sábado, 16 de outubro de 2010

Reacções Cívicas...


A crise é europeia e afecta, de múltiplas formas, todos os cidadãos de todos os Estados-membros. As reacções, imediatas, deferidas ou projectadas em diversos comportamentos, representações e juízos vão consolidando razões e configurando o futuro de um espaço comunitário a que se chamou Europa Social e que se pretende melhor para todos. A incapacidade política da União Europeia pensar e resolver a crise, insistindo na redução de direitos e de qualidade de vida das pessoas, promovendo um programa de acção centrado no corte de despesas independentemente do respectivo impacto social, continua a agravar o sentimento de aproximação ao abismo que atinge indivíduos e famílias... Não se trata de pessimismo; trata-se de consiciência política e responsabilidade social... as evidências estão à vista desde o fluxo de manifestações na Grécia à movimentação social que, desde 7 de Setembro, marca os dias e o pulsar do que, por mais de 200 anos, foi conhecido como o país e a cultura por excelência de defesa dos Direitos Humanos: a França. Vale a pena ver com atenção os mapas das manifestações em território francês dos últimos 40 dias, publicado pelo LE MONDE.

11 comentários:

  1. Cara Ana Paula Fitas, eu vou regressar ao texto do "Manifesto dos economistas horrorizados". Este seu post fez-me lembrar essa agenda...
    (excelente informação a sua)

    Abraço

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  2. É verdade, os franceses estão a ir à luta como se costuma dizer. Tenho conhecimento de familiares em França que vêm para casa às 4 horas da tarde porque não conseguem outros meios para chegarem a casa mais tarde.
    Afinal o que está a fazer Bruxelas para atenuar esta contestação social que ameaça alastrar por essa Europa?!Nada!!!
    Que se danem os trabalhadores, as crianças, os idosos, e toda a gente porque, Eles é que estão certos.

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  3. Interessante que a abordagem destes tópicos dê sempre por garantida a "riqueza" produzida na UE e assuma como principal problema a sua (re)distribuição. Será assim ? Qual o peso da energia importada na formação do PIB Europeu? Veja-se sobre isso os relatórios europeus para a energia. A energia barata é o que tem suportado o modelo social que agora se pretende defender. Mas talvez fosse um exercicio interessante fazer algumas contas ao que seria a "riqueza" europeia se no médio prazo o petroleo dobrasse o seu preço actual, cenário que que tem vindo a ser pintado por "artistas" de diversas origens...E onde há fumo....

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  4. Querida Ana Paula

    Obrigada por nos trazer aqui esta informação. Por cá, vamos ver de que massa somos feitos.

    Beijinho

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  5. Caríssima amiga Ana Paula Fitas,

    Com efeito, a crise Europeia feita de incapacidades de gerir a complexidade desta União alargada, de escassez criativa de políticos e de cidadãos e de falta de elites carismáticas e mobilizadoras capazes de concretizar uma estratégia sólida que permitisse proteger a tão desejada Europa Social tem gerado nas populações Europeias uma enorme crispação social marcada por inquietações e angústias de sentir que "o tempo das vacas magras" veio para ficar por umas quantas gerações. Por isso, é arrepiante ver o mapa das reacções cívicas do país fundador dos Direitos Humanos que a Ana nos apresenta!

    Urge, como já o sublinhei várias vezes na senda de Vitorino Magalhães Godinho e de Mário Soares, mudar de paradigma Civilizacional e de mentalidade. Sem o primado de uma Civilização Humanista, sem uma consciência Ética que afaste individualismos nefastos, sem uma co-responsabilização de todas as partes o barco Europeu continuará à deriva, sem rumo, nem terra à vista e com a tripulação cada vez mais agitada por ausência de um comandante lúcido e corajoso...

    Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
    www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

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  6. Caro Rogério,
    ... voltar ao "manifesto dos economistas horrorizados" é, de facto, uma excelente ideia :)
    Abraço.

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  7. Relógio de Corda,
    É revoltante este autismo do poder travestido de fatalidade que nos obriga a viver cada vez pior... ainda bem que as pessoas não desistem de reagir!
    Abraço.

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  8. Caro Manuel Rocha,
    ... por tudo isso é que urge mudar a lógica de gestão e assumir politicamente que a Economia serve a Sociedade e que as Finanças são apenas um instrumento de organização dessa gestão... enquanto assim não for, permaneceremos escravos de uma ditadura do dinheiro que se serve a si próprio.
    Abraço.

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  9. Querida Ariel,
    ... vamos ver do que somos capazes!... e seria bom que os governantes e que os que aspiram a sê-lo pensassem de igual forma, partindo do olhar dos cidadãos...
    ... mas, se a isso se recusam, sejamos nós a dar nota do que pensamos.
    Um beijinho

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  10. Carissimo amigo Nuno Sotto Mayor Ferrão,
    Obrigado! ... subscrevo na íntegra as suas palavras e reitero o agradecimento por mais este útil e importante contributo.
    Com as minhas melhores saudações

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  11. Cara Ana Paula Fitas
    Completamente de acordo com a sua posição e com os comentários tecidos.
    A França como país da primeira revolução moderna transformou-se na nação onde a luta de classes se esgrime nas ruas e em que os cidadãos já não acreditam no governo, nas reformas e na tão desejada sustentabilidade do sistema (não)vigente.
    Um beijinho amigo.
    Ana Brito

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