terça-feira, 31 de maio de 2011

Leituras Cruzadas...

Apesar do que ocorre a muitos dos que, desinteressada e honestamente, observam criticamente os tempos que correm, sem reconhecerem objectividade, justeza e adequação às necessidades sociais, nos argumentos, nas estratégias e nas medidas disponibilizadas pelos programas partidários (leia-se o texto de Fernando Cardoso no Ayyapa Express) , nomeadamente num contexto em que a própria "ajuda externa" tem vindo a denotar resultados insatisfatórios e em que, no plano nacional, os aparelhos partidários não garantem (pelo menos, na maior parte dos casos!), o recurso a critérios que garantam a qualidade e o mérito requeridos aos potenciais representantes dos cidadãos   (leiam-se os textos de JM Correia Pinto no Politeia), o facto é que temos eleições no próximo dia 5 de Junho e que do resultado eleitoral desse dia dependerá o futuro próximo dos portugueses... ora, se é correcta a alegação de que o próximo programa de Governo está configurado pelo estabelecido no Memorandum que os 3 maiores partidos assinaram com as instâncias financeiras internacionais, a verdade é que, nas eleições do próximo domingo, o que está em causa é a escolha dos métodos a adoptar para executar o acordo entre Portugal e a chamada troika, quer seja no que se refere ao cumprimento do agendado pagamento da dívida externa, quer no que respeita à forma como irão ser orientadas as políticas para o incentivo à economia  (leia-se o texto de Ana Gomes no Causa Nossa, a citação de Vital Moreira por Miguel Abrantes no Câmara Corporativa) ... e, acreditem!, há diferenças nos modos de execução dessas rigorosas linhas orientadoras da gestão política que, podendo até não ser muito evidentes à partida, farão toda a diferença no Portugal do futuro... Falamos da Escola Pública, da sua qualidade e equitatividade social, da qualidade e extensão do Serviço Nacional de Saúde, da garantia pública da não privatização da Caixa Geral de Depósitos, da defesa da Segurança Social para Todos e da preocupação com os direitos fundamentais dos cidadãos... mas, falamos também do tipo de políticas de emprego a seguir que podem -ou não- acentuar mais e mais gravemente a já preocupante "flexibilidade", ao ponto de institucionalizar a precariedade como o mecanismo mais moderno do mercado laboral, tornando cada vez mais invisível a dimensão do crescimento do desemprego, aumentando os preços dos serviços de apoio social a crianças e idosos em particular no sector público, como incentivo a uma maior aposta no privado, etc., etc., etc... Deixo à consideração do leitor a panóplia de medidas criativas que as entidades patronais não vinculadas à Concertação Social vão requerer, adoptar e reivindicar e os argumentos precários que o neoliberalismo vai invocar para os legitimar... Acontece que o preço da opção do próximo domingo é, ele próprio, um preço precário, bem ilustrado na difícil "descolagem" das intenções de voto entre os dois partidos que, em regimes democráticos representativos como o nosso, tendem a disputar a vitória e a viabilizar alianças que podem caracterizar ideologicamente eventuais maiorias parlamentares (veja-se a recente publicação de Weber no Mainstreet)... Numa Europa e num país onde assistimos a tomadas públicas de decisões que comprometem e envergonham os mais elementares princípios da ética democrática e humanista (leiam-se os textos de MFerrer no Homem ao Mar, de Filipe Castro no Esquerda Republicana e de F. no Jugular -onde também vale a pena ler o texto de Rui Herbon), penso que não podemos ficar descansados nem sobre o presente, nem sobre o futuro, deixando-os ao "acaso" - a que me sentiria condescender, se preferisse não participar no acto cívico que se aproxima!... E é por isso que vou votar!... para não me ficar na consciência o peso do pior!    

2 comentários:

  1. Dizia-me uma senhora de 70 anos há dias: sabe, na minha terra havia três irmãs, uma chamada Caridade e outra Esperança, estas duas já morreram só já nos resta a Fé!… ao que respondi: sabe, quando era mais criança, o meu desenho animado preferido era o Pinóquio. Apesar de grande trapalhão, muito grande mentiroso, muito muito grande aldrabão e grandessíssimo ilusionista, no final da história acaba por transformar-se em menino de carne e osso...tenha Fé , Esperança, Confiança e um enorme coração para acreditar!

    Abraço
    M.José

    ResponderEliminar
  2. ... e pronto!:))) ... mais uma vez, sem palavras!!!! quem traz no coração a metáfora, vê em cada esquina a história do mundo - até na versão contada Às crianças!... para que todos percebam, reflictam e Sejam maiores que a nossa efémera individualidade... obrigado, Zézinha! Muito, muito obrigado!
    Um beijinho

    ResponderEliminar