quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Contar pelos Dedos... ou Das Falácias para Diminuir a Dimensão da Crise...


Foi hoje conhecida a nova metodologia que o INE vai utilizar para recolher dados sobre o número de desempregados... pressupunha-se uma metodologia aperfeiçoada, capaz de identificar o que, nas anteriores formas de recolha escapou, conferindo aos dados oficiais um desvio mais do que o estritamente necessário para a caracterização do problema... mas, não! Não é isso que o INE vai fazer, expondo sem preocupação alguma de dissimulação da sua precária credibilidade científica, os procedimentos que utiliza para legitimar a manipulação. Assim, a recolha de dados que nos permitirão invocar os números oficiais do desemprego, vai ser realizada através de contactos telefónicos!... Apetece-me dormir e acordar do incómodo pesadelo!... a nova metodologia do INE, para além de assentar na intenção objectiva de diminuir o número de desempregados uma vez que o não-atendimento destes contactos não contabiliza positivamente os desempregados que não atenderem, parte do princípio que os desempregados mantêm telefones fixos, tal como há 10 anos atrás!!!... Por favor, não brinquem mais com os portugueses, readquiram o brio pela credibilidade institucional ou, simplesmente, vão trabalhar para agências publicitárias, campanhas político-partidárias ou no mercado do marketing... mas, tenham a honestidade de não pretender fazer trabalho técnico-científico porque a evidência da manipulação intencional e "a priori" dos dados, lesa a dignidade do país... a não ser que o grau de consciência técnico-científica dos técnicos e dirigentes do Instituto Nacional de Estatística esteja já a um nível tal que não será de espantar que a próxima inovação metodológica seja... contar os desempregados pelos dedos das mãos!... assim, quando se acabarem os dedos, termina a contagem e a crise ficará virtualmente resolvida, para gáudio dos "vendilhões do templo" e infelicidade dos cidadãos condenados não só à pobreza e à miséria mas, também, à mais perfeita invisibilidade!

9 comentários:

  1. De metodologia em metodologia
    até à próxima fantasia...

    (Bom texto, minha cara. Bom texto!)

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  2. Rogério,
    Obrigado pela rima, pelas boas palavras e por aqui ter vindo!... porque, de facto, tudo isto já dá... vómitos (desculpe o termo mas, ainda estou "a quente" de indignação!)...
    Abraço, meu caro. Abraço.

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  3. Fantástico,Ana Paula!
    Realmente ,vale a pena vir aqui.

    Tudo dito.
    Um beijo
    Tina

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  4. Tina,
    Obrigado por estar aqui... o mais tétrico é que ainda há quem veja nas próprias palavras do INE uma justificação razoável para esta "inovação" - como se fosse possível a instituição não encontrar um qualquer semi-argumento para justificar o injustificável!... Isto cansa, Tina...cansa e desmobiliza um país que precisa de confiança e só encontra razões para "voltar costas"...
    Desculpe o desalento - há dias em que a realidade nos ultrapassa a boa-vontade!
    Um beijo

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  5. Textos sempre esclarecedores. Abraço.

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  6. Catarina,
    É bom saber da utilidade do que se escreve... é aí que reside o estímulo à continuidade. Obrigado.
    Abraço.

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  7. Cara Ana Paula Fitas
    Excelente texto e argumentação face a mais um caso gritante e que urge ser corrigido.
    Um beijinho amigo :)
    Ana Brito

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  8. Bem!!! Isto está difícil... e você nem sabe quanto gastaram para chegarem a esta nova metodologia de recolha de dados no séc XXI, mas digna do tempo da utilização do pombo correio, pois se soubesse então é que queria mesmo dormir e acordar do pesadelo!!!

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  9. Cara Ana Paula Fitas

    O paradoxo de Portugal é que nunca Portugal teve gente tão capaz e informada, não fosse esta miséria ética e moral que nos consome.
    Como muito bem diz todos estamos convocados para a "luta", com coragem e entrega desinteressada, da unidade e da credibilidade de nós próprios.
    Esperemos que o INE entenda a nova metodologia como complemento e que os jovens delfins da partidarite de A a Z percebam, que como no tempo da outra senhora há sempre uma voz à nossa beira que nos sussurra!

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