sexta-feira, 22 de abril de 2011

Do FMI e da Troika ao Desenvolvimento Regional e à Política Nacional

Enquanto se regista a tendência de subida do PS nas intenções de voto para as próximas eleições legislativas de 5 de Junho e a progressiva tendência de descida do PSD que se pode constatar AQUI e AQUI (voltarei a esta questão no final do texto), a troika reune uma multiplicidade de agentes envolvidos na gestão, no desenvolvimento e no bloqueio da economia portuguesa, fazendo um trabalho que, tal como já acontecera com o PEC IV, o país deveria ter antecipado, conseguindo um consenso para uma negociação do reforço financeiro externo que tanto nos irá custar!... lembrou-o aliás, ontem, Torres Couto numa intervenção na televisão, ao lembrar que em 1983, Portugal falou a uma só voz e se é verdade que os protagonistas dessa altura (designadamente, o governo liderado por Mário Soares, Hernâni Lopes das Finanças, a UGT liderada pelo próprio Torres Couto e a CIP liderada por Ferraz da Costa) tinham um perfil de centro-direita e puderam ser criticados por toda a oposição, exactamente por esse facto, a verdade é que poderiamos ter aprendido alguma coisa e, agora, ao invés da esquerda, em particular PCP e BE, se afastarem do processo de consultas da troika, deveriam participar nestes trabalhos de forma extremamente empenhada!... Porque a verdade é que "contra factos, não há argumentos" e a intervenção externa é já incontornável - razão pela qual o "estado de negação" é simplesmente sintomático de uma patologia depressiva e de uma anomia que, acima de tudo, a todos prejudicará (ler AQUI)... Para quem ainda não analisou e reparou, o problema cultural nacional é organizacional e mental (como já disse F.Pessoa ao escrever sobre "O Caso Mental Português"): não há, na gestão económico-financeira e social do país, vestígio que seja de um efectivo planeamento integrado (daí a completa inexistência de políticas de desenvolvimento regional que, por cá, a classe política local identifica com a defesa dos seus pequenos interesses que, quase sempre, significam um "umbiguismo" provinciano) e, por outro lado, os protagonistas político-partidários não apresentam condições subjectivas (culturais) para o diálogo produtivo, recorrendo à técnica infantil da fuga e do "voltar costas" à discussão (ler AQUI e Aqui). Esperemos que a troika tenha a cultura política suficiente para interpretar de forma articulada e distanciada os diversos e antagónicos contributos dos vários interlocutores nacionais e que, dessa avaliação, resulte a consciência da grave situação social dos cidadãos e um cuidado assertivo na gestão do reequilíbrio das contas públicas que a não agrave mais e mais injustamente!... voltando ao início deste post, felizmente!, os cidadãos revelam manter a inteligência e o discernimento (ver mais um exemplo Aqui)!... porque, por muito que a governação de José Sócrates suscite críticas, um bom resultado para o PS (ser o partido mais votado, por exemplo!) será a única forma de não entrarmos num abismo que nos conduzirá à emergência de uma política autoritária que traz à memória o pior da história contemporânea (ver uma sua evocação AQUI e AQUI), como aliás, já está a acontecer, com a subida da extrema-direita ao poder na Europa, da França à Finlândia. De facto e sem qualquer perspectiva demagógica e menos ainda, dogmática, o pior dos cenários que nos poderia acontecer, seria entregar a governação de um país tão fragilizado como o nosso, a um grupo de políticos que (podendo ser bem-intencionados nas suas convicções literário-ideológicas e partidárias), são de uma infantilidade irresponsável brutal e absurda (ler Aqui, Aqui e, essencialmente, AQUI) que Portugal não merece e que justifica a persistência da participação cívica (sugestão Aqui) já que os cidadãos não podem ser condenados a entrar numa corrida louca para o etnocídio...

10 comentários:

  1. Cara Ana Paula,
    Obrigado pela S/ amável referência e muitos parabéns pelo excelente post de análise política que produziu...
    Abraço,
    OC

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  2. Algumas afirmações carecem, no meu entendimento, de apreciação ao processo que está a ser seguido pela chamada troika. Se chegarmos à conclusão que é um processo democraticamente inquinado (ver editorial do The New York Times) e de faz de conta, como consideram: este texto, do Jornal de Negócios, este seu frequente citado POLITEIA, mas ver também o que diz Saskia Sassen em entrevista ao jornal “i”, então não é fácil (nem muito responsável) reduzir as atitudes do BE e do PCP a meras técnicas infantis de fuga e do "voltar costas" à discussão. Se a discussão é encenada, simplesmente limitaram-se a não embarcar na encenação. Mas como o processo está em curso vejamos a seu tempo o desenvolvimento....

