sábado, 9 de outubro de 2010

Obscenidades Públicas...

Os cortes salariais até 10% anunciados para a Administração Pública como uma das medidas de austeridade chegam, no caso dos gestores públicos, a quantias que ascendem aos 42.000 euros. É justo? Sim, claro que é justo que o Presidente da TAP veja reduzido em 42.000 euros o vencimento que aufere, como é justo que, no caso do Presidente da CGD, o valor da redução seja de 33.000 euros e que, casos como os dos Presidentes da Estradas de Portugal e da RTP, representem reduções da ordem dos 25.000 euros. O que é obsceno é o valor dos vencimentos que o erário público paga a estes gestores públicos: 420.000 euros ao Presidente da TAP, 330.000 euros ao Presidente da CGD ou cerca de 250.000 euros aos Presidentes da Estradas de Portugal e da RTP. As perguntas que se nos colocam, perante a inequívoca obscenidade, é: que valor da força de trabalho vale e merece estes montantes pagos pelos contribuintes que auferem salários médios dos mais baixos da Europa e onde o salário mínimo não chega aos 500 euros? Como se pode assumir a efectividade dos cortes na despesa pública destacando a redução salarial dos trabalhadores, agora públicos e daqui a pouco também entre os privados, congelando pensões e ordenados médios e aumentando as condições de empobrecimento e desemprego da população, quando parte significativa do erário público paga salários milionários a gestores e burocratas que, espante-se!, se não envergonham do que auferem, no contexto da sociedade em que vivem? Mais: como pode justificar-se perante os mais desfavorecidos a própria redução da despesa pública sem atender à eliminação de despesas correntes, inúteis e verdadeiramente obscenas, como é o caso dos 220.000 euros em jantares de celebração por ocasião dos 160 anos das Finanças, dos 150.000 euros da celebração do 20º aniversário da ANACOM, dos 90.000 euros do aniversário da CMOeiras ou dos 34.000 euros gastos em cartões de Natal e outros "diversos" pelo Ministério da Agricultura?!

21 comentários:

  1. O meu único comentário é o vómito! Mas, para não ser tão "orgânico" lanço um concurso de ideias com um único tema: Cortar despesa onde? Abraço.

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  2. Fernando,
    Obrigado :)
    ... realmente, para os cidadãos comuns é difícil -e, às vezes, praticamente impossível!- cortar quando já se tem tão pouco... quanto aos gastos público, sugiro, para já!, as tais despesas e outras suas recorrentes; para além disso, proponho a inflexibilidade de um tecto para todos mas, mesmo todos!, os vencimentos e pensões acima dos 5.000 euros!... e... passo a palavra ao próximo proponente.
    Abraço.

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  3. São valores obscenos. Para essa gente deveria ser um corte de 20%, estamos numa emergência, além de que seria uma questão de respeito pelos que vão ter de fazer sacrifícios com o salário mínimo.

    Beijinho

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  4. A isto se chama: socratismo. A variante lusa soft do putinismo.

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  5. Concordo, Ariel... era o mínimo!
    Beijinho :)

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  6. Caro Anónimo,
    Permita-me que expresse a minha consideração sobre as suas palavras, dizendo que, com sinceridade, penso que se trata de uma afirmação fácil que não indicia sequer a causa objectiva do problema e não aponta caminhos...
    Obrigado.

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  7. Acho, na minha modesta opinião, todo o leque salarial devia ser revisto.
    Não é admissível que no país da Europa com os mais baixos salários na base, tenha no topo os mais altos salários da Europa.
    Para que toda a sociedade portuguesa tenha força anímica, para poder evoluir é necessário uma maior equidade na distribuição da riqueza produzida.
    TC

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  8. Caro TC,
    Porque a equidade é fundamental ao equilíbrio e à coexistência social pacífica, é fundamental, como bem diz!, atender e cumprir uma mais adequada "distribuição da riqueza produzida"... por isso, tal como o TC, penso que "todo o leque salarial devia ser revisto" e que esta medida, ao contrário do que poderão argumentar, não implica qualquer tipo de demagogia mas, isso sim, pleno uso da consciência e da responsabilidade social.
    Obrigado pelo bom contributo, TC. Volte sempre :)

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  9. Mas o Povo Português merece isto e muito mais... basta ver como votou, e pior que tudo, como pensa votar no futuro próximo...
    Para mim... só têm aquilo que verdadeiramente merecem... Não têm a coragem mínima de tentar a mudança, e não estou a falar de nada transcendente, falo apenas de fazer uns riscos em formato de cruz... mas sem ser nos mesmos cavadores do costume...
    Enquanto forem assim... aguentem!!! E pensem sempre positivo "Podia ser pior!!!!!"

