quinta-feira, 29 de setembro de 2011

As Valas Comuns da Nossa Memória...


Nas terras áridas de Jerez de la Frontera, no sul de Espanha e a pouco tempo de distância da fronteira portuguesa, foi descoberta mais uma vala comum com cerca de 600 corpos de vítimas do franquismo (ler aqui) cujo número de desaparecidos está estimado em cerca de 114.000. Após a descoberta, em 2008, de mais cerca de 2.840 corpos na vala comum encontrada na região de Málaga (ler aqui), o caso de Jerez de la Frontera é considerado um dos mais importantes contributos para o resgate da memória das vítimas da ditadura que, é bom lembrar!, provocou e continua a provocar danos até entre os que procuram a verdade... como foi, há bem pouco tempo, o caso do juiz Baltazar Garzón que se empenhou no reconhecimento das violações dos Direitos Humanos levadas à prática pelo Estado franquista (ler AQUI). A realidade da crueldade histórica do nosso passado recente não nos confere o direito ao esquecimento ou à relativização colectiva dos crimes de Estado que, inscritos no espaço e na memória das nossas populações, fazem parte de um património que é preciso reconhecer, condenar e resgatar para que se não repitam as tentações autoritárias que se legitimam sobre a tortura, a perseguição e a morte. 

5 comentários:

  1. Não podia estar mais de acordo. O passado é para se manter vivo, nada passa sem consequências. De resto, não me agrada a ideia de relativizar, seja o que for.

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  2. O mais extraordinário é ainda haver pessoas (e penso que a sociedade espanhola esta muito dividida) que defendem o franquismo. Infelizmente a cegueira em nome de uma ideologia faz perdoar os pecados dessa mesma ideologia. Seja ela de direita ou de esquerda.

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  3. Olá Sandra,
    ... obrigado pelas palavras justissimas que subscrevo sem reservas e de que, pela extensão do seu significado, destaco: "nada passa sem consequências".
    Um abraço.

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  4. Olá Bruno,
    ... é verdade que a sociedade espanhola está muito dividida apesar de ser profundamente estranho que as pessoas não sejam capazes de discernir a crueldade do direito à diferença, designadamente, ideológica... obrigado pela partilha da boa reflexão.
    Um abraço.

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  5. E pensar que os algozes viveram tranquilamente o resto das suas vidas, e que ainda têm adeptos, é ainda mais perturbante.

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