sexta-feira, 24 de abril de 2009

Leituras Cruzadas...

Em vésperas de celebração dos 35 anos do 25 de Abril, faz sentido equacionar comparativamente no que pensámos que a democracia mudaria na sociedade portuguesa e, de forma mais alargada, na qualidade de Democracia de que usufruimos na Europa e no Mundo... Enquanto se conhecem as práticas de tortura que, até há bem pouco, se praticaram nos EUA (ver o texto de Ana Gomes no Causa Nossa) com a caução política de alguns primeiros-ministros europeus de então que, a partir da chamada "Cimeira da Vergonha" (dos Açores, "se bem se lembram"!), apoiaram Bush na sua inominável cruzada contra o Iraque, relembrar a política portuguesa anterior a Abril de 1974 é, pelo menos, necessário... para que as pessoas e nomeadamente, as novas gerações compreendam o que significou para o país, por um lado, a Guerra Colonial que afectou transversalmente toda a sociedade portuguesa e, por outro lado, a PIDE, polícia política que controlava e penalizava cruelmente a partir da suspeição e da denúncia, encontrando na Mocidade Portuguesa um facilitador para a delação e a legitimidade ideológica dos procedimentos do regime (leia-se o texto de João Abel de Freitas no PuxaPalavra). A memória é, de facto, relevante... porque sem ela se procede ao branqueamento da História e o presente perde consistência no entendimento da sua complexidade (leiam-se os textos de Nuno Novaes Tito no Eleições 2009 e de Francisco Seixas da Costa no Duas ou Três Coisas)... porque hoje, aos olhos de muitos, se torna quase impossível acreditar que, nesses tempos, entre inúmeras proibições, era também proibido, por exemplo, ler as melhores e mais reconhecidas obras da Literatura Internacional, nomeadamente "Ulysses" de James Joyce (sobre a qual vale a pena ler um belo texto de Osvaldo Castro).

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