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  10. ...gosto do jogo A Batalha Naval e de Leilões...

    ...proponho o Leilão desses mostrengos anfíbios, Tridente e Arpão...sabemos as coordenadas, a base de licitação será da responsabilidade das entidades competentes e entendidas nestes assuntos...mas não deixo de deitar ao vento qualquer coisa em biliões...

    ...prometo que revelo coordenadas de meu pequeno bote...

    Abraços de aspirante a marinheira ;)

    Saravah

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  11. Caríssima amiga Ana Paula Fitas,

    Concordo inteiramente que estes exemplos que nos apresenta são verdadeiras obscenidades públicas, como a Ana nos diz com muita razão. Faz falta uma Ética Republicana de Serviço Público que leve os Cidadãos competentes, honestos e sem espírito mercenário a ocuparem os lugares daqueles que só sabem exaurir o Erário Público em gastos supérfluos que retiram a capacidade redistributiva do Estado Social.

    Não espanta, pois, que os cidadãos se sintam indignados, na esteira do apelo que a Ana nos faz, perante semelhantes obscenidades públicas. É um dever de cidadania denunciar estas situações.

    Após o clamoroso défice público que a Monarquia deixou à I República, faz sentido lembrar que os Presidentes da República para residirem no Palácio de Belém tinham de pagar uma renda ao Estado. Havia algum sentido de parcimónia nessa época.

    É, portanto, imperiosa uma Ética Pública para que se possa salvar o "Estado-Providência". Para isso, é necessário que hajam Homens e Mulheres com convicção, competência e uma elevada noção de Serviço Público que superem os caprichos mercantilistas que este sistema internacional, infelizmente, favorece.

    Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
    www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

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  12. Cara Ana,

    estes cortes são para "inglês" ver.
    Que não haja dúvidas, os casos idênticos são aos milhares. Que ainda exista que não queira ver é o que espanta.

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  13. Mas como o Povo tem uma memória mesmo rasca, para não dizer pior, lembro que o Sr. Cavaco Silva, actual Presidente da República e que tão preocupado está com a Dívida, foi um dos políticos que enquanto esteve no Governo mais contribuiu para o aumento da dita... em 1986 quando iniciou funções a dívida era de 11,730 M€, quando acabou o serviço, a dívida era de 52,489 M€... lindo serviço... não?!

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  14. Caro Voz a 0 DB :)
    ... pois... "lindos serviços" os que vão prestando em nome de Portugal e dos Portugueses :(
    Abraço.

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  15. Saravah, Minha Amiga :)
    ... pois... se calhar também me devia ter dedicado a essas artes... mas não... fiquei-me pelo navegar... e neste barco serias Marinheira de Primeira Água ;)

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  16. Carissimo amigo Nuno Sotto Mayor Ferrão :)
    Uma vez mais, o meu sentido agradecimento feito de admiração e respeito, pelo extraordinário texto com que aqui nos brinda - e se me não atrevo a desafiar à publicação deste raciocínio no Crónicas do Professor Ferrão, ouso dizer o quanto lamento o facto de eu própria não ter ainda aprendido a passar os comentários a post's... fá-lo-ia sem reservas, pode acreditar!
    Bem-haja pela lucidez de pensamento e a clareza da expressão!
    Receba as minhas melhores saudações fraternas e solidárias.

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  17. Caro Armando,
    ... eu sei... tens toda a razão... serão "milhares" mas, confesso que nunca se me apresentou tão real o insustentável silêncio perante tão absurda e abusiva prática contra os cidadãos.
    Abraço amigo e solidário.

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  18. Cara Ana,
    É muito díficíl diferenciar pelo rosto, pela simplles aparência, o maior velhaco do mais justo cidadão, mas depois de ouvir um e outro, até eu sou capaz de perceber a diferênça!

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  19. Cara Ana Paula Fitas
    Solidarizando-me com o conteúdo do seu post e, também, se me é permitido subscrevo na íntegra o comentário do Nuno Sotto Mayor Ferrão.
    Abraço amigo:)
    Ana Brito

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  20. Caro José Luís,
    ... as grandes verdades dizem-se assim como o fez com estas suas palavras, de forma simples e inequívoco sentido: no fundo, se "as aparências iludem" o ser revela...
    Obrigado.
    Grande Abraço.

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  21. Cara Ana Brito,
    Somos nós (se me permitem falar também em nome de Nuno Sotto Mayor Ferrão que, provavelmente, ainda não reparou que o seu comentário lhe é, também, dirigido) que agradecemos as suas palavras.
    Um abraço amigo :)

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