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  3. Cara Ana Paula Fitas
    Não sendo eu um grande estudioso da matéria e não usando "muletas" para justificar opiniões que tenho defendido. Parece-me que entre outras, há uma questão a que sou sensível.
    Sem menosprezar aquilo que os filósofos e teóricos dos séculos 18/20 o mundo não se desenvolveu conforme preconizado. Creio que o grande falhanço dos Marxistas foi o de não ter percebido que qualquer ciência se desenvolve naturalmente e como tal tem que ser analisada e adpatada à respectiva realidade.
    Esta atitude dos partidos de esquerda rege-se pela velha máxima de que "nunca te sentes à mesa com o teu inimigo". O Mundo mudou de facto . O futuro é uma incógnita. Enfiar a cabeça na areia é uma atitude irresponsável, até porque ao contrário da Avestruz os dirigentes políticos têm capacidade para racicionar.
    Abraço

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  4. Caro Osvaldo,
    Sou eu quem agradece as boas e estimulantes palavras que aqui regista.
    Bem-haja!... aproveito para o felicitar por ser candidato pelo círculo eleitoral de Beja! Beja está, por isso, de parabéns e o Alentejo agradece a honra que é, de facto, merecida!
    Um grande abraço com a admiração e a amizade de sempre.

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  5. Caro Rogério,
    Obrigado pelo lúcido comentário que, fazendo todo o sentido, não deixa de nos deixar a justa interrogação sobre se devemos lutar até ao fim, discutindo e expondo ideias ou se é preferível afastarmos de uma discussão que sabemos irá ser prejudicial para a vida dos cidadãos... nunca se deixou de lutar contra o que se reconheceu ser o caminho errado mas, afastarmos da discussão deixa margem ao legitimar do que mais receamos... enfim... o processo está em curso, não há muito a esperar mas quanto maiores forem os esforços de colaboração para lutar pelos interesses de todos mas seguros ficamos da credibilidade que nos merecem os lutadores... porque, Rogério, desistir é o outro extremo de uma aceitação sem reservas e, neste caso, os extremos tocam-se... contra a defesa dos interesses das pessoas e do Estado Social... mas, este é apenas um ponto de vista... preferia uma esquerda envolvida e combativa, a dar visibilidade a argumentos e alternativas do que ouvir e (re)ver a principal das imagens que a comunicação social faz passar: a da simples negação...
    Abraço.

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  6. Nã podem ?

    Jura?

    E lá nas Líbias da margem sul?

    Levam sonhos deixam mágoas
    MILITARES do meu país
    não bebemos mais que águas
    JÁ BENDEMOS OS VInis.

    Se o verde papel NÃO BOTAS
    pede AO MENOS EMPRESTADO
    SE O MILITAR NÃ TEM notas
    BAIS ACABAR FUZILADO

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  7. Caro Rodrigo,
    É exactamente o que penso... talvez por isso lhe agradeça tanto a forma clara e límpida como o disse!
    Bem-haja!
    Um grande abraço!

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  8. Cara Ana Paula,

    Aquilo que chama desistência é uma firme posição politica de não alinhamento com um processo inquinado, não democrático e de cinica disposição para um diálogo. Ou julga que as propostas do PCP e do BE são desconhecidas dos negociadores? Não foi desistir. Foi dar suporte coerente à denúncia da farsa. Aquilo que o editorial do NYT qualifica de antidemocrático apenas tinha uma forma de ser minimizado, perante a rigidez de Bruxelas. O Governo e o Presidente, como instituições democráticas do Estado assumirem a responsabilidade directas das negociações. De outra perspectiva diria que, na actual situação de Portugal com um governo de gestão, a troika posiciona-se, na prática, em seu lugar e não deixará de impôr aos dois principais partidos a corresponsabilização do que vier a "propor". Sabe-o o redactor do NYT, sabe-o o redactor do Jornal de Negócios. Só que os jornalistas (e os bloguistas) não tem que decidir posições politicas e os partidos têm. No fundo, temos não só pontos de vista distintos, temos também cocepções diferentes de ver o jogo democrático. Julgo que é o que estará (também) em julgamento nas próximas eleições e... depois delas. Pois a Democracia não se esgotará no próximo acto eleitoral.

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  9. Caro Rogério,
    De facto, a democracia "não se esgotará no próximo acto eleitoral"; contudo, continuo a defender que não comparecer à mesa de negociações (mesmo quando se consideram e sabem inquinadas) enfraquece a autoridade moral de quem, intencionalmente, se ausenta... porque a questão não está em os negociadores saberem ou não quais as posições do BE e do PCP mas, da coragem em, assertiva e presencialmente, a defender, olhos nos olhos, com dados e argumentos capazes de, a não serem atendidos permitem uma contra-argumentação ainda mais sustentada... são opiniões diversas e o facto do redactor do NYT ou do JN o saberem não anula, do meu ponto de vista, o meu argumento... até porque seria bem mais interessante que esses jornais pudessem apresentar à opinião pública, com detalhe, propostas viáveis de alternativa que tivessem sido expostas na mesa "negocial" e comentassem depois a lógica da sua não-aceitação... para mim, seria mais credível e os cidadãos merecem conhecer de facto os pressupostos que estão em causa e ter instrumentos de avaliação objectivos que vão mais longe do que aquilo que lhes é apresentado como uma mera "negação"... porque "ir lá" não significaria aceitar o contrário do que se defende... bem pelo contrário e independentemente do resultado produzido...

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  10. Ir ao "diálogo" é aceitar a regra do "diálogo"... de quem, sabemos, não quer dialogar... É uma posição, não é a ausência dela.

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