quarta-feira, 27 de março de 2013

Sócrates, o Agitador...

Gostei de ouvir a entrevista de José Sócrates porque reedita o debate político em Portugal, um país que anda, cinzento e pesaroso, de cabeça baixa e ombros curvados sob o peso da completa ausência de esperança. Penso que corremos o risco de assistir ao desaparecimento do protagonismo da potencial mas invisível oposição que se aguarda (?!) do PS e de ver branquear a atualidade num diálogo acusatório, defensivo e contra-acusatório que não trará vantagens na construção do futuro e alargará a margem de cumprimento de uma legislatura esmagadora... de qualquer modo, Sócrates traz um discurso capaz de ajudar as pessoas a retomarem o pensamento e a crítica política... vamos ver se consegue gerir inteligentemente as suas intervenções, sem ceder à tentação de se repetir na defesa do passado e sem sucumbir aos ataques de que vai ser alvo... e, acima de tudo, se a agitação provocada pelo regresso do espírito narrativo de Sócrates sobe o nível e a riqueza do debate político... porque, afinal de contas, é fundamental sair do pantanoso marasmo que caracteriza os dias... um bom ponto de partida para a revitalização da análise, da opinião e da discussão é, de facto, a comparação do texto original do Memorando e a versão que, entretanto, foi sendo desenhada - tema que deve integrar a problematização da economia política europeia contemporânea, dos mecanismos financeiros internacionais e da sua relação com os Estados e os Países, bem como a reavaliação do papel, da função e da natureza dos conceitos de soberania, independência e interdependência... é pedir demais? ... pois... deve ser... eu sei... mas, vale a pena lembrar que é este o cerne da questão... e que tudo o resto são "narrativas" eivadas de pseudo-ideologias mais ou menos gratuitas...    

2 comentários:

  1. Sócrates em forma

    ressuscitou o cantar do cisne

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  2. Olá, Ana Paula =)
    Já o disse por paragens "facebookianas", de modo que volto a reproduzir o que penso... é óbvio que "ninguém" coloca em causa a "liberdade" (num regime pseudo democrático - leiam-se as entrelinhas da dita Constituição da República) de cidadãos e cidadãs assinarem petições, mas é angustiante que se tenha chegado ao ponto dos partidos políticos (da maioria à minoria) interferirem no conteúdo de um serviço de televisão, ainda, público... mais não há a dizer: lamentável. Um requerimento enviado à Comissão de Ética, Cidadania e Comunicação (por um grupo parlamentar) pelo "passado recente" de um ex-primeiro-ministro foi um sinal do sufoco pelo qual este país está a passar. Trata-se de um 'ex político activo' que ganhou eleições democraticamente e perdeu eleições democraticamente - apenas isso. Por este andar - permita-me a ironia - talvez seja melhor um referendo para que se decida quais os ex-políticos-activos que poderão ser "comentadores"...
    Um grande abraço.

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