sábado, 8 de agosto de 2009

O Sudão, afinal, está vivo!


A discriminação sobre as mulheres e os Direitos Humanos continuam como uma das frentes da batalha que todos travamos diariamente por todo o mundo. Da violência doméstica que, finalmente!, alcançou visibilidade na opinião pública aos crimes de guerra que justificaram o alerta de hoje do Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban-ki-Moon, as mulheres continuam a ser as maiores vítimas dos atentados contra a liberdade e a igualdade. No Sudão, uma jornalista, Lubna Ahmed al Husein, foi chicoteada 40 vezes, em sinal de humilhação pública, por usar calças. O castigo, inicialmente imposto de 10 chicotadas, foi aplicado a um grupo de mulheres que conversavam, vestidas com trajes ocidentalizados e considerados vergonhosos pela sociedade sudanesa que há cerca de 30 anos está sujeita à chamada "lei islâmica"... as mulheres podiam escolher ser chicoteadas uma dezena de vezes, de imediato, no acto de "flagrante delito" ou não aceitar o castigo, expondo-se à possibilidade de serem chicoteadas publicamente mais tarde 40 vezes, em caso de não obterem anulação da pena (ler AQUI). Foi o que escolheu a jornalista que, felizmente!, foi agora objecto de uma manifestação de solidariedade realizada no próprio Sudão e de que se pode ler um relato AQUI... Um castigo que acabou por servir uma boa causa. Obrigado, Lubna! A tua coragem serviu para mostrar que, afinal, o Sudão está vivo.

4 comentários:

  1. Pelo que se passa no Sudão somos todos responsáveis Ana P..

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  2. Jeune Dame,
    O argumento da responsabilidade anónima e colectiva não chega para ajudar os sudaneses nem outro qualquer povo do mundo a resolver os seus problemas... nem sequer nos ajuda a nós porque, de facto, o Ocidente ergueu-se civicamente a clamar pelo Darfur e a voz da sociedade civil tem tido, nos últimos tempos, improtância para a recondução de alguns casos de violência e violação dos Direitos Humanos... contudo, naturalmente que, se pensarmos em termos de dimensão política, todos "nós" teremos muito maiores responsabilidades... mas, essa é uma dimensão que temos que ir resolvendo no dia-a-dia das políticas nacionais para que haja expressão coincidente entre a actuação governativa e a reivindicação cívica... por isso, considero da maior importância o facto dos sudaneses, reféns da sua própria organização política, terem tido a coragem de vir para a rua expressar solidariedade à coragem de uma mulher, a jornalista Lubna Ahmed al Husein. E sei que a Jeune Dame também... Abraço

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  3. Cara Ana P.,
    Concordo consigo: "O argumento da responsabilidade anónima e colectiva não chega para ajudar os sudaneses". De qualquer modo, quando diz que: " o Ocidente ergueu-se civicamente a clamar pelo Darfur" fico reticente..É como se estivessem condenados, a priori, pela divisão interna dos seus próprios estados.. a luta pela afirmação constante das diferentes "religiões" é quase acívica daí que se tenham tornado: "reféns da sua própria organização política ". Que ninguém se esqueça de Lubna Ahmed al Husein e também destas vozes: http://www.youtube.com/watch?v=5m-K2fkX-nI&feature=channel. Quanto às políticas nacionais.. talvez seja melhor nem comentar, é precisamente nesse "núcleo" que falta um argumento ENCARNADO DE RESPONSABILIDADE! Grande abraço (deixo o meu e-mail: jeunedamedejazz@hotmail.com e um sorriso).

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  4. Jeune Dame,
    Obrigado pelo desdobramento perfeito da referência à questão do "reféns da sua própria organização política" nos vectores:"divisão interna dos seus próprios estados", "afirmação constante das diferentes religiões quase acívica" e ao núcleo "semi-cara-pálido" das políticas nacionais... Um grande abraço com :)

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