domingo, 25 de janeiro de 2009

Tentações - entre a honestidade e o escândalo

"(...) Ora, dois homens que tenham de caminhar juntos durante duas ou três horas seguidas, mesmo imaginando que seja grande o desejo de comunicação, acabarão fatalmente, mais cedo ou mais tarde, por cair em contrafeitos silêncios, quem sabe mesmo se odiar-se. Algum desses homens poderia não ser capaz de resistir à tentação de atirar o outro por uma ribanceira abaixo. Razão têm, portanto, as pessoas que dizem que três foi a conta que deus fez, a conta da paz, a conta da concórdia. Em três, ao menos, um qualquer poderá estar calado durante alguns minutos sem que se note demasiado. O pior é se um deles que tenha andado a pensar em eliminar outro para lhe ficar com o farnel, por exemplo, convida o terceiro a colaborar na repreensiva acção, e este responde, pesaroso, Não posso, já estou comprometido em ajudar a matar-te a ti.(...)" (José Saramago in A Viagem do Elefante).

Assim, por precaução recomendada pela sabedoria e o bom-senso, de igual modo, quando duas partes trazem a público assuntos que põem em causa a integridade das pessoas, é avisado falar com outros intervenientes... de preferência, vários... para que o juízo e o resultado do falatório se aproxime mais da verdade, da transparência e da justeza do que da injustiça, do ruído e do espectáculo.

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