quinta-feira, 23 de abril de 2009

Dos Livros e da Crise...


Hoje é Dia Mundial do Livro!... Portugal, com um dos mais baixos indices de leitura da União Europeia, ouviu hoje notícias que, entre referências de vários editores que explicam o facto em função dos elevados preços dos livros por razões que decorrem da pequena dimensão do mercado livreiro nacional, pode, uma vez mais constatar a adequação da imagem da "pescadinha de rabo na boca"... uma vez que o mercado é pequeno porque se lê pouco! ... A constatação merece a nossa melhor atenção nomeadamente porque as formas que têm vindo a ser desenvolvidas para incentivar a leitura não produziram os resultados esperados; disso é exemplo a campanha "Ler Mais" que obteve uma visibilidade nacional superior ao que é habitual quando se trata de questões culturais... portanto, há, seguramente, razões de outra ordem que justificam a persistência deste comportamento e, se a questão dos preços é uma delas, devemos pensar no actual contexto de crise cujos custos são já demasiado elevados para a generalidade dos cidadãos e que, segundo os dados divulgados ontem pelo FMI, serão ainda agravados em termos de efeitos, nomeadamente, ao nível do desemprego, do PBI e do défice. Por tudo isto, seria bom que os protagonistas políticos portugueses, ao invés de reduzirem a sua intervenção ao "apontar o dedo" à governação como "bode expiatório" de uma crise que nos transcende a todos e para a qual ninguém tem, até agora, "receitas milagrosas", investissem as suas energias na criação de soluções capazes de atenuar os custos sociais desta crise que ameaça, com particular destaque pelas razões apontadas no início deste post, o consumo cultural... para que as crianças de hoje não tenham no futuro que responder como o meu amigo Alberto, quando lhe perguntaram qual o livro que mais o marcara em toda a sua vida: "O livro dos fiados!"...

5 comentários:

  1. Essa está mesmo muito boa...!O livro que marcou o nosso Amigo Alberto...foi o "Livro dos Fiados"...
    Se tivesse optado por esse título no post, era mais um "slashdot"...Abraço, que tenho de ir à mercearia...

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  2. Um abraço, Sokinus... obrigado!...sim, "Livro dos Fiados" teria sido um título muito melhor...

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  3. Só para "brincar" um pouco: hoje dia Mundial do Livro comprei na FNAC um livro de Baudelaire (ainda que seja em francês) por 1.50e e outro de R. M. Rilke pelo mesmo preço...Então, o que terá de mudar?!Não serão apenas os "preços" dos livros..mas se venderem "kists" para mudar "alminhas" talvez isto possa mudar noutros aspectos...Relativamente à campanha "Ler Mais" tem tido resultados muito positivos, mas penso que, o problema não está no preço dos livros...está naquilo que se entende por formação...

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  4. Ler mais não...ler melhor!

    Para que serve ler a maior parte das «bestas céleres» (como lhes chamava Alexandre O'neill)? Conheço algumas pessoas (colegas de trabalho infelizmente) que têm vastas bibliotecas de iniquidades: Dan Brown, Margarida rebelo pinto etc e tal e mais uma chusma de livros com t´tulos começados por «10 maneiras de...» ou «como ..tal e tal»...

    Fartam-se de ler mas não têm sentido crítico algum, não processam a informação ou sequer a transformam em conhecimento, não sabem fazer a crítica das fontes, têm um leque lexical de 100 palavras...

    E, quando por pura maldade, lhes pergunto o que acharam do livro que leram levo sempre a mesma resposta: «Fantástico!»

    Por isso acho que mais do que se ler mais é necessário ler-se melhor.

    Não lhe parece?

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  5. Obrigado pelo seu comentário com o qual concordo em absoluto, Luísa... a questão é uma questão de critérios e objectivos a que se não responde com quantidade mas, isso sim, com qualidade.

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