão... não devemos limitar-nos a divulgar este manifesto; devemos, isso sim, descodificar e transmitir o muito de pertinente para que, conscienciosamente, nos alerta. Obrigado, caro amigo. Vou tentar fazer o mesmo!
    Abraço.

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  3. Caríssima amiga Ana Paula Fitas,

    Agradeço à Ana a alusão lisonjeira às minhas reflexões que não teriam sido possíveis sem o tributo intelectual da Ana nos seus posts, das leituras que tenho feito de obras interventivas de Vitorino Magalhães Godinho e de Mário Soares e de outros autores que seria exaustivo citar.

    Na verdade, os problemas da economia Global são de natureza estrutural e decorrem da falta de um sistema equilibrado de pesos e contrapesos que se compagine com a Ética e com as reais actividades produtivas, porque as ilusões especulativas distorcem o sistema e alimentam os mecanismos fraudulentos...

    A Europa Social em que acreditamos, em crise demográfica e de estratégia política, não tem facilitado a vida aos Europeus, e em particular aos países do Sul devido à falta de modernização das estruturas produtivas e de mentalidade. Esta situação tornou-se tanto mais gritante quanto a emergência das novas potências, em particular da China, não assenta em pressupostos laborais de respeito pelos Direitos Humanos.

    Vou ler com atenção o Manifesto dos Economistas Aterrorizados, traduzido por Nuno Serra e revisto por João Rodrigues, até porque conheço a sensibilidade social deste especialista em assuntos económicos. E, talvez, depois venha a juntar mais algumas observações.

    Saudações republicanas de cordialidade e fraternidade, Nuno Sotto Mayor Ferrão
    www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

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  4. Caríssima amiga Ana Paula Fitas,

    Vou ler ainda com mais cuidado o pertinente Manifesto dos Economistas Aterrorizados que li de forma apressada, mas verifiquei a justeza de boa parte dos raciocínios que nos apresentam.

    Assim, não nos devemos deixar enganar pelos engodos sofísticos das cartilhas neoliberais que permanecem na moda desde as batutas de R. Regan e M. Tatcher. Na verdade, a origem dos males desta Globalização, desenfreada e imoderada, está nos meandros especulativos.

    Dizem os economistas deste lúcido Manifesto que a resposta política de austeridade para a crise económica levará a agravar a situação de crise social. Deste modo, o atoleiro em que a Europa se encontra deriva dos falsos pressupostos em que se firmam as políticas económicas. Isto é, as políticas económicas actuais assentam em "terrenos movediços" dos meandros das finanças.

    Saudações republicanas de cordialidade e fraternidade, Nuno Sotto Mayor Ferrão
    www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

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  5. Curiosa coincidência: quer o texto da Ana Paula quer o do Manifesto, "prescindem" de materializar o que se quer dizer exactamente quando se argumenta "sustentabilidade". Mas isto é apenas uma embirração minha...:)

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  6. Cara Ana Paula Fitas
    "Entre a esperança e o desespero" podemos dizer que todas as relações, todas as leis, são aplicáveis somente a certos períodos estruturalmente homogéneos, ou seja, compreendidos entre duas fronteiras estruturais. Temos as variações do rendimento real, índices de desenvolvimento e índices de depressão que marcam ciclos e permitem desenvolver correlações positivas e negativas em função dos movimentos de concentração económica e a compatibilidade das estruturas sabendo que as variedades estruturais dos sistemas económicos nem sempre correspondem a formas de organização optimizadas, assim como o grau de intervenção do Estado na economia também depende das diversas formas de mercado, dos tipos de sistemas monetários, dependendo essas próprias estruturas dos mobiles fundamentais da actividade económica. Quando não há correspondência entre democracia económica e democracia política, então, há mesmo fatalismo.
    Abraço amigo :)
    Ana Brito

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